Time de ciclistas com diabetes tipo 1 e a conscientização da doença

Atualizado em 29 de março de 2018
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Vem do ciclismo um dos melhores exemplos de como o esporte pode ser usado na conscientização do diabetes. Trata-se do Team Novo Nordisk, equipe de ciclismo Pro Continental composta apenas por atletas diagnosticados com diabetes tipo 1.

“Estamos conseguindo mostrar do que os diabéticos são capazes”, conta Vassili Davidenko, vice-presidente da equipe, em entrevista concedida a Bruno Vicari na edição 103 da revista VO2 Bike. “Temos muita confiança nessa equipe e esperamos enfrentar os ciclistas mais fortes do mundo”, acrescenta o dirigente. E a ambição esportiva do time não é nada pequena: participar do Tour de France de 2022, quando a descoberta da insulina vai comemorar 100 anos.

E apesar do objetivo grandioso, a história recente da Novo Nordisk mostra que o feito pode sim se tornar realidade. Idealizada em 2005 como Team Type 1 pelos ciclistas amadores Joe Eldridge e Phil Sutherland, ambos diabéticos, para disputar o Race Across America, virou profissional em 2008 e em 2011 ganhou licença Pro Continental da UCI (União Ciclística Internacional).

Com o crescimento, o time contratou atletas não diabéticos, como o suíço Rubens Bertogliati e o russo Vladmir Efimkin, que venceu a Volta da Turquia em 2012. No final daquele ano, o Team Type 1 ganhou a parceria da empresa dinamarquesa Novo Nordisk, líder mundial no combate ao diabetes. Com o novo patrocinador, a equipe voltou a seguir sua filosofia inicial de ter apenas diabéticos no elenco. “Temos alguns atletas que estavam quase abandonando o esporte, pois seus times não estavam renovando seus contratos por causa da doença. Nós demos a eles a oportunidade de mostrar do que são capazes”, explica Davidenko.

 

 

Em 2013, a equipe participou de cinquenta provas em três continentes e 14 países, incluindo o Brasil. No Tour do Rio 2013 a equipe conquistou quatro top-10.

“Esses ciclistas podem competir normalmente contra qualquer equipe. Suas rotinas são absolutamente normais, com exceção de alguns cuidados nutricionais”, disse Massimo Podenzana, ex-ciclista e atual diretor esportivo da equipe.

No entanto, aquela velha máxima do esporte que diz que ‘o importante é competir’, talvez tenha na Novo Nordisk seu exemplo máximo. Afinal, mais do que conquistar troféus, o principal objetivo da equipe é passar uma mensagem. Fato mais do que bem sucedido.

“Somos mais que um time de ciclismo. Não corremos para vencer, mas para mudar a vida das pessoas. É mais do que especial saber que temos um impacto positivo em milhões de diabéticos. Saber que o que fazemos é tão significante, e por uma causa à qual estamos tão ligados de corpo e alma, nos faz sentir parte de um dream team”, conta Stephen Clancy, um dos ciclistas da Novo Nordisk.

Diabetes no Brasil

O diabetes ocorre quando o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina ou a produz de forma insuficiente, ou ainda quando há alteração da ação desta insulina no organismo. Estas alterações na produção ou ação da insulina causam aumento da glicemia (açúcar no sangue). A insulina é essencial para o bom funcionamento do organismo, já que é um hormônio que age transportando a glicose do sangue (absorvida na alimentação) para dentro da célula, servindo como fonte de energia.

Segundo publicação recente da Federação Internacional de Diabetes (IDF), o estudo The Global Diabetes Scorecard mostrou que apenas no Brasil são cerca de 12 milhões de pessoas com o diagnóstico, o que corresponde a 9% da população brasileira e a quarta posição no ranking mundial. Existem dois tipos de diabetes.

Diabetes Tipo 1

Na maioria dos casos, trata-se de uma doença autoimune, caracterizada pela destruição das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Este tipo é geralmente diagnosticado ainda na infância ou adolescência, mas pode surgir também em outras faixas etárias.

Diabetes Tipo 2

É o mais comum e corresponde a 90% dos casos. Ocorre pela inexistência, insuficiência ou resistência à insulina (ação alterada da insulina). Cerca de 50% dos portadores de diabetes tipo 2 não sabem de sua condição, justamente pelos poucos sintomas que apresentam no início da doença.