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Aquecimento pré-exercício de alta intensidade para ciclistas

Atualizado em 14 de março de 2018
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Exercícios de alta intensidade realizados sem um aquecimento prévio podem provocar anormalidades na função ventricular do coração durante o início da atividade. Entre as formas de aquecimento, podemos citar o aquecimento específico e o geral.

Aquecimento específico x aquecimento geral

O primeiro proporciona um trabalho das habilidades específicas que o atleta irá utilizar durante a atividade principal, enquanto que o segundo serve como uma forma de aquecer o corpo de uma maneira geral, sem o uso de exercícios específicos. Um bom exemplo seria uma pessoa que vai treinar com pesos realizar um aquecimento no próprio aparelho onde realizará a atividade (aquecimento específico) ou trotar alguns minutos antes do início da atividade (aquecimento geral).

Benefícios do aquecimento para ciclistas

Estudos indicam que a intensidade ideal para realizar um aquecimento para ciclismo está entre 60% e 70% do consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo), com duração de 5 a 10 minutos de exercício, pois aquecimentos acima desta faixa possuem maior probabilidade de esgotar determinadas reservas energéticas, enquanto que aquecimentos abaixo desta zona têm se mostrado ineficientes em aumentar a temperatura corporal e assim, promover os efeitos esperados do aquecimento.

Outros estudos mencionam que é possível realizar um aquecimento individualizado a partir do acompanhamento da frequência cardíaca, elevando-a até 80% da frequência cardíaca máxima, evitando desta forma um aquecimento excessivo ou mínimo. Alguns estudos relacionaram a intensidade do aquecimento com o limiar anaeróbico ou de lactato. O aquecimento realizado acima do limiar de lactato provocou uma resposta máxima do VO2 e uma redução na acumulação do lactato. Esta resposta do VO2 deve-se ao fato de ocorrer um aumento no componente rápido e uma redução no componente lento do VO2.

Outras pesquisas relatam que o aquecimento realizado no limar anaeróbico gera benefícios evidentes no desempenho, enquanto que o aquecimento abaixo ou acima do limiar não geraria efeitos positivos sobre o desempenho. Exercícios prévios de sprint provocam alterações similares no VO2. O aquecimento pesado não está apenas associado com a aceleração do VO2, mas também com a saturação do oxigênio muscular.

Outros estudos indicam que um aquecimento sob intensidade pesada ou moderada não proporciona mudanças no tempo para a exaustão durante o exercício, enquanto outros afirmam que o mesmo é eficaz em prolongar o tempo de exaustão. O tempo de fadiga em 100% da potência máxima, segundo estudos realizados, foi maior quando os ciclistas realizaram um aquecimento prévio, sugerindo que o aquecimento prolongou o tempo para a exaustão. Pode-se descrever, entretanto, que outros fatores além da temperatura corporal definem os efeitos do aquecimento sobre o desempenho dos atletas.

O aquecimento pesado ou moderado melhora o desempenho no ciclismo de alta intensidade, sendo que o exercício de sprint como forma de aquecimento, diminui o desempenho, mas não de maneira significativa. O aquecimento pesado e moderado resulta em melhorias na produção de potência em ciclistas e prolonga o tempo para exaustão, tornando-se igualmente eficazes como exercícios prévios à atividade principal, inclusive sobre o desempenho no ciclismo contra relógio, sendo que este desempenho melhorado está associado ao aumento do metabolismo aeróbico.

Outro benefício atribuído ao aquecimento moderado ou pesado é a sua capacidade em aumentar a amplitude primária do VO2, evidenciando que o exercício prévio de sprint leva a redução não significativa no tempo de exaustão durante um trabalho a 95% do VO2 máximo. Outros estudos contradizem a afirmação anterior, mostrando que o exercício de sprint pode gerar uma redução significativa no tempo de exaustão em exercício a 105% do VO2 máximo após 3 sessões de sprint máximo.

Uma das possíveis causas para a não utilização do sprint como uma estratégia de aquecimento é a alta concentração de lactato que ele acarreta. Isso pode influenciar uma redução no desempenho, embora não signifique, necessariamente, que esta seja a causa da fadiga. Se a produção de lactato por si só fosse o fator determinante da fadiga, o aquecimento pesado também deveria afetar negativamente o desempenho.