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Uma ultramaratonista de verdade

Foi exatamente esse o tempo que levou para eu me tornar uma ultramaratonista de verdade. Minha primeira ultramaratona foi o  Xterra de Ilha Bela 50 km, uma prova de montanha com relativa autossuficiência. Ou seja, você é obrigado a levar mochila com hidratação, alimentos e primeiros socorros, mas a organização também fornece hidratação e alimentação ao longo do percurso. Quatro anos depois, realizo um sonho enorme em quilometragens e que apenas ultramaratonistas muito experientes conseguem realizar: a Ultra dos Anjos Internacional com 235km, partindo de Passa Quatro e passando pelas cidades Itamonte, Quilombo, Alagoa, Aiuruoca, Baependi, Caxambu, São Lourenço retornando então para Passa Quatro.

Por ultramaratonas entende-se qualquer prova acima dos 42.195m de uma maratona. Há basicamente ultramaratonas de asfalto (por exemplo, Comrades, Badwater, etc) e ultramaratonas de montanha ou mistas (Xterra, Endurance Challenge TNF, Circuito Indomit, Ultra dos Anjos Internacional, etc).

Embora já tenha completado diversas ultramaratonas, sejam treinos ou provas, completar uma prova com distância acima de 100 milhas (ou 160 km) foi …. não há adjetivos para expressar!

O corpo é submetido ao extremo — fisicamente e psicologicamente. O desafio constante é fazer com que o corpo e a mente trabalhem juntos na maior parte da prova ou que pelo menos um deles trabalhe mais forte. O corpo de um ultramaratonista pede para parar, pede para diminuir o ritmo. O corpo dói muito, as dores variam de intensidade e local o tempo inteiro e a mente precisa ser forte para seguir em direção ao objetivo. Se corpo e mente enfraquecerem, você desiste. Se pelo menos um deles estiver forte, você segue. E foi isso que aconteceu após 160 km (as 100 milhas).

Nos próximos posts, irei contar tudo sobre a prova, sentimentos, imprevistos e aprendizados. O que funcionou para mim e o que não funcionou. É apenas a minha visão sobre toda essa experiência. Afinal, não há certo e errado quando o assunto é uma ultramaratona. São tantas as variáveis, que o maior aprendizado passa a ser fortalecer a mente e saber direcionar seus pensamentos concentrando-se no seu objetivo. Importante, seu objetivo! Ao correr uma prova como essas, o objetivo é seu. Não é questão de ganhar, é uma questão de terminar.

Até o próximo post em que contarei as primeiras 24h dos 235 km vencidos.

Vivian Pavão

Corredora há mais de 15 anos, fez sua primeira maratona aos 20 anos, conquistando o terceiro lugar em sua categoria, e não parou mais. Já praticou diversos esportes, mas atualmente dedica-se à corridas de montanha. Entre as maiores conquistas está o primeiro lugar Geral no Desafio das Serras em dupla mista, prova de 80 km, e o primeiro lugar geral da Copa Paulista 50 km em Paranapiacaba, em 2015.

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Vivian Pavão

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