Cicloativistas de carteirinha, Antonio Olinto e Rafaela Asprino já lançaram guias com rotas para se pedalar no Brasil, e agora os dois ciclistas apresentam o resultado da mais recente expedição, uma viagem de três meses pelo Peru. 

O plano inicial do casal era viajar por cerca de um mês e meio pelo Peru e gastar o mesmo tempo na Bolívia, porém, o contato e o encantamento com a rica cultura peruana, e também as dificuldades do percurso escolhido, concentrou a viagem quase toda em território peruano.

“Isto é o que sempre pregamos em uma viagem de bicicleta, que é viver o que se apresenta no momento, e foi o que fizemos, aproveitamos o que estava diante de nós, ficamos fascinados pelo Peru, um país muito exótico, com cultura muito preservada, que realmente faz parte do dia-a-dia da população, não fomos em busca de festas específicas para fotografar e filmar, o que mostramos é mesmo o cotidiano de um povo que preserva muito sua cultura”, diz Antonio Olinto.

Olinto revela também a rudeza do altiplano, que acrescenta dificuldades ao percurso já desafiador por natureza. “Superestimamos um pouco nossa capacidade, nessa região há muito sobe e desce, que cansa demais, pois a fadiga muscular é grande e há, ainda, a questão da altitude, superior a 4 mil metros. Além disso, este ano choveu bastante, então não conseguíamos pedalar muito e a viagem não rendia, pois muitas vezes tínhamos que carregar a bike. Porém, não quisemos pegar um ônibus para deixar a viagem mais rápida, optamos por vivenciar tudo isso e foi uma experiência fantástica”, acrescenta. 

Além das belezas naturais e da riqueza cultural, Olinto revela que outra vantagem da viagem ao Peru é o baixo custo. “Tudo é muito barato por lá, comíamos muito bem gastando o equivalente a cinco reais, às vezes dormíamos nas pequenas pousadas dos vilarejos por cerca de 15 reais o casal”.  Outro dado que Olinto destaca é a segurança que sentiu durante toda a viagem. “Não tivemos problema algum, os moradores às vezes nos alertavam para tomarmos cuidado, mas, em nenhum momento, tivemos sensação de perigo. As pessoas são muito cordiais e prestativas”.

A viagem começou em março deste ano na cidade de Trujillo, cerca de 600 km ao norte da capital Lima, de onde já começaram a subir para a região dos Andes. “As subidas são muito íngremes e em pouquíssimo tempo você já está a 4 mil metros de altitude, mesmo próximo do litoral”, revela Olinto. O casal desceu no sentido sudoeste, até chegar na região de Cuzco, próximo a Machu Pichu, um dos locais mais turísticos do mundo. “Ali a realidade já é outra, tudo é muito caro e dificultam bastante o acesso ao viajante independente, mas é possível encontrar alternativas para gastar menos”, conta.   

Olinto diz que um item que pode fazer diferença no sucesso da viagem são as habilidades para “acampar”, desde o espírito aventureiro aos equipamentos corretos. “Isso é muito importante. As pessoas só falam em peças de bicicleta, mas isso é o básico, é preciso saber qual barraca levar, qual saco de dormir, fogareiro. Lá faz muito frio, às vezes dormíamos com temperaturas de menos 10ºC, e nossos equipamentos estavam no limite de dar conta disso”.

O casal seguiu viagem até o lago Titicaca e, de lá, para La Paz, capital da Bolívia, de onde retornaram para o Brasil, em meados de junho. Agora Olinto e Rafaela dedicam-se a reforma de sua casa móvel, o motorhome, e após isso pretendem lançar a terceira edição do Guia Caminhos da Fé. Por enquanto, ainda saboreiam as aventuras vividas no Peru. “Vale muito a pena, é um país incrível!”.

Ao todo, Olinto e Rafaela pedalaram na viagem 3.156 quilômetros, chegando a altitudes de até 4.880 metros e oscilação de temperatura de menos 11ºC até máxima de 45ºC.

Todo o material captado durante a viagem foi transformado em um DVD de 44 minutos de duração, que está disponível para venda no endereço: http://www.olinto.com.br/vendas.htm. No YouTube é possível conferir um trailer da viagem: http://www.youtube.com/watch?v=PWN1l4xmGkQ.