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Incentivado por Vinhal, nadador olímpico se apaixona pelo ciclismo

Atualizado em 16 de fevereiro de 2018
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Manter o corpo ativo e não tomar um susto diante da balança na hora de voltar aos treinos nas piscinas estão entre os fatores que motivaram o nadador Felipe Lima a procurar uma outra modalidade esportiva durante suas férias. Enquanto descansava em Cuiabá, sua cidade-natal, o medalhista de ouro nos 4×100 metros medley nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara e Toronto foi incentivado por amigos a se arriscar no ciclismo.

O que inicialmente era apenas um exercício para manter a forma se transformou em uma paixão – a ponto de Lima cogitar adotar a bike como segundo esporte de sua vida após a aposentadoria na natação.

Especialista em nado peito – é ex-recordista sul-americano nos 50 e nos 100 metros do estilo e foi medalhista de bronze dos 100 m no Mundial de 2013 –, Lima precisou de uma bicicleta emprestada para competir pela primeira vez em um pequeno evento de triathlon em Cuiabá. Nadou 375 metros, pedalou 10 km e correu 2.5 km em menos de 30 minutos e, apesar das dificuldades na corrida, ficou com a segunda colocação.

“Minha paixão pela bicicleta começou em Cuiabá. Um dia, me disseram: ‘Você é nadador, vai se dar bem no triathlon’. Comecei a pedalar com um grupo de ciclismo, que foi me empolgando cada vez mais. Ainda me sinto um pouco longe do triathlon, porque a corrida é muito difícil para mim. Na verdade, acho que é difícil para qualquer outro nadador. Nós até brincamos que nadamos mais do que andamos”, explicou.

Apesar de trabalhar músculos diferentes em relação à natação, Lima, de 32 anos, tem se saído bem no ciclismo, rodando de 50 a 80 km duas vezes por semana durante as férias e acompanhando até o triatleta profissional Thiago Vinhal, 13º colocado na última edição do Ironman de Kona.

 

 

“Quando comecei a pedalar com meus amigos, já viram em mim um grande potencial na bike. Eu treino o ano todo para grandes competições da natação. Pedalar é uma forma de relaxar, descontrair, acordar cedo, pedalar com um grupo bacana. Não encaro como um dever. Estou ali para fazer o que gosto. Quando volto para água, retorno em condições boas”, diz Felipe Lima, lembrando que há uma série de diferenças entre os dois esportes.

“A bike é totalmente diferente da natação. Trabalho outros músculos, outra respiração. A musculatura usada na bike é mais de membros inferiores. Na natação, é uma mescla de tudo. Não temos tanta força bruta como na bicicleta. De alguma forma, pedalar me ajuda a manter as pernas fortes. Durante as férias, acabo perdendo massa corporal na parte superior, mas, pelo menos, as pernas ficam fortalecidas.”

Atleta do Minas Tênis Clube, Lima está focado em assegurar uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio – ele disputou a edição de 2012, em Londres. Depois das Olimpíadas no Japão, talvez tenha mais tempo para pedalar ou até mesmo se dedicar ao triathlon, ainda que de forma recreativa.

“Eu tenho o compromisso comigo mesmo de seguir na natação em alto nível até 2020. Depois de lá, não sei o que vai acontecer. Quando acabar o ciclo olímpico, penso em outras coisas para fazer, seja no ramo do esporte, da parte administrativa ou de investimento”, afirmou.

Felipe Lima e Thiago Vinhal estreitaram os laços de amizade em Brasília, onde o nadador sofreu para acompanhar o ritmo do triatleta.

“O Vinhal é um superatleta. Ele é de Belo Horizonte, e eu represento a equipe do Minas [Tênis Clube]. Ele sempre vai nadar por lá. Minha noiva é de Brasília, e ele também tem família por lá. Entrei em contato com ele para marcarmos uns dias de pedal durante as férias. Ele botou para quebrar comigo. Não é fácil acompanhar essa galera de alto nível. Embora eles achem que eu estou em alto nível na natação, me deram uma canseira boa. Estava ali ralando, com câimbra nas pernas, para acompanhar a galera.”