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Em entrevista exclusiva, Valmir Nunes, recordista da ultramatona mais difícil do mundo, conta à O2 os detalhes da façanha sob 55°C
Por Odara Gallo
Aos 43 anos de idade, o santista Valmir Nunes venceu e quebrou o recorde da Badwater, a ultramaratona considerada a mais difícil do mundo, em 23 de julho deste ano. A prova é realizada no Vale da Morte, nos Estados Unidos, e tem um percurso de 217 km. Sob um calor de até 55ºC, o brasileiro concluiu o desafio em 22h51min29s. O recorde anterior era de Scott Jurek, 24h36min08s.
Em entrevista ao site da revista O2, o corredor, que é técnico da medalhista de bronze da maratona dos Jogos Pan-americanos, Sirlene Pinho, contou mais detalhes da sua façanha no Vale da Morte.
O2 – Como foi sua preparação para Badwater?
Valmir Nunes – Pensei nessa prova desde janeiro e corri uma prova de 24 horas na Grécia em abril para me preparar para essa. Depois disso, fui para o deserto do Vale da Morte com dez dias de antecedência e, no sétimo, já me sentia adaptado. Estranhei muito o local, porque lá não é o sol que é o mais quente, é o ar. O calor de lá é diferente do daqui.
O2 – O calor foi a maior dificuldade?
Valmir Nunes – Não. Gosto muito de correr no calor, não suporto o frio. Todos os meus recordes foram no calor.
O2 – Qual era a maior dificuldade do percurso?
Valmir Nunes –As subidas eram muito longas, eram as piores partes.
O2 – Qual foi a sua tática na corrida?
Valmir Nunes – Fazia uma parada de 20 segundos a cada 1.600 metros percorridos. Nessas paradas, me hidratava, comia frutas e me molhava com uma toalha. Fora isso, procurei sempre manter o enfoque e só pensar na minha corrida. Se eu penso nos adversários, começo a sentir as dores, que são muitas. É preciso se concentrar muito para a dor não dominar.
O2 – Qual foi o momento mais difícil?
Valmir Nunes – Quando faltavam 13 quilômetros para terminar falaram que eu estava uma hora e meia na frente do segundo colocado e então eu pensei: ‘já ganhei’. Mas chegar até o final foi muito duro.
O2 – Algum fator atrapalhou durante o percurso?
Valmir Nunes – Os adversários usavam uma técnica para me desmotivar. Quando estava chegando perto do mexicano Jorge Pacheco e já podia ver os carros de apoio, eles mandavam os carros irem mais para longe para eu pensar que ele havia disparado e desanimar.
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