Onde correr - Salvador

Atualizado em 07 de abril de 2009
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Um privilegiado litoral de 20 quilômetros e o clima tropical, que mantém as temperaturas elevadas durante todo o ano, são os principais atrativos para a prática de atividade física em Salvador. Seja à beira mar ou em parques arborizados, os locais preferidos pelos corredores baianos têm como diferencial o contato com a natureza. Situada às margens da baía de Todos os Santos, a primeira capital do Brasil é conhecida internacionalmente pela sua música e por fazer o maior Carnaval do planeta que, aliados aos atrativos já citados, são fortes requisitos de sua vocação turística.

O clima quente é um convite ao passeio. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura não apresenta grandes variações durante o ano, oscilando entre 20ºC e 25ºC no inverno e 25ºC e 34ºC no verão. As chuvas se concentram nos meses de março a julho, quando o movimento de corredores diminui nas ruas, praças e parques da cidade. Para amenizar os efeitos do calor, a dica dos treinadores é usar roupas leves, priorizar horários de sol mais ameno, como início da manhã ou final da tarde, e não descuidar da hidratação.

O diretor técnico da Federação Baiana de Triathlon (Febatri), Elquisson de Castro, recomenda a reposição de líquido a cada 15 ou 20 minutos através da ingestão de 100 a 200 mililitros de água ou bebida isotônica. “Além disso, boné e filtro solar são indispensáveis debaixo do sol de Salvador”, aconselha Castro, que também é treinador da Vácuo Assessoria Esportiva, criada em 1998.

Famosa por suas inúmeras ladeiras, a cidade tem relevo acidentado e irregular, mas que parece não intimidar os adeptos do esporte espalhados por ruas, avenidas, canteiros, praias, praças e parques. “O corredor de rua de Salvador está habituado às subidas. Dificilmente se encontra um percurso totalmente plano”, explica o treinador Hércules Ferreira da Silva, que presta assessoria esportiva há pelo menos oito anos. Ele considera que tal característica tem seus prós e contras: “Por um lado, a presença de aclives exige mais esforço do atleta, o que é bom para o treinamento em si. Mas por outro, pode afetar negativamente no tempo final da prova, prejudicando o resultado”, compara.

A reportagem da revista O2 conferiu alguns dos trechos mais freqüentados pelos corredores soteropolitanos: a orla marítima, o Parque de Pituaçu, o Parque da Cidade, o Dique do Tororó e a pista do canteiro central da Avenida Paralela.

1) Orla marítima
A brisa do mar e a visão das belas praias da capital baiana são os grandes atrativos para as centenas de usuários que passam pelo calçadão da orla diariamente. Dos 20 km do litoral soteropolitano, a reportagem da O2 selecionou um intervalo de 9.700m, que vai do Jardim de Alah à praia de Piatã, trecho que apresenta uma infra-estrutura mais adequada à prática. Diferentemente de outros pontos da orla, neste percurso o calçadão é mais amplo e não há pontos de ônibus no meio do trajeto.

O treinador Elquisson de Castro não recomenda o percurso para os corredores iniciantes, devido ao desnivelamento da pista. “Os novatos na prática tendem a não prestar muita atenção ao movimento do corpo durante o exercício e isso, numa pista desnivelada, pode levar a torções ou a lesões mais graves”, alerta. Para Castro, o trajeto pode ser utilizado para treinos de pouca precisão como os chamados treinos regenerativos, que visam a manutenção do condicionamento físico.

Endereço: Avenida Octávio Mangabeira, s/n
Área total: Trecho Jardim de Alah /Piatã tem 9.700 m
Entrada: Aberto
Horário de funcionamento: 24h/ Iluminação noturna especial na praia de Jardim de Alah; nos outros trechos a corrida noturna é desaconselhável
Tipo de solo: Concreto
Estacionamento: Espalhados ao longo do percurso
Sanitários: Banheiros públicos espalhados ao longo do percurso nos postos salva-vidas
Bebedouros: Não há
Lanchonetes: Há restaurantes, barracas de praia e vendedores ambulantes espalhados pelo trajeto
Guarda-volumes: Não há
Playground: Pista de patins no Jardim dos Namorados, parques infantis na praia da Boca do Rio
Quadras: Vários espaços públicos destinados à prática de esportes: três quadras poliesportivas no Jardim dos Namorados; três quadras na praia da Boca do Rio; uma quadra de tênis no Corsário; dois campos de futebol de areia em Pituaçu
Vestiário: Não há
Acessórios: Equipamentos de ginástica (barras paralelas e pranchas para abdominais) espalhados pelo percurso
Segurança: Realizada pela Polícia Militar.
Lixeiras: Em todo o percurso
Marcadores de distância: A cada 100 metros
Percurso: Plano em sua maior parte; poucos aclives e declives leve

2) Parque de Pituaçu

Uma reserva ecológica no meio da selva de pedras. Este é o Parque Metropolitano de Pituaçu, um pedaço remanescente de Mata Atlântica de 450 hectares que conserva espécies da fauna e flora: são pássaros diversos, tamanduás e micos, além de árvores como mangueiras, cajueiros, goiabeiras, coqueiros, dendezeiros e palmeiras. O visitante pode desfrutar do contato direto com a natureza em 15 km de ciclovia, que também é bastante utilizada pelos corredores. O parque conta com uma área de 200 mil metros quadrados de espelho d’água, formado a partir da construção da barragem do Rio Pituaçu, em 1906, onde habitam diferentes espécies de peixes e cobras.

