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Uma crew trail para desbravar as montanhas

Que crews urbanas de corrida são tendência em algumas capitais brasileiras é público e notório. Mas uma crew trail runners é uma grata novidade para mim. Para o corredor médio de trail runner é a possibilidade de sair nos finais de semana – bate e volta – para às montanhas.

Não se deve confundir crews com assessorias esportivas, essas últimas embasadas em metodologia científica do treinamento esportivo. E as assessorias também fazem incursões às montanhas periodicamente, mas a conceituação de crews/ assessorias é distinta. 

O principal atrativo das crews é o companheirismo entre os integrantes. Porém, há um aspecto fundamental que deve ser observado nas crews: a segurança na empreitada off road. Ela tem que ser íntegra de ambos os lados.

Algum algoritmo fez pipocar em meu feed o perfil do “Bonde do Trail Running”. Fui olhar o perfil e a ideia me parece interessante, já que possibilita ao corredor médio se integrar efetivamente com a montanha, aspecto fundamental se quiser competir no trail. 

“O grupo surgiu no feriado da Independência, em 2016, quando convidei cinco amigos para correrem na Serra da Cantareira. Queria apresentar para eles trilhas que conhecia muito bem naquela região e que não eram utilizadas pela turma do trail run, somente pela galera do mountain bike. Fizemos o nosso treino, trocamos mensagens e fotos e o grupo continuou vivo. Marcamos outro treino e outro, naturalmente mais pessoas foram convidadas e assim a coisa foi acontecendo. Um belo dia criamos o nome Bonde do Trail Running.  Crescemos de forma orgânica, sem fazer uso de qualquer estratégia de marketing para angariar novos membros. Já que a nossa essência é justamente ser um grupo de amigos e sempre muito unido.”, conta Maximiliano Cunha, o fundador do Bonde.

Mas criar e participar de um bonde ou uma crew no trail, especificamente, é coisa só para iniciados. Ao navegar no tal perfil vi alguns conhecidos nas fotos. Muitos deles, corredores bastante experientes, mas que conhecem a vibe da montanha, acompanham no ‘pace-amigo’ em um companheirismo que marca a essência da crew.

O nível de condicionamento do interessado de integrar treinos na montanha com o Bonde requer um filtro que objetiva a segurança do atleta e de todos da crew.

“Não divulgamos abertamente nossos treinos, já que não somos uma assessoria ou empresa que vive disso. Mas sempre recebemos todos de braços abertos. Quando alguém nos procura ou é convidado ou indicado, tentamos entender o nível e conhecimento da pessoa com a modalidade e com o mundo outdoor. Cada um é responsável pela sua segurança e bem como por respeitar as trilhas e locais que frequentamos. Porém durante o treino é claro que todos nós ajudamos e não deixamos ninguém para trás, mas também precisamos assegurar que não iremos levar ninguém despreparado para a montanha”.

Para não deturpar o espírito do Bonde, seus integrantes seguem uma cartilha:  “Temos uma regrinha. A pessoa precisa participar de três treinos com o Bonde. Assim dá tempo de perceber que é isso mesmo que ela quer. E aí adicionamos ela no grupo de WhatsApp. Assim não acontece de entrar ninguém que chegou por acaso ou que não se identifica com o propósito do nosso grupo”.

Como nem todas as pessoas possuem carro, os integrantes do Bonde se ajudam com caronas ou mesmo na economia da viagem indo aos treinos em sistema compartilhado. Chegando ao destino o Bonde tem um dia típico: “Nosso treino costuma ser um sábado ou um feriado, e às vezes um domingo. Todos acordamos de madrugada, entre cinco ou seis da manhã, muitas vezes antes. Nos reunimos em geral às 7h30 no ponto do treino. Nosso lema é não deixar ninguém para trás. Por isso corremos em grupo. Para ninguém se perder ou correr algum risco sozinho. Por isso, antes de cada treino, explicamos muito bem a distância e a dificuldade envolvidas para tentar balizar o nível de todos os participantes, bem como o objetivo para aquele dia específico. Temos corredores de todos os níveis nos treinos e o segundo lema é se divertir”, diz Cunha.

Se você gosta de trail running, mas tem dificuldade em treinar periodicamente na montanha o Bonde do Trail Running será de grande valia para conhecer novos amigos e lugares de treino, como a Serra da Cantareira, o Parque Estadual do Juquery e a Serra do Japi, entre outros.

“Correr pelo prazer de correr é o nosso lema”, finaliza Maximiliano. Conheça no Instagram em @bondedotrailrunning.

 

Harry Thomas Jr

Jornalista especializado em corridas de rua desde 1999, Harry competiu pela primeira vez em 1994 e desde então já completou 31 maratonas – sendo três sub 3 horas: São Paulo (2h59min30), Nova York (2h58min20) e Blumenau (2h58min10). Também concluiu seis Ultratrails: 60K Ultratrail Putaendo, 67K Ultratrail Torres del Paine, 50K Indomit Costa Esmeralda e os 50K Ultra Fiord por três vezes. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.

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Harry Thomas Jr
Tags: Trail Run

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