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Trajes de competição de natação: a polêmica continua

Menos de um ano após as Olimpíadas, os fornecedores Arena, Blueseventy e Jaked já mostraram ao mundo os resultados de um duro trabalho de desenvolvimento de produto para fazer frente ao LZR da Speedo, que reinou soberano nos jogos de Pequim. No campeonato francês, há cerca de 10 dias, o campeão olímpico Alain Bernard, estabeleceu novo recorde mundial para os 100 livre usando o Arena X-Glide e nos 50 livre, Frederick Bousquet, baixou em 34 centésimos a marca do australiano Eamon Sulivan. Sem dúvida, uma vitória da tecnologia. Mas, e o esporte: ganhou ou perdeu?

Navegando pelo site da CBDA, lendo os blogs mais comentados sobre a natação, conversando com técnicos e atletas, vejo que as discussões sobre as performances dos atletas em competições preparatórias, técnicas de treinamento dentro e fora da água, biomecânica, nutrição e demais aspectos que envolvem performances de altíssimo nível estão em segundo plano, evidenciando uma distorção no foco deste esporte maravilhoso.

A tecnologia tem sido fundamental para a superação dos limites do ser humano. Auxiliou a ampliação do conhecimento da fisiologia, que possibilitou o planejamento de treinamentos mais eficazes e específicos para cada tipo de prova, e a procura pelos benefícios do treinamento na altitude. A tecnologia trouxe ainda câmeras especiais e vários equipamentos que permitem uma detalhada análise do nado, que motivou mudanças biomecânicas incorporadas aos estilos nos últimos anos.  A cada incremento, alguns centésimos de evolução. Um recorde aqui, outro ali.

Na nutrição, residia a maior preocupação sobre os rumos do esporte até o início de 2008, pois a tecnologia trouxe muitas novidades em suplementação alimentar, legal, que melhorou a reposição e ganho energético, e com isso, a velocidade de recuperação dos atletas entre um treino e outro, e o desenvolvimento da musculatura. Os atletas passaram a nadar mais próximos aos seus melhores resultados no intervalo entre as competições mais importantes, acumulando melhor percepção das estratégias de prova.

Por outro lado, o doping também evoluiu entre aqueles que buscam a vitória a qualquer preço, e além da suplementação irregular vieram hormônios, transfusões e outras ações que mancham o esporte e que são amplamente combatidas pelas comissões competentes do esporte nacional e internacional.

A evolução dos trajes acompanhou o desenvolvimento do esporte ao longo do século XX. Tecidos cada vez mais finos e design que permitia maior mobilidade e cobria cada vez menor área do corpo. Num determinado momento, os atletas passaram a raspar os pelos e por décadas pouco mudou nesse aspecto. Os trajes surgiram após Atlanta 96 e ganharam evidência em Sidney 2000. Mudaram o visual da competição e distanciaram mais, os super atletas do esportista amador.

Houve um ganho com a diminuição resistência ao deslocamento do corpo na água, outro com o aumento do retorno venoso que postergava a fadiga durante a competição e ainda na eficiência da aplicação da força durante o nado.

Esses trajes tornaram-se objeto de desejo de nadadores amadores do mundo inteiro, fortalecendo as empresas fornecedoras de material esportivo e possibilitando mais retorno para os atletas patrocinados. Um efeito positivo para a retenção de grandes ídolos do esporte por mais anos.

Mas, ao autorizar o uso de trajes que usam neoprene e poliuretano, materiais que alteram artificialmente a flutuabilidade do corpo na água, a FINA (Federação Internacional de Natação) autorizou o que se revelou um “doping tecnológico”. Certamente não esperavam o que estava por vir: mais de cem recordes mundiais quebrados em 2008, algo inimaginável em qualquer momento da evolução do esporte, e, evidentemente, condenável.

Por falta de regulamentação, atletas aproveitaram para nadar com dois, às vezes três trajes, um sobre o outro. Um absurdo.

Todos estão preocupados com o destino da natação mundial. Alguns nomes importantes se manifestam a favor da volta dos maiôs e sungas. E a FINA divulga disposições transitórias para regular excessos, enquanto prepara uma nova regulamentação. Voltar atrás é difícil, pois temos recordes fortíssimos e uma história escrita nas Olimpíadas. Mas a comunidade aquática mundial espera determinações firmes e coerentes, afinal, ninguém deseja ver atletas com nadadeiras e palmares nadando atrás de recordes.

Achou essa última hipótese um devaneio inimaginável? Então, pense se há 15 anos atrás você cogitava que haveria atletas com roupas de neoprene nadando pelas piscinas do mundo.

Confira a última disposição transitória da FINA, válida para o Troféu Maria Lenk.

Redação

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