Mulheres precisam saber dos riscos do parto em casa

Atualizado em 20 de abril de 2016
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Tem havido no Brasil um incentivo à prática de atividades físicas e também ao parto normal. Ótimo, as estatísticas mostram que as duas práticas são benéficas para a mulher e para o bebê. Mas as mulheres que decidem dar à luz em casa podem estar pondo a própria vida e a do filho em risco.

O parto sempre foi considerado um ato fisiológico. Ao longo dos séculos, a maioria das mulheres deu à luz em casa ajudada por outras mulheres ou por uma parteira, em geral, a mulher mais experiente da comunidade. O simples fato de dar à luz, porém, implicava enormes riscos.

Até o século XX, o parto normal deixou um rastro de mortes e sequelas em muitas mulheres e bebês. Três avanços científicos mudaram esse quadro: os antibióticos, a anestesia e a descoberta dos diversos tipos sanguíneos e do fator RH. De 15% a 20% das gestantes consideradas de baixo risco apresentam complicações no parto que podem colocar em risco sua vida e a do bebê, mas muitas são salvas por esses avanços da Medicina.

Com a evolução da cesariana nos últimos séculos, muitas grávidas que se sentiam inseguras para dar à luz por parto normal passaram a se utilizar da técnica e, claro, dos hospitais. Mas houve excesso, a ponto de, no início do milênio, 80% dos partos nos hospitais privados do Brasil serem feitos por cesariana.

Felizmente, campanha orquestrada pelos organismos de saúde mundiais repuseram a situação no devido lugar. Adotou-se, inclusive no setor público e no privado do país, o chamado parto humanizado, com o incentivo ao parto normal. Os melhores hospitais públicos e privados brasileiros criaram serviços dentro da nova proposta, que consiste em dar maior assistência à mulher, proporcionando-lhe mais conforto e segurança ao dar à luz.

O Ministério da Saúde, por sua vez, editou em 1999 a Portaria 985, que instituiu os Centros de Parto Normal (CPNs). São unidades de saúde que objetivam promover o parto normal. Elas não contam com médicos, mas com enfermeiras especializadas em obstetrícia. Prestam atendimento humanizado para mulheres que não estejam impedidas de fazer parto normal. Podem se utilizar dos CPNs: a) mulheres cujo parto é considerado de baixo risco; b) com gestação não inferior a 37 semanas; c) que não sofram de doenças cardíacas, hipertensão nem diabetes; d) não tenham feito cesariana antes; e e) não estejam esperando gêmeos.

O parto normal é mesmo a melhor maneira de uma mulher dar à luz, desde que conte com assistência médico-hospitalar de alto nível. A mulher que faz parto normal em geral volta às atividades em três a quatro dias, enquanto a que faz cesariana pode levar até um mês; tem menor índice de infecções e de mortalidade; e tem menos sangramentos e, portanto, menor perda de sangue. Já para o bebê alguns dos benefícios do parto normal são: melhor desobstrução das vias respiratórias, facilitando o funcionamento dos pulmões; menos infecções e mortes; aleitamento precoce, que deixa o bebê mais resistente a doenças; e desenvolvimento precoce da fala.

Mulheres que não têm contra-indicação estão certas, portanto, em dar à luz por parto normal. Mas não é aconselhável que optem por ter o filho em casa por modismo ou porque alguém o fez e foi bem-sucedido. Elas precisam estar cientes de que são responsáveis por eventuais complicações. Parto, como dissemos, sempre implica risco, por isso mesmo os CPNs são instalados perto de um hospital. E o mais grave é que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), ainda morrem no planeta 50 mulheres em cada grupo de 100 mil partos domicilares, o dobro do aceitável.

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