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Downhill da Vida

Então, essa é a sensação que estou neste exato momento, enquanto lhes (me) escrevo este post.

Estou tendo que tirar uma mão do guidão em plena descida, a milhão! Uaaaaaaaaaaa!!!

Com tanta coisa pra fazer, parar para escrever é como se eu tivesse correndo o risco de perder o controle, ou tendo que desacelerar… Mas eu amo escrever, então neste meu paralelo, vamos supor que eu fiz uma pausa no downhill para ligar pra alguém querido… pode ser?

Enfim… A astrologia deve explicar! Alguma formação dos astros alinhados de maneira XPTO e a energia daqui está no auge. Nunca tive que equilibrar tantos pratinhos! Nunca tanta coisa me aconteceu! Nunca tudo tanto fluiu.

Não, não me entenda mal! Eu busquei por isso! Eu sempre quis isso! Não sou eu uma amante de aventuras? Repórter intrépida? Em busca de descobrir e expandir meus limites? Uau… só nunca imaginei que seria dessa forma, conciliando a carreira como atleta, a carreira da atleta (veja bem, são 2 coisas diferentes) e gerente de marketing.

Não cheguei no topo dessa montanha de teleférico não…. nem de carro. Com certeza não foi por nada motorizado!

Também não tinha rota explicando o caminho. Foi no faro – não o meu melhor sentido, já que demorei para aprender o que é um bom cheiro. Quantas bifurcações erradas… só eu e Deus sabemos. Caminhei demais, mas também conheci lugares novos, aprendi muito sobre várias coisas. Que gosto e que muitas que não gosto.

Se foi de bicicleta que cheguei no alto dela, dessa montanha que estou tendo o prazer de descer, também não foi dessas levinhas, com várias marchas. Estaria mais para uma single speed enferrujada de 30kg, de pneus carecas. Que eu carreguei quando não pude pedalar. Que eu concertei quando ela quebrou. Que me ajudou a escolher novos caminhos, que me protegeu de chuvas de granizo, que passou por tantas incertezas comigo que até ela duvidou de mim. Na verdade, demorei para aprender a usá-la…

Aí, quando conquistei o cume – e que visual lá do topo do mundo hein… E como eu esperei por isso! Eu dancei, me emocionei, cantarolei, sorri muito, gargalhei, agradeci, e dancei mais.

Pisgah Stage Race
A descida começou fluida, gostosa, com curvas em swich backs, campo de flores, céu azul, borboletas, canto de pássaros.

Minha criança interior é a mais feliz dessa história toda! Que criança espuleta que não gosta de um downhill? A minha se delicia!

Aos poucos a trilha foi ficando mais técnica, mais íngreme, com algumas pedras. Nada que eu não domine! Eu adoro isso… ter que buscar a linha, ter que criar uma… só não posso tirar o olho da trilha, o corpo tem que relaxar, mas relaxar o corpo é um exercício intenso, que exige concentração. Não posso esquecer de me hidratar, comer. Mas nada de enrolar, o tempo pode virar, eu preciso seguir.

A vida está assim. Estou em um downhill alucinante, o downhill da minha vida. Um presente divino, depois de tanto esforço e dedicação.

Gratidão imensa, não trocaria esse downhill por nada. Cada esforço para subir, compensado em adrenalina, em diversão, em sorrisos, agora.

Me desculpem a minha ausência no blog – eu só não quero perder nenhum instante deste momento tão mágico. Eu quero pilotar, tirar foto, e cantar, tudo ao mesmo tempo. Sou uma criança adulta em pleno trabalho de surfar uma boa onda.

Nada mais paradoxal do que isso, mas é assim que é, não é?

Entre uma montanha e outra, cada um tem o downhill que merece!

Desejo apenas que Mandela esteja certo em sua frase “after climbing a great hill, one only finds there are many more hills to climb”- que eu possa de fato esperar pela próxima grande subida 😀

PS: Do que eu estou falando? Bem, entre várias coisas bacanas que acontecem, ontem conquistei minha 5ª vitória do ano no Big Biker São Luis do Paraitinga! Neste ano venci o Brasil Ride Warm Up, batendo record da pista, também teve quebra de tempo no Big Biker Taubaté, e fui campeã da primeira etapa do GP Ravelli e do 4Seasons MTB. Nos EUA fiquei em 4º lugar na Pisgah Stage Race (com direito a uma segunda colocação em uma etada de Enduro) e fui vice no Desafio da Mantiqueira. Agora me preparo para o Brasileiro de XCO, Brasileiro de Maratona, Leadville Trail 100 MTB nos EUA, e Brasil Ride. Torçam por mim!!!

Viviane Favery

Campeã brasileira de mountain bike marathon (2015), é atleta da equipe alemã Rose Vaujany fueled by ultraSPORTS e já representou a seleção nacional em alguns campeonatos mundiais. Fora das trilhas, corre para conciliar a vida de ciclista profissional com a de publicitária e marketeira, além de compartilhar suas dicas de pedal em um boletim semanal na Rádio Jovem Pan Online FM, batizado de Bike by Vivi Favery.

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Viviane Favery

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