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Falha inadmissível

Aquele atleta que treina durante  meses  focado, exclusivamente, em uma prova. Acorda de madrugada, dorme cedo, troca tempo de convívio com os amigos ou com a família para dedicar-se a sua performance. Vai cansado para reuniões, rende menos no trabalho, deixa de ir a casamentos e eventos sociais, pois escolheu um desafio que lhe toma energia/tempo. O.K. são escolhas.

Porém, no dia da prova, se vê frustrado, abandonando o desafio ou tendo a performance gravemente prejudicada por um problema mecânico na bicicleta. Não, não foi um pneu que por azar furou, mas sim uma corrente que se arrebentou, um banco que desceu ou mesmo o câmbio que parou de funcionar com precisão. Você já passou por isso? Eu, sim. Mas, convenhamos, é admissível esse prejuízo?

Faz anos que eu conheço o meu mecânico. Minha segunda bicicleta, doze anos atrás, eu comprei dele: Henri Karam. Foi ciclista de elite nos anos 70 e 80. É um apaixonado por bicicleta e um grande entendedor de tudo que circunda esse mundo. Frequenta as feiras europeias de ciclismo e sabe os detalhes da evolução de cada peça, explicando o desenvolvimento  e o aprimoramento das tecnologias. Enfim, entende realmente porque os sistemas e os componente são do jeito que são e porque algumas coisas que são inventadas “não vão dar certo”.

Na verdade, faz pouco tempo que eu voltei a “me consultar com ele”. Falo assim, como se fosse a um médico, porque ir até a oficina dele é uma sessão de aprendizado, (medicina preventiva ou mecânica preventiva) sobre como cuidar

, o que fazer  e não fazer   com a bicicleta.

Mas contar a história do Karam não é o objetivo dessa coluna, e sim enfatizar aquilo que ele mais insiste quando conversa sobre a bicicleta de um atleta, seja ele do nível que for: o equipamento não pode falhar, nunca!

Então, vamos recapitular: se o competidor “a” tem horas para treinar, gasta tempo e dinheiro para viajar e competir, é aceitável que ele se inscreva em uma prova com alguma dúvida sobre a qualidade dos componentes da bicicleta? Não estou falando que é necessário comprar um grupo ou um quadro top de linha, pois isso seria pedir que todos despendessem vinte mil reais em uma bike. A questão é que, por mais simples que seja, o equipamento, só o que garante o perfeito funcionamento é uma manutenção atenta e detalhada, com atenção em alguns pontos que são obrigatórios. Para uma competição, o cassete e a corrente devem ser novos, de preferência usados apenas em provas. A regulagem do câmbio não pode deixar o ciclista inseguro em trocar as marchas com velocidade, mesmo em momentos que o sistema é exigido em sua máxima performance. Os pneus devem ser novos, de uma boa marca e precisam ter a calibragem correta. Afinal, de que adianta ter um grupo top de linha, se a bicicleta não foi bem montada, com os cabos corretamente cortados e as peças bem posicionadas?

Tudo isso faz parte do discurso do Karam. Uma das coisas que ele mais gosta de dizer é que não se pode virar astronauta sem aprender a andar de planador, ou seja, não tem porque ter mil equipamentos avançados se eles não estão bem ajustados e o ciclista não sabe lidar com ele.

No triathlon, o ciclismo é o único dos três esportes que exige o bom funcionamento de uma máquina. Cuidar bem da bicicleta, deixá-la em boas mãos e, principalmente, entender o básico sobre mecânica é tão importante quanto treinar as três modalidades. Um treino ou dois deixados para trás no caminho até o evento, não irão te tirar do páreo, mas uma bicicleta mal regulada ou com peças que prejudiquem o melhor desempenho… Isso, isso, sim, é muito importante!

Perder uma prova porque o adversário é mais forte é destino. Deixar de vencer por falta de manutenção ou cuidado com o equipamento é inadmissível.

Redação

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