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Mais Gentileza

Outro dia estava entrando no banco quando ouvi duas pessoas conversando enquanto esperavam para utilizar os caixas eletrônicos que ficam na entrada da agência. O assunto era “gentileza”. Aquilo ficou na minha mente até a manhã seguinte, quando logo cedo — praticamente de madrugada — encontramos o grupo para o qual ministramos o treino de ciclismo no campus da USP (Universidade de São Paulo). O número de ciclistas que pedalam no campus é tão grande que por diversas vezes enfrentamos congestionamento de bikes em alguns pontos do trajeto, utilizado por várias assessorias esportivas que ali organizam seus treinos.

Em um desses momentos, ao passar em uma das rotatórias que interligam as ruas dentro da universidade, um amigo, mesmo estando no sentido preferencial, soltou em voz alta um “obrigado” a um pelotão que vinha vindo em nossa direção e desacelerou esperando que o nosso passasse. Logo, comentei: “Puxa, que legal você ter agradecido mesmo estando na preferencial!” Rapidamente, ele respondeu: “Está faltando tanta gentileza neste mundo que se pudermos de alguma forma ajudar a transformá-lo num lugar melhor, devemos fazer a nossa parte!”

Achei interessante e rico o raciocínio e ponto de vista dele. Quantas vezes, ao sairmos de carro — inclusive logo após momentos de êxtase em cima da bicicleta, que só as pedaladas nos oferecem —, nos transformamos imediatamente em gladiadores armados e preparados para guerrear pelas vias da cidade?

Eu, que trabalho diretamente com a bicicleta e quando saio para pedalar faço isso partindo da porta da minha casa na grande maioria das vezes, posso afirmar que já mudamos muito, e para melhor. Isso pode ser percebido pela maior conscientização das pessoas que estão aprendendo a conviver com os que transitam de bike pelas ruas, pelas leis que hoje são mais respeitadas e até por experiências como as ciclofaixas e ciclovias, que têm atraído cada vez mais adeptos a este ciclo virtuoso que a
bicicleta propicia — movimento, saúde física e mental, sociabilização, liberdade e lazer —, criando inclusive maior interação entre as famílias que saem aos domingos para pedalar nas ruas.

Mesmo assim, entendo que ainda temos de continuar evoluindo cada vez mais quanto a essa “gentileza” que nossos ouvidos constantemente escutam por aí, de forma que não só a cultura da pedalada, mas a da cidadania e a do respeito mútuo possam nos ajudar a viver neste mundo num contexto diferente, numa frequência mais leve, e melhor!

Ricardo Arap
É professor de educação física com especialização em treinamento esportivo e diretor técnico da Race Consultoria Esportiva

Coluna publicada na revista VO2 Bike, edição 103

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