Oferecendo um leque de opções de lazer como parque infantil, pista de patinação, aluguel de bicicletas e pedalinhos, o Parque de Pituaçu recebe cerca de 3 mil visitantes nos fins de semana, o que, à primeira vista, poderia atrapalhar a movimentação dos corredores. Mas, segundo o treinador Renato Maia, coordenador da Renato Maia Treinamento Individualizado, o grande fluxo de famílias não chega a prejudicar o desempenho dos atletas, já que aquele tipo de público costuma utilizar apenas o início da ciclovia.

Endereço: Avenida Otávio Mangabeira, s/n
Área total: 425 hectares
Entrada: Acesso ao estacionamento interno pela Rua Netuno
Acesso aos pedestres pela avenida Otávio Mangabeira
Acesso alternativo pelos “fundos” do parque, na avenida Luís Viana Filho, na altura do Centro Administrativo da Bahia, sentido Centro-Aeroporto
Horário de funcionamento: 6h às 16h
Tipo de solo: Solo-cimento (mistura de cimento e arenoso)
Estacionamento: Um estacionamento interno, com capacidade para 160 veículos, e um estacionamento para 40 carros em frente à entrada de pedestres
Ciclistas: Convívio tranqüilo
Lixeiras: Em todo o percurso
Marcadores de distância: A cada 500 metros. O marco zero fica na área do centro de convivência
Percurso: Os 15 km de ciclovia apresentam percurso plano e sinuoso (muitas curvas).
Site: http://www.conder.ba.gov.br/parque_pituacu.htm

3) Parque da Cidade (Parque Joventino Silva)

Juntamente com o Parque de Pituaçu, o Parque Joventino Silva, mais conhecido como Parque da Cidade, é um pedaço da Mata Atlântica em meio à área urbana de Salvador. Os corredores que buscam o contato direto com a natureza encontram mais um espaço de contemplação e integração com plantas e animais em meio aos 720 mil metros quadrados de área verde, que fazem do local uma das maiores reservas ecológicas em área urbana da Bahia. Reestruturado no ano de 2001, o Parque da Cidade conta com uma infra-estrutura de esporte e lazer que atrai visitantes de todas as áreas da capital baiana, especialmente nos fins de semana.

Segundo o bancário Lúcio Cézar Carapiá, 51 anos, o percurso ecológico é o grande diferencial do local. Para ele, a paisagem exuberante e a ausência de trânsito ou edificações fazem do lugar um refúgio para a correria da cidad
e grande. Carapiá, que é adepto dos exercícios físicos desde a adolescência, garante que as corridas no parque são indispensáveis para garantir a resistência exigida pelas partidas de futebol, que disputa com freqüência. “Os bons resultados dos meus últimos exames clínicos impressionaram o meu médico. Além disso, a corrida me garante humor e disposição sempre em alta”, comemora.

Carapiá elegeu a pista de cooper de 1.200 metros (ida e volta) como o lugar preferido para o seu exercício matinal. “Prefiro este percurso porque a pista é mais macia que a de concreto. Além disso, a vegetação aqui é mais densa, o que alivia o calor. A sensação que tenho é a de estar entrando num grande ar condicionado”, compara. O trecho, que leva o apelido de “gravata” devido ao seu formato, é o mais movimentado e seguro. Ali, mulheres andam e correm desacompanhadas sob a atenção de policiais militares espalhados por pontos estratégicos.

Já o percurso principal, de 3.500m, requer mais atenção e cautela por parte dos freqüentadores, pois o policiamento é mais diluído nesse trecho. Mesmo registrando números decrescentes de ocorrências, a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA) recomenda que os visitantes evitem expor bens de valor como telefones celulares e jóias, por exemplo.

O treinador Hércules Ferreira da Silva, pós-graduado em Treinamento Esportivo pela Universidade Federal do Pará, indica o percurso principal para os treinamentos de resistência de atletas de nível intermediário e avançado, por conta das subidas que chegam a 600 metros.

O funcionário público Sérgio Reis dos Santos, 47, que utiliza o parque como local de trabalho e de lazer, concorda que o percurso principal (de 3.500 metros) é ideal para treinamentos mais intensos, já que existem aclives e declives acentuados. Para Santos, que pratica cooper há dez anos e participa esporadicamente de corridas de rua, a pista é um pouco desnivelada e os marcadores de distância estão desgastados, mas essas deficiências não chegam a atrapalhar o seu desempenho.

