Gravidez depois dos 40

Atualizado em 10 de abril de 2007
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Por Mariana Romão e Nanna Pretto

Desde que as mulheres ganharam mais espaço no mercado de trabalho –e no mundo–, começaram a expor e a cuidar mais do corpo, os princípios –assim como as prioridades– mudaram. Casamento, relação estável e o peso de uma gravidez foram, gradativamente, perdendo espaço para as conquistas pessoais, profissionais e estéticas. Hoje, o número de mulheres que decide ter o primeiro filho após os 40 anos aumentou em 50%, quando comparado há dez anos.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, a proporção de nascimentos em mães com 40 anos ou mais passou de 1,75%, entre os nascidos vivos em 1996, para 1,95% em 2002. Ou seja, um crescimento de 11% em apenas seis anos. Em São Paulo, esse aumento é o dobro da média nacional.

Segundo a médica obstetra Tânia Regina Schupp, doutora pela Faculdade de Medicina da USP e professora do departamento de obstetrícia da Faculdade de Medicina da USP, a mulher que atualmente opta por engravidar após os 40 anos necessita conhecer plenamente os fatores associados ao maior risco para a mãe e a criança. “Desse modo, ela pode buscar assistência médica adequada e especializada e também planejar o nascimento”, explica.

Riscos da gravidez tardia
:: Maior chance de aborto. Em geral, 60% dos abortos após 40 anos são relacionados à má formação fetal.

:: Mais chances de o bebê nascer com Síndrome de Down. “O óvulo da mulher esperou 40 anos para sofrer uma mutação genética. Estima-se que uma em cada cem mulheres tenha um bebê com a síndrome”, explica a médica.

:: Possibilidade de ter diabete e hipertensão gestacional.

:: Indisposição e dores musculares.

Mãe aos 40, corpinho de 20
E, até para encarar o puxado ritmo da rotina feminina –que tende a diminuir quando a decisão de engravidar surgir–, a atividade física é importante. Quando a cegonha chegar, sustentar o barrigão ficará muito mais fácil. “Uma mulher com bom preparo físico e rígida aos 40 anos pode ter mais capacidade para enfrentar uma gravidez do que uma de 20, fumante, sedentária e com maus hábitos alimentares e de vida”, afirma Antônio Aleixo Neto, professor-adjunto de ginecologia e obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG e mestre em saúde pública por Harvard.

Segundo a treinadora Adriana Piacsek, da assessoria TPM (Treinamento para Mulheres), com o passar dos anos, a mulher sofre perdas significativas de massa magra e óssea, e a corrida, por ser uma atividade de impacto, ajuda a manter o ganho de massa, deixando a mãe mais preparada para a gestação. “Mas isso independe da idade. Uma mulher que pratica atividade física regularmente e decide engravidar passará, de uma maneira geral, por um período de gestação melhor do que uma mulher, na mesma idade, sedentária.”

Cuidados indispensáveis
O organismo feminino está no auge da sua fertilidade e da boa capacidade física na faixa entre os 20 e 30 anos. Com o passar da idade, vai ocorrendo maior desgaste de vários órgãos e estruturas, o que pode comprometer o bom andamento da gravidez. Como a gravidez exige muito da parte física, a corredora vai ter um condicionamento melhor para enfrentar esse período, do que uma grávida sedentária.

“Mas o exercício físico não influi em nada sobre os problemas genéticos; não aumenta nem diminui as chances de o bebê nascer com alguma síndrome”, afirma Tânia, professora da USP.

Segundo Adriana, a atividade física servirá para minimizar o inchaço, controlar o peso, elevar os níveis de serotonina –hormônio responsável pela sensação de bem-estar– e fazer a mãe sentir-se bem e saudável. “Conseqüentemente o bebê também se favorece com tudo isso.”

A arquiteta Cláudia Dias, 44, planejou a gravidez e, como foi alertada de que a gestação corria alguns riscos por causa da idade, começou a praticar um esporte que gostasse. “Pensei em outras atividades, mas encontrei na corrida um exercício leve, prazeroso, não muito caro e mais simples, já que eu posso correr na rua na hora que quero”, conta.

Ela não sabe como teria sido se não tivesse dado as muitas passadas antes de engravidar, mas garante que não se arrepende das horas perdidas com a corrida.

O médico Aleixo Neto, ressalta ainda que a futura mamãe que tem no histórico a prática de exercício físico terá menos problemas com o aumento descontrolado de peso. “É evidente que uma mulher não necessita ser uma atleta para uma gravidez saudável. Bastam alguns cuidados básicos: exercícios aeróbicos leves, alimentação saudável e hábitos de vida adequados”, diz.

BENEFÍCIOS DA CORRIDA PARA MAMÃES E BEBÊS
  • maior chance de parto normal;
  • aumento do bem-estar maternal, senso de controle e energia;
  • controle do excesso de peso e retorno mais rápido ao peso inicial (antes da gravidez);
  • controle da perda da densidade dos ossos durante o período de lactação;
  • os bebês nascerão com menos gordura, o que minimiza riscos de doenças cardiovasculares;
  • as crianças nascem mais calmas e sofrem menos com cólicas intestinais.
  • Fonte: pesquisa do American College of Obstetricians and Gynecologists, de 2002.