O homem que pedalou puxando um rinoceronte

Atualizado em 15 de janeiro de 2018
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No ano passado, o sul-africano Matt Meyer, 31, realizou um sonho: pedalar pela costa oeste dos EUA para chamar atenção para a situação frágil dos rinocerontes do mundo. “A cada oito horas, um rinoceronte é morto. Do jeito que estamos indo, em dez anos eles estarão extintos”, explica.

Matt, que trabalha como guia em safaris, encontrou um jeito inusitado de lidar com o problema: ele levou consigo uma réplica de rinoceronte em tamanho real, pesando quase 200 kg. “Eu cresci perto de rinocerontes, mas para quem nunca viu um na vida, a réplica é um ótimo exemplo”, diz.

Ele foi de Blaine, em Washington, a San Diego, na Califórnia, em uma jornada que durou 63 dias – 60 dos quais ele passou no selim. De 17 de abril a 18 de junho, foram de sete a oito horas diárias de pedal, sempre com o rino na garupa.

A costa oeste dos EUA é um dos lugares mais populosos daquele país, e também um dos maiores consumidores de produtos naturais contrabandeados do mundo. Por isso Matt decidiu que aquele era um bom lugar para tentar aumentar a conscientização das pessoas em relação ao assunto.

Sem experiência prévia

Matt não era um ciclista dedicado quando começou o projeto. Na verdade, a ideia inicial era andar por todo o caminho trazendo consigo o rinoceronte, mas a polícia norte-americana não o autorizou. “Disseram que, como eu estaria nas estradas, teria de estar em um veículo, e a bicicleta foi a minha escolhida”, conta.

 

 

Foram 3.200 km sob o sol, a chuva e ventos fortes, parando para dar palestras e conversar com crianças em escolas locais. Matt pedalou sozinho, mas teve a ajuda de um carro de apoio, que contou também com um fotógrafo e um videógrafo, para registrar a aventura.

A cada dia, Matt pedalava 50-60 km. “A primeira metade do caminho foi horrível, com muito vento contra”, lembra. Um dos pontos mais marcantes do trajeto foi o Parque Nacional das Sequóias, em que ele pedalou por dentro daquelas árvores, que têm milhares de anos e na maioria das vezes mais de 50 metros de altura.

Mas nem tudo foi agradável: “Estava chovendo uma garoa fina, mas a água acumulada nas árvores, caindo lá de cima, parecia com bolas de golfe na minha cabeça”, conta.

Durante todo o caminho, Matt teve apenas um pneu furado. “Mas também gastei uma corrente, um cassete e um jogo de freios”, conta, rindo.

Mais valioso do que ouro

Por incrível que pareça, o grama do chifre do rinoceronte é um dos materiais com valor de venda mais alto do mundo. Ilegal, o chifre alcança US$ 100.000 por kg no contrabando – mais do que o preço da platina. 

A pedalada de Matt divulgou a causa dos rinocerontes e levantou dinheiro para três instituições que cuidam do problema: Care for Wild Africa, Save the Rhino Trust e Ol Pejeta Conservancy. Nenhuma parte do dinheiro foi usada para custear a viagem, paga integralmente por seus patrocinadores.

Educação é tudo

Para ajudar os rinocerontes, Matt garante que a melhor estratégia é educar as comunidades. “Saber que impacto nossas escolhas têm no meio ambiente e optar por consumir produtos menos nocivos é um grande passo para ajudar a natureza”, garante ele, que segue uma dieta baseada em plantas, sem carne, ovos ou laticínios.

“Manter uma dieta vegana é um dos maiores passos que podemos dar como indivíduos em prol da natureza”, garante. 

 

 

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