Cicloturismo

Expedição ao pólo norte quer fazer alerta ambiental

 Depois de muito planejar, o navegador Felipe Caire decidiu unir seu sonho de dar a volta ao mundo em um veleiro e continuar com seu trabalho de conscientização ecológica, iniciado em 2005 com comunidades costeiras e ribeirinhas da Bahia. Assim surgiu a Expedição Mistralis Pólo Norte que terá o objetivo de alertar sobre alguns efeitos que o aquecimento global tem causado na região ártica.

A Expedição de Caire e equipe sairá do Rio de Janeiro, com destino ao pólo norte, seguindo para o Alasca. Desta forma, a equipe dará a volta nas Américas contornando o temido Cabo Horn, que depois do que a expedição irá enfrentar no norte talvez não seja tão temido assim.

Em contato com a comunidade científica, Caire e sua equipe conversaram com Slawek Tulaczyk, professor do centro de glaciologia e da escola de ciências geográficas na Universidade de Bristol, na Inglaterra. O cientista atestou ao grupo a possibilidade de fazer uma observação do oceano ártico, acrescentando que poderiam dar uma valiosa contribuição científica fazendo uma medição oceonográfica da salinidade e temperatura da água, baseada no gelo oceânico e espessura ou mesmo o peso do gelo acima do nível do mar.

Entretanto, para conseguir levar a Expedição adiante, a equipe está em busca de patrocínio, que esperam conseguir ainda este ano, para que a viagem possa ter início em 2008. “Pioneirismo, coragem, planejamento e espírito de equipe são a chave dessa expedição”, diz Felipe Caire, que é graduado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e possui uma empresa de treinamentos a vela.

Objetivos

O objetivo da expedição é chegar o mais próximo possível do pólo norte, e gerar um documentário da viagem que mostrará as mudanças no ambiente terrestre como: degelo dos pólos, diminuição da biodiversidade, mudanças climáticas, e os efeitos econômicos e sociais que tais mudanças causam, de forma a conscientizar as pessoas dos efeitos catastróficos que o aquecimento global irá provocar ao planeta.

“Acreditamos que é preciso fazer alguma coisa para salvar a vida na Terra antes que seja tarde demais. Os estragos são evidentes, as geleiras continuam a degelar em um ritmo cada vez mais acelerado prejudicando a vida de diversos seres vivos, inclusive a do homem. Arriscaremos nossas vidas em uma expedição sem precedentes para mostrar à humanidade o que está acontecendo com o mundo em que vivemos”, acrescenta Caire.

Pesquisas da WWF (Fundo Mundial para a Natureza) indicam que países como Canadá, Rússia e Escandinávia podem perder mais de dois terços de seus habitats naturais até 2100. Uma outra conseqüência apontada pelo WWF é a ameaça à população de 22 mil ursos polares, que depende do chamado “gelo eterno” para poder sobreviver.

Uma das justificativas da expedição é a de alertar às pessoas sobre a necessidade iminente de lutar pela preservação do meio ambiente. “É preciso diminuir a emissão de gases estufa para à atmosfera terrestre, uma vez que, caso isso não aconteça, o mundo irá enfrentar catástrofes de proporções inimagináveis”, ressalta Caire.

Tripulação

Até o momento, a tripulação é composta por dois experientes navegadores de diferentes áreas, Felipe Caire, comandante da expedição, cruzeirista e escritor do livro da Expedição, e Fernando Carvalhal, navegador e excelente regatista, que já conquistou inúmeros campeonatos. Também fazem parte da equipe Dado Galdieri, velejador, cinegrafista e fotógrafo, responsável pelo documentário. O grupo ainda terá um médico, um cientista e um pesquisador convidado, que irá embarcar em Longyearben, a principal cidade do arquipélago de Svalbard, pertencente a Noruega.

Preparação

De acordo com Caire, um dos principais detalhes para o sucesso da expedição é o seu planejamento, pensar nos mínimos detalhes, estudar a rota, as possibilidades de parada, pensar no que pode vir a dar errado, enfim, pensar em absolutamente todos os detalhes, e ainda contar com o inesperado. Mas Caire diz que isto é possível. “Estudando bastante toda a rota, conhecendo muito bem o mapa da região, pesquisando detalhadamente sobre a região e, principalmente, conhecendo todos os detalhes da embarcação”, explica. Este último item não será problema para Caire, que é proprietário da embarcação, o Mistralis, que está sendo reformado para enfrentar essas condições.

A Equipe Mistralis irá enfrentar temperaturas de até -40°C, para enfrentarem todo esse frio usarão três roupas ao todo para tentarem manter a temperatura do corpo. Já no interior do veleiro existe um aquecedor que produz 18.000 btu, suficiente para manter a temperatura em seus agradáveis 20°C, já que o veleiro possui um isolamento térmico de mais de 10 cm de espessura de lã de vidro. Dessa forma os tripulantes estarão seguros no interior do veleiro. “No convés do veleiro o que irá manter a tripulação a bordo será a experiência, o espírito de equipe e muita atenção para não sermos levados por algum descuido”, diz Caire.

Cronologia

“Desejamos zarpar em 2008, contudo, definir uma data é muito difícil já que necessitamos de patrocínio para a completa realização da expedição. Temos que chegar em Longyearben, capital de Svalbard, um arquipélago a norte-nordeste da Noruega no verão, em agosto, onde iremos fazer a nossa última parada até o tão almejado alvo da expedição, o pólo norte”, conta Caire.

