Nada como uma boa noite de sono

Atualizado em 28 de março de 2008
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Por Danilo Sales Bocalini

Diversos estudos têm ressaltado a importância do comportamento humano para com a saúde. Apesar de grande parte da população se considerar saudável até que apresente sintomas de alguns tipos de doenças, sabe-se que a saúde é mais abrangente e está relacionada com vários comportamentos e hábitos, como por exemplo, a prática regular de atividade física e de uma boa qualidade de sono.

O exercício físico regular pode contribuir para a qualidade de vida, proporcionando aos praticantes a melhoria das capacidades cardiorespiratória e muscular, o controle da massa corporal, a redução da depressão e da ansiedade, a melhoria das funções cognitivas (memória, atenção e raciocínio) e a melhoria da qualidade e da eficiência do sono. Além da prática regular de exercício físico, bons hábitos de sono contribuem para melhoria física e intelectual do organismo, fatores estes importantes para a otimização do desempenho cognitivo em suas atividades diárias.

A recomendação é que cada indivíduo durma, em média, cerca oito horas por dia, mas este período pode variar de acordo com a idade e o próprio organismo. Quanto maior é a idade da pessoa, menor é a necessidade de dormir.

A evolução dos seres humanos foi propiciada pelo seu ajuste – por conta de diversos aspectos, sendo eles anatômicos, fisiológicos e comportamentais – em relação ao meio ambiente em. No decorrer do processo evolutivo alguns fatores, como a gravidade, a temperatura e o ciclo claro/escuro, tornaram-se fundamentais para o processo de adaptação.

Os ritmos biológicos se referem às mudanças cíclicas que se repetem regularmente em um determinado tempo e estão relacionadas às alterações dos processos fisiológicos. Os ritmos podem ser denominados de circadiano, ou seja, referentes ao dia solar (24 horas), ultradiano (ciclos com menos de 24 horas) ou infradiano (ciclos com mais de 28 horas).

Os substratos metabólicos bioquímicos são grandemente determinados por influências exógenas e pelas horas das refeições, as quais parecem ser mais importantes na determinação dos efeitos da hora do dia sobre o metabolismo, do que da sua variação endógena circadiana. Normalmente, o ritmo das variáveis do desempenho exibe variabilidade intrasubjetiva maior do que as fisiológicas, pois o desempenho é influenciado por fatores volitivos tais como a vigília (estado desperto) e a motivação – esta pode se sobrepor à variação diurna e produzir uma resposta de desempenho uniforme no decorrer das 24 horas diárias.

Neste modelo, o desempenho e a vigília melhoram com o despertar até um limiar, a partir do qual começa a decair à medida que as horas de vigília aumentam. Essa relação é denominada da quantidade de horas em vigília do processo homeostático e sugerem que a eficiência do desempenho pode ser influenciada tanto por ele quanto pelas informações recebidas do sistema de temporização circadiana localizado no sistema nervoso central.

A maioria dos ritmos do desempenho físico atinge um ápice entre 12h e 21h, para então declinar para o mínimo entre 3h e 6h. Os estudos medindo os desempenhos motores importantes para os esportes demonstraram que a maioria das medidas variou com a hora do dia, em concordância próxima com a variação da temperatura corporal. Pesquisas descrevem que, os maiores aumentos do condicionamento físico, ocorrem quando as sessões do treinamento árduas são marcadas para o início da noite.

Isto parece ser o resultado da adoção de taxas de trabalhos maiores nesse período mais do que qualquer aumento da resposta ao treinamento em si. O exercício no começo da noite pode ser mais seguro e causar menos desconforto, o que em parte pode ser justificado pela diminuição da resistência aérea e ao aumento da capacidade da difusão pulmonar.

O professor Danilo Sales Bocalini é formado em educação física e é doutorando na Escola Paulista de Medicina (Unifesp).