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Saindo do sedentarismo

A dificuldade de achar o melhor caminho para sair do sedentarismo tem sido motivo de diversas matérias e palestras mundo afora.

Com o avanço tecnológico e a necessidade de segurar-se no mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, é muito comum nos depararmos com pessoas estressadas, sedentárias, com hábitos alimentares ruins e que dormem pouco.

Quando a pessoa se dá conta disso e quer mudar sua rotina, fica na duvida de por onde começar. Qual atividade pode fazer? Tem que passar por algum tipo de exame físico ou pode sair na rua pedalando aos finais de semana o quanto aguentar?

Conversei com a dra. Fernanda Lima para tirar algumas dúvidas sobre este momento. Fernanda é  doutora em medicina do esporte pela Faculdade de Medicina USP, especialista em reumatologia e medicina do exercício e esporte e diretora da Clínica Move.

Com a orientação da dra. Fernanda, vou ajuda-los a entender o que dá e o que não dá pra fazer e também derrubar alguns mitos em relação ao retorno (ou início) à atividade física.

 

Já ouvi dizer que ser “atleta de final de semana” é pior que ser sedentário. Será que isso é verdade mesmo?

Dra. Fernanda – Há alguns anos atrás, realmente achava-se isso. Que era super arriscado ser Weekend Warrior ou “Atleta de fim de semana”. No entanto, um estudo inglês mostrou que pessoas que se exercitam apenas nos finais de semana têm 30% menos chance de morrer em 18 anos, comparado a um grupo totalmente sedentário, e também têm menos propensão de morrer de câncer ou doenças cardiovasculares.

Na prática, o ideal é espalhar os exercícios durante a semana, mas, se não for possível, é melhor do que não fazer nada. O maior risco do atleta de fim de semana é em relação às lesões de tendão, articulação e músculos, porque está fora de forma, fraco e sem reflexo.

 

Para pedalar regularmente apenas como lazer, preciso passar por exames clínicos?

Segundo dra. Fernanda, os benefícios da prática regular de exercício, se for leve ou moderado, superam os riscos envolvidos da atividade. Portanto, para quem não tem nenhuma doença conhecida ou sintoma e quer começar a se exercitar, já pode procurar orientação especializada para começar a pedalar, ou simplesmente estabelecer uma rotina semanal de pedaladas.

 
Se você tem alguma doença conhecida como pressão alta, pulmonar, problema renal ou apresenta algum sintoma como tontura, dor de cabeça frequente, falta de ar, a orientação é outra. Neste caso é importante uma consulta médica para que, após os exames clínicos, seja decidida qual a melhor prescrição de exercício para você.

 

Quero pedalar com intensidade, fazer treinos longos, neste caso, o que tenho que fazer?

Como você vai submeter seu corpo a altos níveis de stress, é fundamental que tenha um acompanhamento médico específico e exames periódicos que avaliem o impacto do treinamento.

Este acompanhamento é fundamental para evitar lesões ou doença. Hoje, já estão disponíveis em grandes laboratórios vários exames que são considerados ferramentas importantes para um ciclista recreativo que tenha objetivo de alta performance, de acordo com a dra. Fernanda.

 

O que pode acontecer se eu sair do sedentarismo para uma atividade intensa sem nenhuma referência de como está minha saúde?

Nosso organismo tem um incrível poder de adaptação. Não importa a idade. Apenas atente-se que esta adaptação é um processo gradual e deve ser feito aos poucos.

Se você resolve do nada sair do sofá e pedalar 30 km num dia, no outro 60 km e em 15 dias achar que está pronto para fazer uma prova de ciclismo, você estará oferecendo um stress muito grande ao seu organismo, podendo causar problemas ao coração, pulmão, vasos, hormônios, músculos entre outros tecidos.

Portanto, seja cauteloso, faça exercícios progressivos em quantidade e intensidade. Esse é o papel do treinador: Perceber a capacidade de adaptação do seu ciclista.

Existe alguma consequência que não apareça talvez agora, mas, no futuro, desta falta de cuidado com a saúde? Ou é relativo? 

Uma falta de cuidado muito grande que uma pessoa pode ter hoje em dia é ser sedentário. Já foi provado em inúmeros estudos com grandes populações que, quando mais sentada a população fica enquanto está acordada, maior o risco de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, câncer, depressão, osteoporose, osteoartrite.

Essas doenças não vão aparecer agora, enquanto a pessoa está lá, sentada horas na frente do computador, mas sim daqui há alguns anos. Portanto, não é necessário virar uma atleta de alta performance para ser saudável. O ideal é manter-se ativo nas atividades do dia. Andar mais, usar mais escadas, pelo menos reservar 30 minutos por dia para fazer um exercício com uma intensidade moderada. 

Agora que você já sabe por onde começar e quais cuidados deve ter, aproveite seu tempo acordado para movimentar seu corpo. Bons Treinos!

Gisele Gasparotto

Gisele Gasparotto, 38, dedica-se desde 2005 ao ciclismo de alta performance. Em 2015, foi Vice-Campeã Brasileira de Perseguição por Equipes. Em 2017, ingressou no projeto LuluFive (lulufive.com.br). É ciclista da equipe LuluFive Cannondale, com a qual conquistou o 2º Lugar Geral no GFNY do Chile (160 km) e o 5º Lugar Geral (80 km) das duas etapas do Gear Up Challenge. É administradora e mãe da Maria Clara.

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