Pagliarini pendura as sapatilhas

Atualizado em 17 de novembro de 2010
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Por Tadeu Matsunaga

Luciano Pagliarini, de 32 anos, considerado um dos maiores ciclistas do Brasil, com uma vasta carreira e vitórias no continente europeu, irá pendurar as sapatilhas no final desta temporada.

Nascido em Arapongas (PR), Pagliarini construiu sua carreira após um surgimento rompante na equipe Caloi. Logo foi convidado para pedalar na Europa com a equipe diletante IMA-Cadore. Tornou-se profissional com a Lampre e também competiu pela Liquigas e Saunier Duval.

Depois do naufrágio da equipe H2O, com a qual assinou contrato, mas que nunca saiu do papel, ele voltou ao Brasil para competir pela equipe Memorial/Giant/Santos e liderar o projeto de pista brasileiro.

Este ano, aceitou o desafio de liderar a equipe ProContinental brasileira Scott/Marcondes Cesar/São José dos Campos. Mas o final não foi dos mais felizes, com o fim do time, que conduziu Pagliarini a descer da bicicleta. Ele ainda foi sondado pela equipe espanhola Movistar, mas não chegou a um acordo.

Pagliarini acredita que chegou o momento de deixar as estradas e abrir as portas para as gerações futuras do ciclismo nacional.

Prólogo: Como vê o seu futuro no ciclismo nacional?
L.P: Chegou o momento de pendurar as sapatilhas. Tinha muita vontade de permanecer, mas acabei perdendo o foco por inúmeros motivos. É o momento certo, é uma fase de transição na minha carreira, mas estou tranqüilo.

Prólogo: A decepção com o projeto da Scott/Marcondes César/São José dos Campos foi decisiva na sua decisão?
L.P: Sem dúvida. Foi uma situação que gerou muito desgaste e decepção. Retornei ao Brasil com muita disposição e isso ficou comprovado com o início da temporada (referindo-se as três vitórias na Rutas de América, no Uruguai). Infelizmente as coisas perderam o rumo e nada do que foi combinado se concretizou. Foi uma pena.

Prólogo: Muito se especulou sobre uma possível ida para a Movistar (ex-Caisse d´Epargne). O que existiu de fato?
L.P: Antes mesmo de toda a especulação eu recebi um convite para retornar a Europa. O Fausto Pinarello chegou até mim e disse que havia interesse da Movistar. Eles desejavam um atleta com as minhas características, mas acabou não havendo acerto.

Prólogo: Você está feliz com essa decisão?
L.P: Estou muito tranqüilo e feliz. Foram muitos anos no continente europeu, longe da minha mulher, da minha filha, dos meus pais…não é fácil. Deixei de vivenciar muita coisa por conta do meu sonho, porém, espero aproveitar tudo o que vier pela frente ao lado deles.

Prólogo: Seu futuro está traçado?
L.P: Eu e a CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo) chegamos a um acordo. Passo a ser integrante da comissão técnica da seleção brasileira de pista.

Prólogo: E quais suas expectativas em torno disso?
L.P: É um período de reestruturação da categoria no Brasil. Estamos partindo de um recomeço. As idéias são boas e no que depender de mim e dos demais, tudo pode dar certo.

Prólogo: Alguma meta nesses primeiros meses?
L.P: Já conversamos e convoquei 15 atletas. Faremos um treinamento na cidade de Maringá, com o apoio e suporte da Prefeitura local. Quero ter a oportunidade de avaliar aqueles que, a meu ver, ainda tem condições de crescer e agregar ao esporte.

Prólogo: E as etapas da Copa do Mundo?
L.P: Selecionamos quatro atletas (Robson Dias, Sumaya Ali, Davi Romeo e Janildes Fernandes) e estaremos presentes na 1ª etapa, que acontece em Melbourne. Nosso foco está no “Projeto Olímpico”. Todos precisamos aprender. Fazer o reconhecimento, desenvolver nossas qualidades. Restam cinco anos para as Olimpíadas do Rio. Parece muito, mas o tempo passa rápido. Precisamos trabalhar duro e aproveitar. É a hora da virada, o momento é agora.

Prólogo: Você tem seus projetos paralelos (Training Bike e Marathon Bike), terá tempo de conciliar todos com sua nova rotina?
L.P: Como eu disse, precisamos aguardar e saber o que realmente vai acontecer com nosso projeto, mas meu desejo é fazer o melhor sempre. O Training e o Marathon Bike surgiram sem muita pretensão, mas muitas pessoas aderiram e isso é gratificante. Espero ter condições de conciliar todos eles. Será difícil, mas é mais uma meta para os próximos anos.