Saiba como se preparar para as subidas da Copa VO2

Atualizado em 17 de abril de 2018
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A Copa VO2 se aproxima (ainda não se inscreveu? Inscreva-se aqui): no dia 20 de maio, centenas de ciclistas de estrada vão testar suas pernas nas subidas da estrada velha, com 51 km ligando Santo Antonio do Pinhal a  Campos do Jordão (SP).

Em preparação para a prova, conversamos com a atleta Marcella Toldi, 33, ciclista da Cylance Pro Cycling, que nos deu algumas dicas de como se preparar para uma prova com muita subida:

 

VO2 Bike: Como você se prepara para uma prova de estrada?

Marcella Toldi: Acho legal ter um técnico ou um coach para montar uma planilha, pois a periodização para as provas-objetivo e o apoio de um profissional capacitado fazem toda a diferença, principalmente para quem trabalha o dia inteiro e precisa equilibrar família, amigos e as demais obrigações da vida.

Hoje em dia não tem desculpa para não treinar com um profissional, há muitas assessorias boas em São Paulo e, para quem não mora na capital, alguns técnicos oferecem o serviço online que funciona bem para quem realmente quer evoluir no esporte.

Marcella Toldi (Fotos: Divulgação Cannondale)

>> Como se preparar para uma prova caracterizada pelas subidas?

O trabalho que faço com meu coach para nossas provas-alvo consiste em estudar os percursos, estimar tempo e tipo de esforço que a prova demandará e trabalhar em cima dessas variáveis para chegar lá preparada. Então, por exemplo, o L’Étape em Campos do Jordão. Sabemos que o percurso passa pela serra velha (percurso da Copa VO2) e tem mais algumas subidas, como o Pico do Itapeva. Pegamos essas subidas e calculamos distância, inclinação, características técnicas e, ao longo de alguns meses que antecedem as provas, vamos trabalhar estímulos físicos com base no perfil da prova.

Ao longo de uma semana farei em alguns dias treinos de tiros, de duração total mais curta, focando no tempo médio que levarei para fazer cada subida da prova e nos longos, nos finais de semanas, trabalho para simular o tempo aproximado que levarei para completar a prova. É muito específico – reitero que só um bom profissional consegue montar uma planilha que atenda bem às necessidades de cada atleta.

 

>> Como posso treinar para subidas se eu só consigo treinar no plano?

Meu coach me passa muitos treinos para provas de montanhas no plano! O que precisa ser trabalhado é a capacidade de lidar com a sensação de desconforto maior que passamos nas subidas. Então eu trabalho com potência e frequência cardíaca como referências, e os números não mentem. Sei como meu corpo reage em uma subida e simulo o mesmo tipo de desconforto em uma reta. Tendo a potência como referência certamente ajuda muito, mas se só tiver um frequencímetro já dá para fazer um bom trabalho.

 

>> Onde há boas subidas para treinar em SP?

Não necessariamente vou para subidas para treinar as subidas, como disse na pergunta anterior, mas, quando quero subir, vou até a USP durante a semana e faço subidas na Rua do Lago ou na Química.

São subidas de 2 a 4 minutos (dependendo do esforço). Se posso sair um pouco da cidade, vou até o Pico do Jaraguá, onde tem uma subida de 4,5 km com pontos de inclinação acima de 10%, em alguns momentos chega a ser 15%. Nos finais de semana também procuro treinar em Romeiros ou em Campos do Jordão.

 

>> Qual estratégia usar para uma prova de subida, para poupar energia?

Acho que experiência é a melhor recomendação, não dá para pular etapas, cada um precisa se conhecer direito para saber qual o nível de esforço que consegue manter em um determinado tempo. Quando eu não conheço muito a prova ou a subida, tento ser mais conservadora na primeira metade da prova e, se estiver me sentindo bem, começo a aumentar a intensidade gradualmente a cada 5 ou 10 minutos, dependendo do tamanho do percurso e, é claro, da dinâmica da prova.

Marcella Toldi

>> E se você está querendo ser rei da montanha, como divide a energia?

Nesse caso acho que precisa ser realista e tomar essa decisão na preparação para a prova. Não adianta não treinar ou se dedicar direito e chegar no dia da prova esperando fazer milagre. Se não treinou direito pode ter certeza de que outros treinaram (risos). Mas, se fez o dever de casa, é preciso ser agressivo e ir para o risco. É tudo ou nada.

Buscar informações exatas de onde começa e onde termina o trecho e, assim que passar o início, fazer força total até o final ou até “quebrar”. E, mesmo que quebre, não pare de pedalar, continue, respire um pouco e siga tentando porque é duro para todo mundo e às vezes a diferença é de segundos.

>> Em que momentos devo comer durante a prova?

É muito particular, mas eu me programo para comer a cada 30-40 minutos, no máximo. Brinco que tento engordar em provas porque aprendi que comida é igual a energia então não é na prova que se deve economizar. Hidratação também é muito importante e por isso levo o máximo de água e isotônico que consigo carregar.

>> Que outras dicas você daria para provas de subida, ou para quem fará sua primeira prova de estrada?

Acho que o mais importante é começar a se acostumar com a sensação desconfortável que uma bela subida dá e lembrar que, se está difícil para nós, também está para todo mundo e acreditar que somos muito mais capazes do que imaginamos!

Valorizo cada dia do meu caminho até aqui, acho que tenho muito ainda a evoluir, mas tento não pular etapas porque todas as fases são bonitas e muito especiais e dão alma ao nosso esporte amado. Com cada conquista vem uma vontade e um desafio diferente e cada um vai descobrir o que mais curte e o que mais te motiva. Não tenha pressa e aproveite o passeio!