Giro d'Italia

Com largada fora da Europa e Froome sob os holofotes, Giro começa amanhã

Começa amanhã a 101ª edição do Giro d’Italia, uma das provas ciclísticas mais tradicionais do mundo e primeira do Grand Tour (seguida pelo Tour de France, de 7 a 29 de julho, e pela Vuelta a España, de 25 de agosto a 16 de setembro). Em uma mudança inédita, a largada do Giro acontecerá fora da Europa. A Grande Partenza, como o evento é conhecido, será em Israel, uma decisão considerada polêmica pela tensão política da região.

 

As três primeiras etapas do Giro acontecerão no país, passando pelas paredes históricas de Jerusalém, pela cosmopolita Tel Aviv, pela costa do mediterrâneo e pelo deserto de Negev em direção ao Mar Vermelho. 

O Giro 2018 em números

Serão 21 etapas, com uma média diária de quase 170 km pedalados, com 3.563 km de percurso total. Serão dois contrarrelógios, seis etapas de sprint, cinco de montanha e sete de alta montanha, com seis chegadas em montanha, começando com um contrarrelógio de 9,7 km. A maglia rosa será entregue ao grande vencedor em Roma, no dia 27 de maio.

 

Polêmica

Os organizadores defendem que a mudança promove uma internacionalização da prova, e Israel pretende aproveitar o maior evento esportivo já realizado no país para se promover perante o mundo, constantemente de olho em suas ações.

A largada em Israel foi alvo de críticas de grupos defensores dos direitos humanos, preocupados com os abusos frequentemente denunciados na Palestina. A novidade também preocupa no quesito segurança, dada a instabilidade caraterística da região. Mas nem todos se abalaram. “Não posso dizer que tenho mais medo de pedalar em Israel do que no Champs-Elysées (em Paris)”, disse Tom Dumoulin. “Muito aconteceu em Paris nos últimos anos”.

Chris Froome

Um dos temas mais antecipados em relação ao Giro 2018 é a controversa participação do britânico Chris Froome, sobre quem ainda paira um caso de doping não resolvido – ele testou positivo para a presença de Salbutamol (substância usada no tratamento de asma) durante a Vuelta a España no ano passado, mas já voltou a competir. Essa será sua primeira grande prova após o escândalo.

Chris Froome dá entrevista na abertura comemorativa do Giro d’Italia 2018 (Foto: Divulgação Giro d’Italia)

Quatro vezes campeão do Tour de France, Froome parece decidido a vencer seu primeiro Giro e completar sua tríade Grand Tour – e deixou a preocupação com uma possível perda do título para mais tarde. “Se eu fosse ele, não estaria aqui, mas a decisão não é minha e não cabe a mim ter uma opinião sobre isso”, disse Tom Dumoulin quando perguntado sobre a presença do britânico na prova. “Começar o Giro com uma incerteza destas não é bom para ninguém, nem para o ciclismo e nem para o próprio Chris Froome”, completou.

 

Principais apostas

>> Chris Froome, Team Sky: O Giro 2018 é seu primeiro grande objetivo do ano, e o título completaria a “tríplice coroa” do ciclismo, já que o britânico já levou o Tour de France quatro vezes e a Vuelta a España uma (sua polêmica vitória em 2017). É a primeira vez que participa do Giro desde 2010, quando foi desclassificado por segurar em uma moto.

>> Tom Dumoulin, Sunweb: Vencedor do Giro no ano passado, o holandês vem para defender o título. Só correu 12 dias até agora em 2018, com uma queda marcante durante a quarta etapa do Tirreno-Adriatico, que o tirou da competição. Recebeu muita atenção ao “usar o banheiro” à beira da estrada durante o Giro do ano passado – este ano, para evitar acidentes, deve evitar frutose e lactose durante a competição. 

>> Thibaut Pinot, Groupama-FDJ: Tem tido uma performance consistente nos últimos anos, e ficou na quarta colocação geral no Giro 2017, além de ter vencido uma etapa. Venceu o Tour dos Alpes este ano. 

>> Esteban Chaves e Simon Yates, Mitchelton-Scott: Estão sendo considerados um grande esforço conjunto na busca da Mitchelton-Scott pela vitória. Disputaram o Tour de France do ano passado e as duas últimas Vueltas juntos. “Não somos os favoritos mas temos dois caras que adoram desafiar os mais fortes sempre que possível”, disse Matt White, diretor esportivo da equipe.

>> Fabio Aru, UAE Team Emirates: Segundo colocado no Giro em 2015, fez péssima temporada no ano passado, e não pôde participar do Giro devido a uma lesão no joelho. É a principal aposta italiana para o título, já que seu conterrâneo Vincenzo Nibali deve focar seus esforços no Tour de France.

>> Miguel Angel Lopez, Astana: Com uma equipe forte, ficou na oitava posição na Vuelta no ano passado, e já figurou nos pódios de três etapas de provas nesta temporada. 

 

Fernanda Beck

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