O esporte certo para cada idade

Atualizado em 15 de julho de 2008
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Por Luciane Macias

Muitos pais se perguntam qual a idade adequada para matricular seus filhos em determinados esportes. Para esclarecer melhor essa questão, especialistas de várias modalidades dizem qual a melhor atividade para cada faixa etária.

:: Natação
A natação pode ser praticada a partir da primeira infância, sem restrição de idade. Ou seja, com poucos meses, o bebê já pode se dedicar às atividades na piscina.

Os cuidados ficam por conta da evolução que, inicialmente, é feita de maneira lúdica, com alguma técnica, para só depois partir para o treinamento propriamente dito. O ideal é que as crianças só comecem a participar de competições a partir dos 9 anos.

O volume de treino deve ser adequado à faixa etária e aos níveis de desempenho de cada um.

– Até 9 anos, não devem treinar mais de 3.500 m por treino;
– De 10 a 12 anos no máximo 6.000 m;
– Acima de 13 anos, já pode nadar mais de 6.000 m.

Fonte: Professor Fábio Mauro, foi atleta da seleção brasileira por oito anos, recordista brasileiro e sul-americano (200m peito) e, atualmente, é técnico da equipe infantil do Myrthle Beach Swim Team, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos.

:: Atletismo
A criança desde que começa a caminhar já está apta a fazer atletismo. A idade não determina a performance e sim a forma de execução da atividade. O recomendável é que até os 13 anos os exercícios sejam mais lúdicos, mas sempre trabalhando as habilidades de correr, saltar e lançar.

O programa inicial deve ser simples, mas com ênfase na técnica e na velocidade, em distâncias de no máximo 40 m. A criança não deve fazer nenhum treinamento láctico (onde ocorre acúmulo de lactato) antes dos 13 anos, e os treinamentos aeróbicos não devem passar de dez minutos. Esta fase de introdução é chamada de “mini atletismo”.

O treinador deve ter muita sensibilidade e critérios para trabalhar com as crianças sem sobrecarregá-las. Também fazem parte dos cuidados com os pequenos evitar correr em terrenos acidentados e muito duros, e, de uma a duas vezes por semana, a criança deve correr descalça em terreno macio como grama ou areia fofa para fortalecer a musculatura plantar.

Fonte: Lázaro Pereira Velázquez, mestre em ciências e jogos desportivos pela Universidade de Matanzas – Cuba; coordenador de atletismo escolar da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT); treinador nível IV IAAF e professor dissertante nível I IAAF.

:: Futebol
Aos três anos de idade, já é possível ingressar numa escolinha de futebol para um trabalho mais lúdico. O treinamento mais específico, no qual serão passados os fundamentos do futebol, como chute a gol, passe e domínio de bola, começa por volta dos seis anos.

Ainda que essa criança não tenha o objetivo de subir de categoria e se tornar um profissional, inserir essa atividade na rotina dos pequenos traz diversos benefícios. Isso porque o futebol é um esporte coletivo que contribui para a sociabilização e pela formação do caráter do indivíduo, que precisa respeitar regras e a orientação de seu superior. Além disso, crianças que têm contato com essa atividade tendem a estar mais bem-preparadas para lidar com situações de vitória e derrota.

Do ponto de vista físico, trabalha muito a coordenação, a força, a velocidade e a resistência. Outro benefício é que, por ser um esporte de impacto, fortalece também a formação dos ossos.

Fontes: Cláudio Sparapani proprietário da escolinha de futebol do São Paulo Futebol Clube, São Paulo Futebol Center, e Ricardo Costa Ferreira, ex-jogador profissional e preparador de goleiros do Jabaquara Atlético Clube.

:: Artes marciais
As artes marciais na infância auxiliam no desenvolvimento disciplinar e psicomotor, trabalhando coordenação motora, equilíbrio e a condição cardiorrespiratória.

Todos os golpes são praticados para ambos os lados e esta bilateralidade trabalha o corpo da criança como um todo, equilibrando força, flexibilidade e coordenação.

Além dos benefícios físicos, essa atividade também promove a auto-estima, o controle emocional e a obediência.

A melhor idade para iniciar a atividade é por volta dos sete anos de idade, sendo que até os 13 anos o treinamento deve ser menos intenso no que se diz respeito aos combates. O treinador deverá impor os limites para evitar a sobrecarga de esforço que poderá ocasionar lesões nos pequenos, pois há uma grande ansiedade para as situações de luta.

Fonte: José Roberto Gonçalves Oliveira, fisioterapeuta especializado em acupuntura e quiropraxia, foi campeão brasileiro de luta greco-romana de 1986 à 1991.

:: Surfe
O imprescindível para a iniciação ao surfe é que os pais procurem uma escolinha especializada com equipamentos adequados e que minimizem os riscos. As pranchas utilizadas para esta etapa devem ser feitas de material soft, como o softboard e até capacete.

A partir dos quatro anos de idade é possível iniciar na atividade. Fazer parte de uma turma que esteja na mesma fase de aprendizado é muito importante, assim como a presença e o incentivo dos pais.

O professor deverá ter muita sensibilidade para adequar os estímulos a cada etapa do aprendizado para não causar frustrações e, de acordo com a evolução da criança, observar a necessidade de encaminhá-lo para aulas de natação, para que ele possa passar a rebentação e, conseqüentemente, chegar a uma fase mais avançada do esporte.

A iniciação também pode ser feita na piscina, inclusive isto é aconselhável durante os dias frios. As aulas na praia devem respeitar os horários apropriados, que são antes das 10h e depois das 16h.

Os principais benefícios da prática são a melhora auto-estima, sociabilização, coordenação motora, concentração, força e o fortalecimento do sistema cardiorrespiratório, além de colocar a criança em contato com a natureza.

Fonte: Cisco Araña, graduado de Educação Física – Fefis Unimes, Coordenador da escola radical de surf em Santos –SP, diretor da Cisco Araña Surf School e professsor da disciplina de Surfe na Faculdade de educação física – Fefesp Unisanta, seu último título no surf é de Campeão Brasileiro de Longboard na categoria Super Master.