Perto do Atacama, Simões conta as novidades

Atualizado em 17 de maio de 2006
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Nosso aventureiro já está há mais de dois meses pelas estradas. Veja as novidades!

Já foram mais de 2.500 quilômetros pedalados em quase dois meses de viagem. Essa distância já me fez percorrer o território de três países: Brasil, Paraguai e Argentina, onde estou agora. A semana que passou foi no mínimo diferente. Passei por uma cidade chamada Pampa del Infierno e alí tive alguns dias difíceis, provavelmente, por estar no Infierno mesmo.

Neste exato momento, estou numa cidade chamada Taco Pozo. Para aqueles que quiserem me localizar no mapa, basta olhar as as províncias do norte da Argentina. Esta cidade está localizada na ponta da Provincia del Chaco, mais precisamente entre outras duas províncias, de Santigao del Estero e de Salta, para onde vou.

Os rumores que eu ouvi sobre o Paraguai não se concretizaram: ninguém tentou me roubar, pelo contrário, a criminalidade do nosso vizinho pobre é muito menor que a brasileira; la policia não conseguiu tirar um centavo de mim, apesar de ter tentado, confesso; a estradas não são tão ruins, mas os obstáculos presentes no acostamento, fazem certos trechos da estrada se tornarem extremamente irritantes.


Pampa del Infierno, na Argentina (Arthur Simões)

O que pude confirmar foi a pobreza do país. Fora de suas duas cidades mais ricas, porém ainda pobres, Ciudad del Este e Assunção (capital), o que se encontra é só miséria e uma população formada basicamente por índios, que muitas vezes só falam o idioma guarani.

Depois de Assunção, entrei na Argentina, pela cidade de Clorinda. Aqui me lembra bastante o Brasil pela sua estrutura, tanto das cidades, quanto do preço das coisas. A principal diferença está no clima e nas pessoas, ambos frios.

Depois de garimpar algumas informações sobre a região descobri que o melhor caminho para San Salvador de Jujuy, última grande cidade antes de minha entrada no Deserto do Atacama, seria por Resistencia, por ser mais bem pavimentado, com mais cidades e mais bonito. Até agora tenho que concordar com o que me falaram, porém no que se refere à beleza tenho minhas dúvidas, pois estou vendo a mesma paisagem já faz duas semanas: vegetação rasteira e estrada plana sem fim, sempre.

Meus conselhos para quem quer pedalar por estes nossos vizinhos é: não se preocupe tanto com o dinheiro, pois se gasta pouco por aqui; se sua bike não é de 20 anos atrás ou uma barra forte é bom que traga algumas peças extras para alguma eventualidade, já que as bicicletarias aqui estão um pouco “atrasadas”; e se você resolver pedalar sozinho pelo norte argentino traga algo para se distrair durante o caminho, senão morrerá de tédio. E como dizem por aqui, Buen Viaje!

Até a próxima!

Arthur Simões Cardoso Neto, 24 anos, é formado em direito, professor de yoga, ciclista e esportista convicto. Ele realiza o Pedal na Estrada viajando por 30 países sobre um bicicleta, com o patrocínio da Bristol-Myers Squibb e o apoio de Fuji Bikes, Dennova e Base64.


As Malvinas foram causa de guerra nos anos 80 (ArthurSimões)