Carolina Ferrer: recuperação esportiva - mais do que rotina, uma necessidade

Atualizado em 25 de abril de 2024

Por: Carolina Ribeiro Lopes Ferrer*

O pódio de um atleta é construído nos treinos, mas consolidado nos períodos de descanso e recuperação. A ciência do esporte, alinhada com as práticas mais eficientes, destaca a hierarquia das estratégias de recuperação esportiva, fundamentais para manter a integridade física e o desempenho contínuo dos atletas.

A fundamentação do repouso: sono e nutrição

Na base da pirâmide da recuperação esportiva, reside o sono de qualidade. A literatura científica é unânime em afirmar que uma noite bem dormida é essencial para a restauração dos processos fisiológicos e psicológicos, que sustentam o desempenho atlético. O sono adequado permite não só a reparação de tecidos, mas também a consolidação de memórias motoras, um aspecto crucial para atletas em treinamento.

Nutrição e hidratação equilibradas são igualmente vitais. A ingestão de carboidratos repõe as reservas de glicogênio, enquanto as proteínas suportam a síntese muscular. A hidratação mantém a homeostase, otimizando a função celular e apoiando os processos de recuperação.

Os benefícios dos elementos naturais: imersão em água

Elevando-se na pirâmide, encontramos a imersão em água. A aplicação de água fria após o exercício tem sido associada à redução da dor e do inchaço, ao passo que sessões de banhos de contraste podem facilitar a recirculação sanguínea, acelerando a remoção de metabólitos relacionados à fadiga.

A compressão e o movimento como aliados

Vestuários de compressão e a recuperação ativa – como exercícios de baixa intensidade – promovem o retorno venoso e minimizam o edema, favorecendo a recuperação muscular e a redução da sensação de dor, com estudos indicando um retorno mais rápido ao desempenho ótimo.

A massagem: além do relaxamento

A massagem desportiva aparece como uma prática benéfica para a redução da rigidez e promoção do fluxo sanguíneo, contribuindo para um estado de recuperação mais agradável e potencialmente mais eficiente.

O cético e o científico: modismos X evidências

No ápice da pirâmide, situam-se práticas com menos suporte científico, mas que ganharam popularidade, como câmaras de crioterapia e eletroestimulação muscular (EMS). Embora possam ter seu lugar em protocolos específicos, é importante que sua adoção seja crítica e baseada em evidências.

A recuperação esportiva é uma ciência e uma arte, a individualização das estratégias é a chave para o sucesso. A adoção dessas práticas deve ser feita sob orientação de especialistas, garantindo não apenas o retorno ao esporte, mas também a longevidade atlética. No esporte de alta performance, cada detalhe conta, e a recuperação é um dos mais preciosos.

*médica do esporte no Red Bull Bragantino, trabalhou por 4 anos na Seleção Brasileira de Judô, além de professora na UNINOVE – Unidade Vergueiro.