Dermatologia esportiva: atletas, atenção com o sol!

Atualizado em 29 de junho de 2017
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Os exercícios físicos regulares e os treinamentos intensivos de atletas e maratonistas expõe o esportista à irradiação solar constante podendo desencadear alterações na pele proporcionais ao tempo de exposição.

A radiação solar que atinge a terra é um espectro contínuo e consiste de comprimentos de ondas de energia eletromagnética acima de 290nm. As faixas de comprimento de onda de interesse médico são: ultravioletas (UVA, UVB e UVC), luz visível e infravermelho.

A radiação UVA é constante durante o dia e ao longo do ano todo. Seu comprimento de onda penetra profundamente na pele, atinge a derme e o subcutâneo, promovendo destruição do tecido conjuntivo (colágeno e elastina), envelhecimento precoce (pele marcada por rugas profundas, aumento da espessura e perda da elasticidade) e alterações do DNA celular desencadeando o câncer de pele. Além destes efeitos, pode exacerbar ou induzir doenças como lúpus eritematoso e fotoalergias.

O UVA penetra no vidro das janelas em até 60% e é a radiação utilizada nas câmaras de bronzeamento artificial. Nestas câmaras pode chegar a ser até 10x mais intenso do que o UVA emitido pela luz solar, pois grandes quantidades de radiação são emitidas em um período curto de tempo. Isso acelera o fotoenvelhecimento e aumenta o risco de câncer de pele.

A radiação UVB é maior durante o verão e no período entre 10h e 15h. É responsável pelos danos solares imediatos como inflamação, queimaduras, vermelhidão, alteração da pigmentação da pele e efeitos tardios como lesão das células mais superficiais (epiderme) levando à mutação do DNA e à carcinogênese. O UVC é quase completamente absorvido pela camada de ozônio.

O fato novo e muito discutido recentemente é a ação da luz visível (ex: lâmpadas fluorescentes) e da radiação infravermelha na pele.

Ao contrário do que se pensava, elas também causam prejuízos à pele e suas ações vem sendo muito pesquisadas nos últimos anos. A radiação infravermelha possui comprimento de onda de 760nm a 4000nm, é responsável por 54% do espectro da energia solar sendo 30% os raios infravermelho tipo A que penetram na pele profundamente alterando a matriz extracelular.

Os infravermelhos A aumentam a expressão de uma enzima que destrói o colágeno dérmico. Segundo alguns estudos, sua ação deletéria é diferente dos raios ultravioletas e por este motivo novas substâncias estão sendo estudadas na fabricação dos protetores solares mais modernos.

A pele possui uma proteção natural fornecida pelo estrato córneo e pelo pigmento, a melanina. A capacidade natural de defesa da pele varia entre as pessoas e é determinado pelo grau de pigmentação da mesma. As pessoas de pele morena possuem maior resistência aos efeitos deletérios das radiações solares.

Assim Fitzpatrick e Cols classificaram os tipos de pele em 6 fototipos de acordo com a sensibilidade pigmentar à luz UV. A identificação do fototipo é útil para apontar quais atletas apresentarão alto risco de câncer de pele. A exposição solar, portanto é a principal causa de alterações cutâneas indesejáveis promovendo o envelhecimento e induzindo o câncer de pele.

Estas alterações podem ser evitadas e atenuadas pelo uso de filtros solares e algumas medidas associadas, que serão descritas com precisão na próxima matéria.