Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade

O joelho de corredor, conhecido também pelo nome técnico Síndrome do Trato Iliotibial, é uma das lesões mais comuns entre aqueles que praticam corrida. Isso porque se trata de uma inflamação causada pela própria dinâmica da atividade.
O trato iliotibial, ou banda iliotibial, é uma estrutura repleta de tendões que se estende do íleo, um dos ossos da bacia, até a tíbia, cruzando e estabilizando as articulações do quadril e do joelho. Durante a corrida, há o atrito do trato iliotibial com a lateral do fêmur que, quando ocorrido de forma repetitiva, causa um processo inflamatório doloroso.
A dor é localizada na lateral do joelho e, se não tratada inicialmente, pode prejudicar o desempenho na corrida.
Uma característica da síndrome do trato iliotibial é que, geralmente, o corredor começa a sentir a dor, mas consegue dar continuidade à atividade”, explica Caio D’Elia, ortopedista do Vita Ortopedia do Grupo Fleury. “Se o corredor insiste e não trata, com o passar do tempo, esse sintoma começa a se tornar mais evidente e a pessoa começa a ter que abandonar a corrida ou o treino no meio da sessão, em função do desconforto característico na face lateral do joelho”, acrescenta.
Por isso, é importante saber como cuidar da lesão assim que os primeiros sinais surgirem. O primeiro passo, é claro, é ir ao médico ortopedista para confirmar o diagnóstico, entender qual é o grau da lesão e, assim, receber a melhor orientação. De maneira geral, existem algumas medidas que são capazes de reduzir a dor e tratar a inflamação. Confira a seguir:
Um dos fatores de risco para o desenvolvimento do joelho de corredor é a progressão rápida do volume ou da intensidade da corrida, incluindo quilometragem ou velocidade. Conforme explica D’Elia, isso faz com que o joelho repita seu ciclo de movimento mais vezes, resultando no atrito repetitivo do trato iliotibial com o fêmur.
Por isso, uma das principais formas de evitar que a dor evolua é reduzir a intensidade e o volume da corrida logo de início. “Muitas vezes, é possível tratar o joelho de corredor na própria atividade, realizando apenas algumas restrições de volume e de intensidade da corrida”, orienta o ortopedista.
Porém, o profissional ressalta que isso pode variar de caso para caso. “Depende do grau do processo inflamatório e da intensidade do sintoma. Em algumas situações, pode ocorrer, também, a suspensão total de atividades esportivas do atleta”, afirma.
Outro fator de risco para o joelho de corredor é a fraqueza muscular, principalmente dos grupos musculares envolvidos na estabilização da pelve, como o core (abdômen, pelve, abdutor do quadril, glúteo médio e glúteo mínimo), segundo D’Elia.
Esses músculos têm um papel determinante na capacidade do corredor em controlar a pelve durante a execução do movimento da corrida. Aqueles indivíduos que têm um controle motor pobre e possuem uma fraqueza de um ou mais desses grupamentos musculares acabam tendo essa movimentação maior da bacia, tendo uma predisposição à síndrome do trato iliotibial”, explica o ortopedista.
Portanto, para evitar que o quadro se repita após tratado, a solução é fortalecer a musculatura do core. Alguns exemplos são a prancha alta, flexão do quadril, abdominal supra e abdominal oblíquo.
O uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos também é bem-vindo durante a fase de controle do processo inflamatório e da dor. Nesse caso, é recomendada a administração de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). A aplicação de gelo na área afetada também pode ajudar a aliviar a dor. Isso porque a baixa temperatura evita que o processo inflamatório evolua, além de reduzir o inchaço.
A fisioterapia pode fazer parte do tratamento do joelho de corredor também. Algumas estratégias auxiliam no controle da inflamação, como a Neuroestimulação Elétrica Transcutânea (TENS), um tratamento que utiliza impulsos elétricos na região do joelho. O procedimento visa a ativação do sistema nervoso para exercer uma ação analgésica, combatendo a dor.
A aplicação de laser de baixa potência na região afetada também é uma estratégia interessante para reduzir a inflamação do joelho. Outra alternativa é a liberação miofascial, uma técnica de massagem que aplica pressão na região afetada para relaxar e alongar os músculos, diminuindo a tensão, a dor e proporcionando o bem-estar.
A terapia por ondas de choque é outra opção de tratamento para o joelho de corredor.
Essa terapia consiste na emissão de ondas mecânicas capazes de estimular a neovascularização do local e, consequentemente, a cicatrização e regressão do processo inflamatório”, explica D’Elia. Neovascularização significa a formação de novos vasos em uma área afetada e tratada anteriormente.
A terapia por ondas de choque também serve para gerar uma ação analgésica na região, de acordo com a Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Ondas de Choque (SMBTOC). Através das ondas, há um estímulo local que libera enzimas que atuam na fisiologia da dor.
Segundo Caio D’Elia, o tratamento cirúrgico para a síndrome do trato iliotibial é raro e apenas é recomendado nos casos em que as medidas anteriores não foram eficazes para sanar a condição.
A recomendação de alongamento cirúrgico, por exemplo, pode ser indicada, mas é feita geralmente em pacientes que já passaram por um período superior a quatro e seis meses de tratamento sem sucesso”, explica o ortopedista. “O alongamento cirúrgico do trato iliotibial é feito para diminuir a tensão local e o atrito na região do fêmur”.
A principal dica para prevenir o desenvolvimento do joelho de corredor é evitar aumentar a velocidade ou intensidade da corrida rapidamente. Essa progressão, seja no tempo de treino, quilometragem ou velocidade, deve ser feita de forma gradual.
Além disso, como vimos, o fortalecimento dos músculos do core é essencial para manter a estabilidade do quadril e da pelve, essenciais para que o atrito do trato iliotibial e do fêmur seja menos intenso e repetitivo. Por fim, vale apostar em alongamentos dinâmicos antes de iniciar a corrida.

Compartilhar link