Roteiro

A rota da expedição Mistralis é dividida em três etapas:

Rota Atlântico – Pólo Norte

A expedição zarpará do Rio de Janeiro em direção a Abrolhos, onde fará um documentário sobre o branqueamento dos recifes, um fenômeno que está acontecendo devido ao aumento da temperatura dos oceanos, segundo cientistas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), depois seguirão para Salvador, Recife e Fernando de Noronha.

Depois de aproximadamente 14 dias de navegção pelo Oceano Atlântico chegarão no porto de Dakár, onde farão um documentário sobre o fenômeno da desertificação, que vem causando um aumento de doenças transmitidas por roedores que estão migrando para o sul, além de outros fatores que a equipe vem pesquisando. “De Dakar navegaremos pela costa oeste da Europa, faremos paradas pela Noruega onde iremos mostrar regiões que onde haviam lagos congelados, agora correm rios inteiros e que o aquecimento global tem ajudado a agricultura, já que campos inteiros estão possíveis para serem fertilizados, pois agora não existe mais gelo por cima da terra. Detalhe importante que a terra que surge do gelo é muito fértil e tem gerado ótimos resultados para a agricultura”, diz.

A última parada na Noruega será Tromso, uma pequena comunidade. Depois de mais de 536 milhas de forte navegação, enfrentando ondas de até 15 metros e ventos de 60 nós, chegarão a Longyearben, o último porto até o pólo norte. Em Longyearben irão embarcar material especializado para fazerem as pesquisas científicas sobre o gelo. Então, a expedição se preparará para enfrentar o maior de todos os desafios: chegar o mais próximo possível do pólo norte. “Pretendemos ir até onde nenhum outro explorador a bordo de um veleiro conseguiu ir, dessa forma iremos mostrar ao mundo a que nível chegou o aquecimento global”, deseja Caire. “Para nos certificarmos de que a expedição terá sucesso estamos estudando detalhamente mapas espaciais e nos comunicando com os principais cientistas responsáveis por esses estudos, além de estarmos obtendo informações de navios quebra-gelo de turismo que fazem a rota polar ártica”, acrescenta.

Rota Polar-Ártica

Depois de conquistada a primeira etapa, a aventura será pelo mar de Beauford, um dos mais perigosos à navegação, onde enfrentarão uma região com pouquíssimas informações cartográficas, mas que a
marinha mercante está começando a investigar agora devido ao aquecimento global e a nova possibilidade de navegação.
“Estaremos navegando por áreas desconhecidas e repletas de tempestades e muitos pequenos e outros grandes icebergs, o que torna a navegação muito perigosa, além dos fortíssimos ventos e das enormes ondas. Ao chegarmos ao Alasca iremos fazer nossa última parada cartografada em Prudhoe Bay e de lá iremos navegar em direção aos fiordes a sudoeste da Groenlândia, mais uma vez, em busca do desconhecido, visto que não existem dados que comprovem exatamente como estão os fiordes do local, por ser uma área remota, extremamente fria e desabitada. Apenas explorada pela indústria petrolífera”, relata.

Esta será a etapa em que a Equipe deverá tomar todos os cuidados com o frio, pois enfrentarão as mais baixas temperaturas, os piores temporais e os mais difíceis anconradouros. “Será um grande desafio conseguirmos realizar essa etapa em tempo hábil, pois estaremos correndo contra o relógio do inverno, ou seja, contra o congelamento da região. Teremos que fazer a etapa o mais rapidamente possível para conseguirmos voltar e sairmos pelo estreito de Bering nos EUA, inciando a terceira etapa da expedição”.

Rota Pacífico-Cabo Horn

De Prudohoe Bay a equipe Mistralis irá para Port Hope uma pequena cidade ao norte do estreito de Bering no Alasca. Depois de ultrapassado o famoso mar de Bering pela pesca de caranguejos, a profissão mais arriscada do mundo, começam as grandes travessias, e a equipe irá enfrentar agora longos dias de viagem, serão 2478 milhas até Los Angeles, depois 1774 milhas até Galápagos, 1046 milhas até Lima, 1282 até Santiago e 913 milhas até Golfe de Peñas para, enfim, entrarem nos Canais Chilenos, e darem continuidade ao documentário sobre o aquecimento global, filmando o derretimento das glaciares e a diminuição da pesca chilena. Serão mais 1013 milhas por dentro dos canais, para enfrentarem o famoso Cabo Horn, cemitério de centenas de embarcações. Vale resaltar que o Mistralis, veleiro da Expedição, faz uma média de 150 milhas por dia.

O Cabo Horn é um desafio por ser um lugar onde existe a possibilidade de ondas de até 15 metros com mais de 500 metros de extensão, além de constantes furacões e ventos que mudam até mesmo a paisagem do local, deformando árvores e impossibilitanto o nascimento de vegetação em várias áreas assoladas pelo vento. Atravessar o Cabo Horn é um sonho que Caire tem desde os seus 17 anos.

Depois de vencido o Horn serão 2119 milhas até o Rio de Janeiro, porto de origem da expedição. Ao total a equipe terá percorrido 12.250 milhas em aproximadamente 13 meses de viagem.

Confira mais informações sobre o projeto no site da equipe – www.mistralis.com

Redação

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