Por Daniel Balsa

Após 9h19min15s de prova no Ironman Brasil, chegava a primeira competidora empunhando uma bandeira do nosso país. Era Ariane Monticeli, que com a melhor corrida daquele dia (3h13min14s), atingiu seu objetivo de ficar entre as três primeiras da competição.

Mas o resultado de uma prova como o Ironman não vem do dia para a noite. Demanda de muita preparação e diversos detalhes – e estes podem fazer toda a diferença, como a presença da família e dos amigos.

Em um longo bate-papo com o Prólogo, Ariane conta a receita de seu sucesso no Ironman Brasil, quais foram os momentos mais difíceis durante a prova, cita Renato Russo para ressaltar a importância dos familiares e amigos neste resultado, entre outras coisas mais nesta entrevista dividida em duas partes. Confira!

Prólogo: Quando foi o início da preparação para o Ironman?
Ariane Monticeli: Não lembro exatamente o mês e o dia, mas acredito que tenha sido em fevereiro.

Prólogo: Você tem idéia de quanto você nadou, pedalou e correu desde então?
AM: Nunca fui de ficar contando quanto eu faço de cada coisa. Uma vez tentei escrever em uma espécie de diário, mas não deu certo. Fico com preguiça. Sempre recebo minhas planilhas semanalmente, mas só olho o que vou fazer de treino antes de sair de casa.

Prólogo: Qual foi o principal investimento em seu treinamento? Natação, corrida ou ciclismo?
AM: Natação e pedal. Desta vez, não fiz grandes volumes de corrida, saíram só alguns longos. Poucos e bons. Agora, a natação… ralei muito na piscina do Pinheiros e no pedal treinava só com gente muito mais forte do que eu. Era um verdadeiro sofrimento para acompanhar.

Prólogo: Por qual motivo esse foi o seu principal investimento?
AM: Minha natação é o pior das três (modalidades) e a intenção do meu técnico (Luis Gandolfo) era que eu saísse inteira da água. Ele disse que ainda não faríamos um ‘tempaço’, mas que só de sair inteira da água, eu faria as outras modalidades melhor e foi o que aconteceu. O pedal (foi o maior investimento) por ser a maior fatia da prova e saber que as gringas são muito fortes nesta etapa. Minha corrida estava me garantindo sozinha.

Prólogo: E o investimento financeiro? Qual foi o maior?
AM: Financeiro, nenhum… ganhei uma bike nova, fui contratada pelo Pinheiros, não pago nada para treinar lá, a inscrição da prova já é paga no começo do ano à WTC (World Triathlon Corporation, promotora do Ironman), então esse valor já tinha sido absorvido. Fiquei sem lugar pra ficar em Floripa uma semana antes do Iron por motivos pessoais e o Santiago (Ascenço) deu um jeitinho para que eu ficasse no apartamento em que ele estava e não paguei nada, a passagem aérea não preciso pagar (Ariane é comissária de bordo)… enfim, competir no Brasil é mais fácil pra mim.

Prólogo: Qual foi a grande mudança no treinamento após a prova do ano passado?
AM: Nossa, mudou muita coisa. Ano passado sofri uma lesão e não pude concluir a prova. Tratei o meu problema, curei, entrei para o Pinheiros em setembro… lá os treinos são diferentes e tenho um grupo muito forte para treinar junto, mas a principal diferença foi não ter competido muito antes do Iron. Ano passado já havia feito um Ironman na Malásia antes do Brasil. Meu corpo estava reclamando de tanta sobrecarga.

Prólogo: Você disse antes da prova que sua meta era chegar entre as três primeiras e conseguiu. Quando você definiu essa meta?
AM Já havia feito dois quartos lugares em Irons fora, mas desta vez estava muito mais bem treinada e focada na prova. Não aceitaria nada diferente. Sei que no Iron você tem que respeitar, porque tudo pode acontecer no dia, mas estava muito bem preparada física e mentalmente e isso me tornou mais forte.

Confira a continuação da entrevista – Parte 2

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