Há 25 anos, o Brasil brilhava no Tour de France

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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O dia 14 de julho remonta a um dos eventos mais importantes (se não o mais) da história da França. É a data da Queda da Bastilha, levante popular ocorrido em 1789, que se tornou o símbolo da Revolução Francesa. Mais de 200 anos depois, em 1991, a data tornaria a entrar para a história, só que dessa vez do ciclismo. O palco novamente foi a França, mais precisamente o Tour de France, a maior e mais tradicional competição do ciclismo de estrada mundial. Já o protagonista, apesar do “manto francês”, foi um brasileiro.

No dia 14 de julho de 1991 ocorreu a disputa da 9ª etapa do 78º Tour de France, num percurso de 168 km entre Alençon e Rennes, no noroeste da França. No pelotão, alguns dos maiores nomes da história do ciclismo e da Grande Volta francesa, como os espanhóis Miguel Indurain (que naquele ano conquistou o primeiro dos seus cinco títulos consecutivos no Tour) e Pedro Delgado (campeão da prova em 1988), os franceses Laurent Fignon (campeão em 1983 e 1984) e Laurent Jalabert (campeão por pontos em 1992 e 1995, e da classificação de montanha em 2001 e 2002), o norte-americano Greg LeMond (campeão em 1986, 1989 e 1990) e o italiano Claudio Chiappucci (pódio na competição em 1990, 1991 e 1992, sendo campeão da classificação de montanha nos dois últimos anos). Era uma etapa plana, que sucedia a disputa do contrarrelógio individual, vencido no dia anterior por Indurain – que ainda lutava pela camisa amarela, naquele momento em posse de LeMond. Assim, já era esperado que a decisão da etapa se daria no sprint final. O que não se previa, contudo, era uma vitória totalmente inédita.

Na época, o paranaense Mauro Ribeiro corria pela equipe francesa R.M.O. (desde 1986), era gregário do francês Charly Mottet e considerado um especialista em “clássicas” (provas de um dia, como a Paris-Roubaix, a Milan-San Remo, a Liège-Bastogne-Liège…). Sendo assim, era uma etapa favorável à sua especialidade. Faltando 40 km para a meta, Mauro se meteu numa fuga com outros 15 ciclistas e seguiu no grupo escapado até Rennes. Nesse grupo estava ninguém menos que Laurent Jalabert, disparado o favorito para vencer aquela etapa. Mas no sprint final, no entanto, o brasileiro surpreendeu a todos e atacou faltando 800 m para a meta. O francês bem que tentou contra-atacar, mas era tarde demais para tirar a vitória de Mauro Ribeiro – confira o vídeo da chegada.

O triunfo do brasileiro sobre Jalabert se deu em pleno aniversário da Queda da Bastilha, quando os anfitriões esperavam comemorar a vitória de um compatriota. Mas nem por isso os franceses deixaram de fazer festa. Afinal, também era a vitória de uma equipe francesa, e o fato de ser a primeira conquista de um brasileiro no Tour contagiou a todos. Mauro foi parabenizado pessoalmente por alguns campeões como LeMond e Fignon, e seu feito foi noticiado e exaltado por toda a imprensa francesa na época – bem mais que na mídia brasileira, diga-se de passagem.

Ainda naquela edição, ele viria a conquistar a terceira colocação na 15ª etapa, terminando o Tour de France em 47º na classificação geral – dentre 158 ciclistas concluintes. Além de se tornar o único brasileiro a vencer uma etapa da Grande Volta francesa, ainda foi o primeiro a conseguir conclui-la. E seu resultado na classificação geral também permanece como o melhor já obtido por um brasileiro na prova.