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Fatbike: grupo de pedal para os gordinhos

Atualizado em 29 de novembro de 2016

Além de ser divertido, pedalar em grupo pode ser bastante motivador. Mas para o professor de história Paulo Rodrigues, de 41 anos, do Rio de Janeiro, fazer parte de um grupo de pedal era motivo de constrangimento e desconforto. Pesando 190 kg, ele se sentia deslocado e era sempre alvo de olhares preconceituosos. Em vez de abandonar a bike, contudo, ele criou um grupo de pedal para pessoas acima do peso: em apenas três meses, já reuniu mais de 200 interessados em praticar o esporte.

Tudo começou quando seu segundo casamento chegou ao fim, fazendo com que Paulo entrasse em depressão e engordasse mais de 90 kg. Para superar essa fase e resgatar a auto-estima, sua mãe o presenteou com uma bicicleta e o convidou para participar de seu grupo de pedal. “Minha mãe pedala há muito tempo e é bastante conhecida nesse meio” conta ele, que aceitou o convite e passou a integrar o grupo de ciclistas da mãe.

A maneira como os demais atletas o tratavam, porém, o colocou ainda mais para baixo. “As pessoas me olhavam com aquela cara de ‘o que esse gordão está fazendo aqui?'”, relembra o professor. “Abandonei, então, aquela galera, passei a treinar sozinho e logo comecei a emagrecer, o que motivou muitos amigos próximos a mim”, diz ele, que já perdeu 32 kg.

 

 

A ideia de criar o grupo de pedal Fatbike – Ciclogordismo surgiu logo depois, como uma brincadeira. “A gente ouve todo tipo de absurdo na rua quando sai para pedalar, então passamos a fazer isso juntos e criamos uma camiseta irônica como forma de nos proteger, pois isso inibe um pouco as piadinhas maldosas”, explica ele, chateado de ser vítima de tanto preconceito.

“Ouço a toda hora coisas como ‘vai quebrar a bicicleta, gordão’. A última, que me incomodou bastante, foi ‘vai estrupar [sic] a bike’, desse jeito mesmo. Doeu pela ofensa, mas doeu mais ainda pelo erro de português”, brinca o professor.

fatbike

Os Fatbikers se encontram três vezes por semana para pedalar nas ruas do Rio. Todas as teças e quintas eles combinam os treinos pelo Whatsapp e, aos domingos, os treinos longos são marcados pela página do grupo no Facebook. “Já somos mais de 200 pessoas, mas as que realmente participam e comparecem aos treinos são apenas 35”.

Para que esse grupo ativo aumente, talvez falte um pouco de fé para acreditarem que são capazes. “A bike é o melhor esporte para quem está muito acima do peso. É mais fácil do que caminhar. Hoje já faço pedais longos de mais de 100 km e é isso o que quero mostrar para essa galera. Com dedicação e treino, é possível”. Quem quiser participar deve entrar em contato com Paulo pelo Facebook do grupo. “Serão todos muito bem-vindos. Não paga nada pra entrar e o uso da camiseta não é obrigatório. Compra quem quiser”.