Quem é mais rápido: o nadador ou o traje que ele veste?

Atualizado em 18 de abril de 2016
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Ano de realização de Jogos Olímpicos já é sensível por natureza. Ainda mais com a quantidade de recordes mundiais que tem acontecido! Considerando-se somente as provas olímpicas, já foram até o momento 10 (dez), sem contar com os outros 3 ( três) nas provas não olímpicas, totalizando 13 (treze):

16/02/08: 200m costas – Kirsty Coventry (ZIM) 2:06.39
17/02/08: 50m livre – Eamon Sullivan (AUS) 21.56
17/02/08: 100m costas – Natalie Coughlin (USA) 59.21
08/03/08: 50m costas – Hayley McGregory (USA) 28.00
18/03/08: 4x100m livre – (NED) 3:33.62
(Dekker, 53.77; Kromowidjojo, 53.61; Heemskerk, 53.62, and Veldhuis, 52.62)
21/03/08: 100m livre – Alain Bernard (FRA) 47.60
22/03/08: 400m medley – Stephanie Rice (AUS) 4:31.46
22/03/08: 50m costas – Emily Seebohm (AUS) 27.95
22/03/08: 100m livre – Alain Bernard (FRA) 47.50
23/03/08: 50m costas – Sophie Edington (AUS) 27.67
23/03/08: 50m livre – Alain Bernard (FRA) 21.50
24/03/08: 50m livre – Marleen Veldhuis (NED) 24.09
24/03/08: 400m livre – Federica Pellegrini (ITA)

E ainda faltam mais de 80 competições no mundo todo, oficializadas pela FINA para obtenção de índices.

Em um levantamento feito com os recordes mundiais obtidos em 2004, antes dos Jogos Olímpicos de Atenas, concluímos que foram 8 recordes no total, sendo que 6 deles na eliminatória olímpica americana, que foi realizada em Long Beach, no mês de Julho de 2004 (às vésperas dos Jogos):

31/03/04: 100m livre – Lisbeth Lenton (AUS) 53.66
07/07/04: 400m medley – Michael Phelps (USA) 4.08.41
08/07/04: 100m peito – Brendan Hansen (USA) 59.30
10/07/04: 200m peito – Leisel Jones (AUS) 2.22.96
11/07/04: 200m peito – Brendan Hansen (USA) 2.09.04
12/07/04: 200m peito – Amanda Beard (USA) 2.22.44
12/07/04: 200m costas – Aaron Peirsol (USA) 1.54.74
13/07/04: 100m borboleta – Ian Crocker (USA) 50.76

Ou seja: em 2004, nesta mesma época do ano, somente um recorde mundial em provas olímpicas havia sido batido, contra os 10 (dez) de agora.

Isso provocou um grande impacto na imprensa e uma boa dose de polêmica, gerada pelos trajes utilizados pelos atletas no momento do recorde mundial.

A tecnologia, grande aliada no desenvolvimento técnico da natação, passa por um momento de debate entre técnicos, atletas, dirigentes e fabricantes pela relação direta com os resultados obtidos. Somente a italiana Federica Pellegrini utilizou um traje diferente dos demais atletas que também alcançaram as marcas dos recordes mundiais.

A maioria dos recordes aconteceu nas últimas seis semanas e alguns técnicos no mundo estão solicitando que a FINA, que autorizou o material para as competições oficiais, pesquise de uma forma mais apurada os trajes utilizados pelos atletas, afirmando que o número de recordes não é uma coincidência.

Alguns técnicos de atletas que não têm contrato de patrocínio deste novo traje, estão afirmando que o esporte está se dividindo em dois lados: os que podem e os que não podem usar, seja por questões financeiras, seja por questões de acessibilidade (o traje não está disponível para todos).

Conversando com o Thiago Pereira durante o Sul-Americano sobre o novo traje, ele afirmou que o equipamento era bom, mas nada que pudesse causar tanta polêmica e que ele ainda estava se adaptando, principalmente (no caso dele que usa o leg – somente a perna), no ajuste da cintura para que não haja espaço para entrar água em demasia e crie maior resistência.

Seja de um lado ou de outro, todos os nadadores brasileiros que vão para os Jogos Olímpicos de Beijing 2008, conforme o acordo entre a CBDA, o Comitê Olímpico Brasileiro e o fabricante, terão acesso ao novo traje utilizado pelos nadadores que bateram os recordes mundiais.

De todas as formas, é a primeira vez em que o traje está, no mínimo, no mesmo nível de destaque que os atletas que alcançaram os recordes mundiais.

A continuar assim, daqui a pouco, nos resultados aparecerá ao lado dos nomes dos atletas e dos países, que tipo de traje os atletas utilizaram, a exemplo das marcas de motores que aparecem nos resultados da Fórmula 1.

O que estará mais rápido no momento? A evolução técnica dos atletas ou a tecnologia para que os atletas melhorem suas performances?

A polêmica provocará novas reflexões e poderá alterar as regras oficiais existentes.

No fundo, o debate está satisfazendo o fabricante.

Artigo de Ricardo de Moura publicado no www.cbda.org.br e autorizado para publicação no ativo.com pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.