Máfia armou doping que acabou com Pantani

Atualizado em 20 de setembro de 2016

Informações obtidas pela polícia italiana indicam que a Camorra (máfia napolitana) teria adulterado o exame que condenou o ciclista Marco Pantani por doping no Giro d’Italia em 1999. O episódio é tido como o grande golpe na carreira do “Pirata”, como era conhecido o ciclista italiano, que mais tarde acabou entrando em depressão e depois foi encontrado morto em 2004 com indícios de overdose de cocaína – caso que levantou suspeitas de que poderia ter sido assassinado pela máfia.

Segundo notícia da Gazzetta dello Sport, a investigação apurou que Pantani teve seu exame adulterado por pressão de um dos membros da Camorra para que o ciclista não vencesse a competição e algumas casas de apostas pudessem faturar alto com isso. A polícia da cidade de Forli, que reabriu o caso em 2014, teve acesso ao conteúdo de uma conversa telefônica entre um ex-presidiário membro da Camorra e sua família, onde ele conta que um membro da organização criminosa ameaçou o médico responsável pelos exames no Giro d`Italia e o forçou a alterar o resultado do teste do ciclista, feito em caráter surpresa na penúltima etapa.

Com a adulteração, os exames acusaram uma porcentagem 51,9% de glóbulos vermelhos no sangue de Pantani, 1,9% acima do permitido na época pela Federação Internacional de Ciclismo (UCI), e o italiano foi desclassificado da competição e punido por doping. Na ocasião, o Pirata lutava pelo bicampeonato consecutivo e era o líder absoluto do Giro, com quatro vitórias e mais de cinco minutos de vantagem sobre o segundo colocado. A conversa telefônica confirma uma história contada por Renato Vallancazca, um dos maiores mafiosos da Itália, que em seu livro revelou que um companheiro de cela e também integrante da Camorra o aconselhou a apostar dinheiro contra Pantani no Giro de 1999 dizendo que o ciclista não ganharia aquela edição.

Tonina Pantani, mãe do ciclista, declarou que o fato contribuiu para que ele desenvolvesse o quadro de depressão que seis anos mais tarde culminaria com sua morte trágica e ainda misteriosa. Como o caso prescreveu na justiça italiana, a família Pantani agora luta para ao menos ser recompensada com base na revelação da fraude.