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Maneiras de correr: quantas você tem?

Assim como o carro possui marchas, troca de tração, opção econômica e outros recursos (dependendo do modelo!), nosso corpo também tem algumas maneiras de correr. E é desses “modos” que vamos falar.

O exemplo mais simples para entender é a diferença entre os grupos musculares que devemos usar durante a subida, o plano e a descida. Só nessas situações, já são três maneiras de correr diferentes. No plano temos que deslocar nosso corpo para frente. Na subida precisamos jogá-lo para frente e para cima. E, na descida, para frente e amortecendo com uma discreta queda para baixo. Para isso, precisamos utilizar músculos diferentes, ou usar os mesmos, mas de forma diferente.

Até aqui, acredito que não tenha acrescentado muita coisa nova. Então, vamos aprofundar um pouco mais. Excluindo as mudanças na velocidade (que seriam outras maneiras de correr: devagar e rápido), pode-se dizer que, mantendo a mesma velocidade, somos capazes de utilizar o corpo de maneiras diferentes. Passadas longas e curtas, impulsão com panturrilhas, coxas e/ou glúteos, tronco inclinado para frente, para cima ou para baixo. Todas elas são alterações que podem ser feitas para que se possa fugir de um músculo cansado ou machucado. Podemos usar um “modo subida” para correr no plano, ou um “modo plano” para as descidas, com resultados muito eficientes.

Para utilizar o “modo subida” no plano, basta se conscientizar dos músculos que costuma usar para uma subida e passar a usá-los no plano.
Porém, amenizando o deslocamento vertical (para o alto) e transferindo-o para o horizontal (para frente). Ou seja, usar a força que te jogaria para cima para ir para frente. Os passos ficarão mais curtos e mais rápidos, ou mesmo mais longos e mais lentos, porém, mais potentes, usando glúteos e panturrilha mais que as coxas. Quem consegue fazer isso no meio de uma corrida, nas horas certas, consegue descansar alguns grupos musculares para que no momento propício eles estejam preparados novamente.

Para usar o “modo plano”, durante a descida é preciso tentar transformar a descida em um plano, inclinando o corpo um pouco para frente de modo que o tronco fique aproximadamente à 90 graus do chão (como quando corremos no plano). Ou seja, sua impulsão não será para frente, mas levemente para baixo e para frente, amenizando a força de aterrissagem que seu corpo é obrigado a fazer durante os declives. Nesse caso, vai aumentar a demanda das coxas para se impulsionar, mas reduzir a demanda das mesmas para amortecer a queda. Claro que vai cansar um pouco mais, mas você vai notar que é proporcional ao aumento da velocidade. A diferença é que vai poupar alguns músculos e articulações que costumam ser mais sobrecarregadas nessa situação.

Já vi alguns casos de pessoas que usam o “modo salto” durante as subidas. Para traduzir este modo, eu peço para que pensem em uma pessoa pulando por cima de uma poça da água. Agora pense nela pulando por várias, uma seguida da outra, na subida. Aparentemente, deve cansar muito. Mas se for usada em subidas mais íngremes, porém curtas, é uma ótima ferramenta para manter o pace, ou mesmo reduzi-lo durante uma parte que todos tendem a aumentá-lo. Vale a pena testar e eu particularmente achei que o cansaço que este modo gera compensa bastante.

Por último, existem alguns modos relacionados ao grupo muscular envolvido na corrida, seja ela no plano, subida ou descida. Com o treino (de consciência corporal), o atleta pode ser capaz de escolher quais músculos ele quer utilizar naquele momento. É possível concentrar a força onde quisermos, da maneira como quisermos. O corpo com maior variedade de opções de uso (“modos”) tem menos chance de sofrer com a fadiga e estafa muscular, entre outros tipos de lesões, mais e menos graves.

A diferença entre o nosso corpo e um carro, é que o primeiro precisa ser pacientemente treinado e o segundo, basta pagar mais caro para ter todas as opções. Para incorporarmos esta consciência é importante ter conhecimento e possibilidades de colocá-las em prática, com auxílio de profissionais especializados (assessorias de corridas), ou com aquele seu amigo que já tem uma boa bagagem e possa te ensinar. Ou então, de modo mais controverso (mas que eu particularmente apoio), ir testando aos poucos e desenvolvendo o que você já sabe, até descobrir seus modos (e as várias maneiras de correr). Esta última opção pode ser demorada, mas o resultado é tão bom quanto os demais. O importante é saber que existem vários recursos e não se limitar a poucos deles. Do contrário, seria como dirigir um carro usando apenas a primeira marcha. Agora, divirta-se!

Marcel Sera

Fisioterapeuta, palestrante e atleta amador! A ideia, aqui, é explicar como usamos e o que acontece com o nosso corpo em cada situação, ação e emoção de nosso dia-a-dia. Correr é uma terapia e minha fonte de inspirações para compartilhar o conhecimento de forma simples e objetiva para todos os interessados. Sugira, critique, questione, treine e corra à vontade!

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