A técnica de pedalada é um dos temas mais abordados pelos ciclistas e ainda bastante investigado pelos pesquisadores da área da biomecânica do esporte. Nos treinamentos e competições, é impraticável o uso dos diversos recursos tecnológicos disponíveis em laboratório para mapear de forma mais completa a técnica de pedalada dos ciclistas.

Com isto, algumas dúvidas surgem em respeito a como o ciclista deve pedalar para otimizar a sua técnica de pedalada, principalmente no que tange a movimentação da articulação do tornozelo. Nesta perspectiva, um estudo publicado em 2007 pelo European Journal of Applied Physiology (Jornal Europeu de Fisiologia Aplicada) comparou as diferenças da pedalada com o tornozelo em posição preferida pelos ciclistas e em outras duas posições: (1) aquela em que o ciclista mantinha a ponta do pé para cima durante a pedalada (mantendo flexão dorsal), e (2) aquela em que os ciclistas mantinham a ponta do pé para baixo (mantendo flexão plantar).

Como principais resultados, os autores indicam que a posição do tornozelo com a ponta do pé para baixo resultou em redução da eficiência na pedalada, refletida no aumento do custo energético. A explicação dos autores é de que o tornozelo possui uma função de transmitir a força gerada pelos grandes músculos que cruzam as articulações do quadril e do joelho para o pedivela, no entanto, a alteração da posição da articulação do tornozelo pode prejudicar a função desta na tarefa de controle da aplicação de força, pois altera as características ótimas das alavancas corporais.

Um estudo que está sendo realizado pelo GEPEC sobre os efeitos da fadiga no comportamento das articulações, indica que a fadiga altera o comportamento das articulações, principalmente do tornozelo. Ainda assim, parecem não haver prejuízos na técnica de pedalada, devido à adaptação desta articulação para manter o padrão de aplicação de força nos pedais.

Estes estudos indicam que o controle da técnica de pedalada pelo ciclista está intimamente relacionado com um bom domínio dos movimentos do tornozelo. A mudança no padrão do movimento do tornozelo parece alterar o custo energético e a função dos músculos responsáveis pelo movimento desta articulação.

Todas as alterações técnicas devem ser avaliadas antes de aplicadas em competições, visto que os músculos estão adaptados para um tipo de padrão de movimento, sendo sobrecarregados quando este padrão de movimento é alterado, como por exemplo, a mudança na posição do pé durante a pedalada. Isso sugere que exercícios visando o fortalecimento de músculos que cruzam a articulação do tornozelo podem ser importantes para a manutenção de uma boa técnica de pedalada.