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Serra da Canastra de bike! Vai encarar?

Certamente, você já leu um artigo ou relato sobre a Serra da Canastra. O que talvez você ainda não saiba é que esta região é um lugar propício para ciclistas ávidos por grandes desafios, e que principiantes do mountain bike têm que pedalar bravamente para concluir os percursos propostos pelo Silveira, organizador desta expedição. 

O Silveira, do alto dos seus quarenta e tantos anos, partiu pedalando com mais quatro: o Rafael, de Ribeirão Preto (SP), ciclista na casa dos vinte e dois, grande conhecedor da região; o Alexandre, de Osasco (SP), de trinta e dois, ciclista em ascensão, ávido por desafios; o Rineu, ciclista/atleta, 2º lugar na última Maratona dos Canaviais, morador da cidade de Monte Alto (SP) e, finalmente eu, Arnaldo, com quase 53 anos na cabeça, professor universitário de língua espanhola, mas na verdade ciclista apaixonado há pouco, por viagens e competições de mountain bike.

A expedição partiu de Ribeirão Preto, a bordo de uma picape, com as bicicletas confortavelmente instaladas no bagageiro adaptado para receber nossos preciosos veículos de locomoção humana.

No trajeto, fomos brindados com um farto jantar em uma churrascaria de primeira, algo que me deixou apreensivo: muita absorção de energia calórica prenunciava trajeto duro. Chegando a Delfinópolis, local de partida da expedição ciclística, o dono da pousada recebeu-nos com todas as mesuras e carinhos, algo costumeiro para os mineiros. 

Manhã da sexta, 29 de julho de um ano qualquer. Após um farto desjejum, o grupo ultimava os últimos ajustes nas bicis, ocasião da primeira surpresa do dia: uma carranca no guidão da bike do Silveira. Para quem não sabe, carrancas são bonecos feitos de madeira por artesãos ribeirinhos, que os põem na frente de uma embarcação fluvial, para protegê-los de não sei o quê. Confesso que achei o maior barato, já que é comum cada ciclista personalizar sua bicicleta a gosto. Pode ver: na loja mesmo, não há quem não comece a mudar alguma coisinha, para a felicidade do vendedor. E não tem jeito, cada um da um toque pessoal à sua “amada”.

Iniciando o pedal, logo de cara, tivemos que encarar, além das longas subidas em estradinha de terra batida, um bom trecho de areião, ocasião em que tinha que “tourear” minha bicicleta, uma Scott MC-10 XT. Cai daqui, cai dali, sinto-me de novo, pequeno diante da imensidão proporcionada pela serra. “Agora, disse o Silveira, nosso guia oficial – vamos subir a Trilha do Céu”, ou algo parecido, que à exceção dos quatro ciclistas bem preparados, foi vencida por mim, com muito “empurra bike”. Ainda bem que o Alexandre levou um tombinho básico, ainda no areião, para equilibrar as coisas.

Claro que num trecho tão duro como o apresentado, pneu furado e avarias tinham que fazer parte do contexto, mas o Comandante Silveira resolvia tudo. Até raios partidos foram contornados pelo “faz-tudo”. Perder-se, nem pensar. O guia conhece a região como a palma da mão. Segundo ele, a Serra da Canastra permite um série enorme de itinerários alternativos. Porém, sem ele, melhor não arriscar.

No meio deste primeiro dia, almoço obrigatório na Pousadinha da Vanda, que segundo ela, é só para amigos, ou seja, comida entre familiares. E fartura, meu amigo. Falando em fartura, foi o que aconteceu ao final do dia, quando chegamos a uma pousadinha caseira já noite adentro. O restaurante, rústico, mas acolhedor, oferecia um queijo branco e torresmo que foram devorados acompanhados por muita cerveja e uma pinguinha da região. Fui dormir rindo até da sombra.

Ah, na Vanda, seu cãozinho de estimação apresentou-se como ajudante do guia, acompanhando-nos dali em diante. E o bichinho pedalava bem, ou melhor, caminhava, pois além de não perder-nos de vista, acompanhava-me, já que sempre eu era o retardatário da turma. Como não tinha nome, resolvi chamá-lo de Barão, mas fui voto vencido pelos demais, que o batizaram como “Trip”. Pode?

Esse segundo dia foi dedicado a riachos e cachoeiras. Passamos, nadamos, atravessamos e fotografamos as dezenas. O destaque foi uma ponte sobre um rio a Indiana Jones, a qual foi cruzada, junto com a bicicleta, somente pelo Alexandre, pois pediram que não me atrevesse. No finzinho da tarde chegamos à tal Babilônia – Vale dos Bernardes, segundo uma faixa estendida no restaurante da pousada que acabaramos de chegar, descriminando uma série de famílias que viveram e vivem no local. Então o de praxe: fotos do entardecer, conversa mineira fora e…, cerveja, graças ao bom Deus.

Domingo, último dia da expedição, tomamos um café da manhã à mineira, isto é, bem cedo, regado a bolinho de queijo, bolo de fubá e outros quitutes da culinária local. Dada a largada, meus quatro companheiros subiam uma maldita montanha em ritmo de competição, já que pedalavam com tanta rapidez, velocidade e habilidade, desafiariam até os ciclistas de elite. Ainda bem que pacientemente o Silveira aguardava-me junto a São Pedro ao final da subida, tamanha era a inclinação, pois parecia que estava subindo aos céus. Amém!

Ainda bem que a todo cristão (ou ciclista), sempre está reservado um momento de glória. Neste último dia, voltando a Delfinópolis, o Silveira disse que seria melhor escalarmos uma montanha, assim evitaríamos um bom trecho de areião. Então, bike nas costelas, subimos uns trezentos metros mais ou menos, ocasião em que ultrapassei humildemente a um dos concorrentes, digo, companheiro de expedição. Confesso que no momento até pensei em largar o ciclismo de aventura e às competições, para dedicar-me ao trekking, pois foi à única vez que “cheguei junto”. Levantou o moral, camaradas.

Meio da tarde, em Delfinópolis de novo, chegaram quase todos “zerados”, segundo meus companheiros. Sei lá que significa o termo; deve ser porque chequei cansadão e eles não.

Conclusão: expedição ciclística em grupo é o maior barato. Você ri muito, perde o medo de manobras ousadas, aprende dicas geniais e bebe muita cerveja, isso para repôr os carboidratos essenciais, presentes na “loira” gelada, segundo minha percepção. Também constrói e solidifica amizades e se preocupa pouco, mas muito pouco mesmo. Claro: vocês repararam que esclareci quase nada sobre o roteiro escolhido. Isso é problema do Silveira da Trip Adventure – Multibike. O cara conhece tudo da Serra da Canastra, ou seja, o problema é dele, pois assim, você vai poder divertir-se sem maiores preocupações. A serra é enorme, perder-se parece fácil. Eleger a pousada mais adequada outra tortura.

Na próxima, embarque de cabeça e bicicleta nessa aventura. O resto, deixe por conta do Silveira. Ele e o Trip te cuidam, só cabendo a você curtir o esplendor da natureza, presente na Serra da Canastra. Encontro você lá. E sem estresse.

Vai encarar?

Redação

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