São Silvestre: muito calor e pódio queniano

Atualizado em 03 de agosto de 2016
Mais em Notícias

Por Fernanda Di Sciascio
Foto Fernanda Bozza

A tarde quente prometia uma corrida com temperaturas elevadas, assim como os ânimos da disputa entre quenianos e brasileiros. De fato, os termômetros marcaram até 33ºC, mas o céu ficou levemente nublado, o que ajudou um pouco os corredores nos quilômetros finais.

Como previsto, a mudança do horário de largada feminina trouxe mais que melhores condições térmicas às mulheres. A emoção extra foi a disputa entre os atletas masculino e feminino. O queniano Robert Cheruiyot conquistou com folga o tricampeonato da prova, ultrapassando a 700 metros da chegada Alice Timbilili, também queniana, campeã feminina. Marizete Rezende, segunda colocada, e Anoé dos Santos Dias, terceiro, foram os brasileiros mais bem colocados na prova.

Sem chuva, os atletas tiveram dificuldades para impor um ritmo mais forte. Mesmo assim, Cheruiyot, tricampeão da Maratona de Boston, campeão da Maratona de Chicago e agora tricampeão da São Silvestre, fez uma corrida perfeita e desde o início confirmou o seu favoritismo.

O vencedor completou a distância em 45min07s – 55 segundos à frente do compatriota Patrick Ivuti, segundo colocado. No feminino, Alice Timbilili também liderou desde o início, mas impôs uma diferença menor para Marizete Rezende, campeã da São Silvestre de 2002: 29s. A brasileira, que chegou a ficar mais de 100 metros atrás da líder, reagiu na parte final da prova, em grande esforço e força de vontade.

Com novas áreas de largada, criadas para dar maior conforto ao número recorde de participantes, a prova foi mais uma vez uma verdadeira festa para os amadores, que representaram 26 dos 27 Estados do País.

Nos bastidores, a pergunta de todos era: onde está Franck Caldeira? Favorito ao título da São Silvestre em 2007, já que na edição anterior o brasileiro foi o campeão, Franck decepcionou ao abandonar a prova no quilômetro 11. Segundo seu treinador, Henrique Viana, a hipótese mais provável da desistência do corredor é a carga elétrica que existe na atmosfera, que pode causar desgaste físico maior do que o normal.

De acordo com Marildo José Barduco, brasileiro quinto colocado na São Silvestre, o ritmo imposto pelo queniano Cheruiyot fez com que muitos atletas de elite “quebrassem” no quilômetro 9. “Foi nesse momento que comecei a minha estratégia de prova e acelerei o ritmo. Consegui um excelente resultado e acabei a corrida bem”.

Entre os corredores amadores, o maior desafio também foi o calor, além da esperada e temida subida da avenida Brigadeiro Luís Antônio, na reta final do percurso de 15 km. “A prova é exaustiva, mas valeu. Senti cansaço, calor e mais cansaço. E a subida de 2 km da Brigadeiro é certamente a pior parte. Mas chegar é ótimo e estarei aqui em 2008”, declarou a professora Jaqueline Nordi, 32, estreante na São Silvestre. Ela aprovou a largada mais tarde das mulheres e a organização da prova.

O casal Márcio Meachiro, 35, engenheiro, e Mônica Meachiro, 31, calígrafa, também estrearam na corrida de rua mais tradicional da América Latina e adoraram cada etapa. “No começo estava muito calor e a água, quente, mas a melhor parte estava lá: o público, em todo o percurso incentivando os corredores. Para nós a subida da Brigadeiro não foi tão ruim e gostaríamos apenas que a corrida voltasse a ser à noite, para ser ainda mais emocionante”, destacaram.

Carlos Antônio da Silveira, 63, supervisor de loja, correu sua 23ª São Silvestre este ano e garante que correrá a vida inteira: “Minha família está no Rio de Janeiro e vou pegar um vôo às 21h para encontrá-los. Apesar da ‘correria’, não deixo de estar na São Silvestre. Correr é um hábito, um grande prazer, e o começo dos meus votos de saúde, bem-estar e integração para o ano que está por vir”.

:: Serviço
83ª Corrida Internacional de São Silvestre – São Paulo
Data:
31/12
Horário: 15h15 (cadeirantes), 16h30 (elite feminina) e 16h45 (elite masculina e geral)
Distância: 15 km
Clima: Quente e ensolarado no início, nublado no final
Temperatura: 28ºC
Umidade: 40%
Postos de hidratação: 5 (4 no percurso e 1 na chegada)
Vencedores:
<masculino
1º – Robert Cheruiyot (QUE) – 45min57s
2º – Patrick Ivuti (QUE) – 46min52s
3º – Anoé dos Santos Dias (BRA) – 47min06s

Feminino
1ª – Alice Timbilili (QUE) – 53min07s
2ª – Marizete Rezene (BRA) – 53min36s
3ª – Maria Zeferina Baldaia (BRA) – 54min43s