Endereço: Avenida Antônio Carlos Magalhães, s/n – Itaigara
Área total: 720 mil metros quadrados
Entrada: Duas entradas para pedestres e uma para carros, todas na avenida Antônio Carlos Magalhães
Horário de Funcionamento: 6h às 18h
Tipo de Solo: Concreto (pista de 3.500m) e solo-cimento (pista de 1.200m)
Estacionamento: Capacidade para 250 carros.
Ciclistas: Raros
Lixeiras: Espalhadas por todo o parque
Marcadores de distância: A cada 100m. O marco zero está localizado logo após o portão de entrada 1
Percurso: Pista é sinuosa com aclives e declives leves e acentuados
3.500m – percurso principal
1.200 m – Pista de cooper (ida e volta)

4) Dique do Tororó

As esculturas dos orixás, assinadas pelo artista plástico Tati Moreno, no espelho d’água de 110 mil metros quadrados são a marca registrada deste cartão postal, que é ponto de encontro de famílias, casais de namorados, amigos e, claro, atletas profissionais ou amadores. Desde sua revitalização, em 1998, a área entrou no roteiro de lazer e esporte de baianos e turistas, registrando uma visitação média de 3 mil pessoas nos fins de semana.

Mesmo ladeado por duas grandes avenidas, onde o tráfego de veículos é intenso, o Dique do Tororó conserva uma vegetação exuberante que, na opinião de alguns usuários, ameniza os efeitos da poluição em volta.

O geógrafo Marcos Antônio Miranda Kalil, 30 anos, corre no Dique desde que passou a residir nas proximidades. Além da boa localização, próxima ao centro da cidade, ele aponta a infra-estrutura adequada, a limpeza e a segurança como diferenciais do roteiro que costuma freqüentar de duas a três vezes por semana, percorrendo uma distância média de 5 km. Nos fins de semana, o geógrafo recomenda a corrida nas primeiras horas da manhã como forma de driblar a grande movimentação do parque.

Além da pista bem conservada, os usuários têm à disposição decks de pesca e de remo e uma praça de ginástica bem freqüentada. Os eventos culturais são outro destaque do lugar: no palco flutuante, especialmente na alta estação, acontecem apresentações de corais, peças de teatro e música.

Endereço: Avenida Presidente Costa e Silva, s/n
Área total: 144 mil metros quadrados
Entrada: Aberto. Acesso ao estacionamento pela avenida Presidente Costa e Silva
Horário de funcionamento: 24h; iluminado à noite. A Polícia Militar recomenda a utilização até às 22h30.
Tipo de solo: Pista em bloquete de uni-mini (pedras fundidas em concreto encaixadas umas nas outras)
Estacionamento: Aproximadamente 130 carros
Lixeiras: Por todo o percurso
Marcadores de distância: a cada 100 metros. O marco zero fica em frente ao estacionamento.
Percurso: Pista de 2.600 metros plana
Site: http://www.conder.ba.gov.br/parque_dique.htm

5) Canteiro Central da paralela

O canteiro central da Avenida Luís Viana Filho, também conhecida como Avenida Paralela, é um dos pontos mais utilizados pelos moradores dos bairros circunvizinhos como Imbui, Cabula, Patamares, Flamboyan etc, para a prática de corrida. A pista de cooper e a ciclovia, inauguradas em 2002, são frequentadas durante todo o dia, mas principalmente das 6h às 8h e das 16h às 20h. Boas condições do piso e segurança são os principais atrativos para os frequentadores. Na pista de cooper saltam aos olhos os mosaicos em azulejos, do artista plástico Fernando Coelho, que retratam símbolos da terra, como a capoeira, baianas de acarajé, fitinha do Bonfim, Elevador Lacerda e Farol da Barra.

O aposentado Turivaldo Rodrigues elogia a qualidade da pista, que considera bem nivelada, mas reclama da falta de infra-estrutura para atender às necessidades dos corredores. Rodrigues, que corre há cerca de dez anos, acredita que o grande número de árvores e palmeiras compensa um pouco a poluição emitida pelos carros numa das mais movimentadas avenidas da cidade.

Os entrevistados pela reportagem da O2 concordam que a grande circulação de automóveis ao redor do circuito, que fica a cerca de 50 metros das avenidas, não chega a atrapalhar o desempenho durante a corrida. “Mesmo havendo muito movimento de carros, não sinto os efeitos da poluição. Pelo contrário, escolhi o lugar por considerá-lo calmo e bonito”, afirma Ângela Santos Dias, 25 anos, monitora de parques.

Endereço: Avenida Luís Viana Filho, s/n
Área total: Pista de cooper de 2.160m
Entrada: Aberto. Acesso pelo Memorial Luís Eduardo Magalhães ou pela passarela de pedestres do Centro Administrativo da Bahia (CAB)
Horário de funcionamento: 24h, iluminação noturna
Tipo de solo: Concreto
Ciclistas: Convívio pacífico; ciclistas e pedestres não dividem o mesmo espaço
Lixeiras: Por todo o percurso
Marcadores de distância: a cada 200 metros.
Percurso: Pista de 2.160 metros plana, com alguns aclives e declives leves