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Após grande resultado no Ironman, Mariana Andrade segue rumo ao Powerman Brasil

Com um excelente 6º lugar no Ironman Florianópolis, Mariana Andrade abriu as portas para tentar uma vaga no Mundial de Ironman, em Kona. A campeã do Powerman Brasil 2015 também defenderá seu título daqui 8 semanas, mais uma vez correndo em casa, na Ilha da Magia.

MundoTRI: Mari, você considera essa a melhor prova de sua carreira?

Mariana Andrade: Considero meu 2o melhor Ironman até hoje. No Ironman de 2014 fiz 9h14min e fui 8a colocada, mas, infelizmente, o vácuo na etapa do ciclismo influenciou bastante o resultado final da prova feminina. Estou bastante contente com a prova de Floripa. Enfrentei algumas dificuldades no período de preparação, o que impossibilitou dar a sequência de treinos que gostaria, principalmente na parte da corrida. Mas contei com uma equipe muito competente de fisioterapeutas, que me deixou apta a competir. A ideia, desde o início, era compensar essa desvantagem com a experiência que tenho aqui (minha 9a participação), sem perder a concentração na minha prova, não cometer erros na nutrição e me manter positiva durante todo o dia. Usei os obstáculos enfrentados como motivação e fiz uma prova redonda.

MundoTRI: Como o retorno ao técnico Brett Sutton contribuiu para sua conquista?

Mariana Andrade: Iniciei os treinos online com a Trisutto em janeiro de 2014. O primeiro semestre do ano passado foi de adaptação e, em junho, tive a oportunidade de passar 6 semanas com o grupo em um Training Camp na Suíça, o que me fez voltar de lá extremamente motivada e compreendendo melhor a filosofia da equipe. Com mais de 70 vitórias como treinador em provas de Ironman, pode-se dizer que o Brett e os membros da Trisutto conhecem o “caminho das pedras”.

Minha natação evoluiu demais desde que iniciei os trabalhos com eles, e isso mudou completamente a sequência da minha prova. Antes depositava tudo no ciclismo e, muitas vezes, não sobrava nada no “tanque” para a etapa da corrida. Atualmente, percebo que minha prova está muito mais equilibrada, e o fato de sair mais perto das líderes da água facilita a “caça” no pedal, deixando-me mais inteira para a corrida.

MundoTRI: Você esperava esse 6º lugar? Como isso muda sua luta para chegar em Kona? Como analisa suas chances?

Mariana Andrade: O objetivo é sempre dar o meu melhor durante toda a prova e lutar até o fim. Em provas dessa distância acabo focando mais na minha performance, e a colocação vem como consequência de um trabalho bem executado. O 6o lugar me deixou muito feliz e me colocou na disputa por uma vaga para Kona (foram 1670 pontos). Somados aos 500 pontos da vitória no Ironman 70.3 Rio, acredito que 2 provas de Ironman boas me classifiquem para o Mundial.

MundoTRI: Você acredita que a largada dos amadores em ondas deixou a prova da elite feminina mais limpa?

Mariana Andrade: Em anos anteriores, os pelotões masculinos logo nos alcançavam, algumas atletas se “escondiam” nos mesmos ou “brigavam” com eles, tentando ultrapassa-los. Aí alguns homens com egos inflamados ultrapassavam novamente e muitas vezes diminuíam o ritmo em seguida, deixando-nos em situação de vácuo e gerando um grande desgaste no “freia” para sair do vácuo e “acelera” para passar o pelote.

A prova deste ano foi bem mais justa. Pouquíssimos amadores nos passaram na etapa do ciclismo. A categoria 30-34 masculina, que é muito forte, largou 15’ após a elite feminina. O ideal seria largar alguns minutos depois, mas já podemos dizer que foi uma enorme evolução.

MundoTRI: Você enxerga uma evolução nos profissionais brasileiros em provas de longa distância? O fato de recebermos os campeonatos mundiais tem contribuído para isso?

Mariana Andrade: Com certeza, o fato de termos mais provas de longa distância no Brasil contribuiu muito para a evolução dos nossos atletas. Hoje há mais visibilidade, maiores premiações e um calendário com uma grande opção de provas longas em solo nacional. Já no Triathlon Olímpico/Short acontece o contrário, o que faz com que muitos atletas de alto nível das distâncias curtas migrem para as longas, aumentando ainda mais a competitividade em provas como o Ironman e Ironman 70.3.

MundoTRI: Em alguns momentos da prova, no ciclismo, você reclamou das adversárias, o que aconteceu?

Mariana Andrade: Em um determinado momento busquei duas meninas que estavam pedalando juntas, mas creio que logo que passamos o túnel uma delas foi penalizada. No restante da prova procurei focar no meu ciclismo e deixar a fiscalização para a arbitragem, pois em anos anteriores muitas vezes acabava perdendo o foco com essas situações. Como disse anteriormente, a largada em ondas deixou a prova mais justa.

MundoTRI: Vai mudar sua programação de provas após esse resultado para buscar a vaga para Kona? Precisa fazer mais um Iron, certo?

Mariana Andrade: Estou conversando com minha treinadora sobre isso durante a semana, pois até domingo o foco era o Ironman Brasil. Por termos menos vagas em Kona na categoria feminina, acredito que preciso de um grande Ironman ou dois bons Irons para obter a classificação necessária para o Mundial.

MundoTRI: Qual ponto considera sua maior evolução desde o Iron 2015?

Mariana Andrade: A confiança. Passei a acreditar mais em mim e focar na minha prova.

MundoTRI: Vai defender seu título no Powerman Brasil?

Mariana Andrade: Gostei muito da prova e será um prazer defender o título em casa. Porém se for em busca da vaga de Kona, o Powerman torna-se inviável.

MundoTRI: Algum agradecimento especial pela conquista?

Mariana Andrade: À minha família e aos amigos, que tanto me incentivam e sempre vibram com as minhas conquistas. Minha 2a família, que são os alunos da Equipe Time, aos quais procuro dar bom exemplo dentro e fora das provas. Meus patrocinadores e apoiadores, que ajudam a tornar viável minha vida no esporte. Todos acima, além de me apoiarem durante a preparação para a prova, foram incríveis torcedores no domingo.

A torcida da galera no momento de uma prova como o Ironman é contagiante e fundamental. É o que me faz querer dar o meu melhor a cada quilômetro e vencer os meus limites.

Ainda gostaria de agradecer os treinadores da Trisutto (Susie, Cali e Brett) que estão sempre me guiando e transmitindo sábios conselhos, com muita paciência.

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