Com uma longa vida de triatleta e certa confiança por ter feito recentemente a Patagônia Run, a Meia Maratona de Floripa e do Rio de Janeiro e o XTerra Amazônia, aceitei o convite da organização para participar da K42 Adventure Marathon Bombinhas, uma corrida rústica de montanha realizada no litoral catarinense e que é uma das sete provas integrantes do Circuito Mundial k42, que tem um conceito muito bacana. E eis que descobri quase um novo esporte! Corrida e Corrida rústica em montanha são duas modalidades bem distintas.

A k42 consegue “vencer” a dura prova na Patagônia nos quesitos desafio e dificuldade, a começar pelo terreno. Em vez das trilhas regulares na árida região argentina, trilhas corroídas pela erosão na mata catarinense. Os trechos eram tão difíceis que mal tinha aonde colocar o pé. 

E descobri também quase um novo tipo de atleta. Os primeiros colocados, incluindo o campeão Giliard Pinheiro (3h15min54s), fazem tempos incríveis neste percurso. É impressionante! Enquanto eu lutava com as dificuldades do terreno, passavam por mim corredores que pareciam estar correndo no asfalto, flutuavam por meio de buracos e pedras.

A jornada – Eu competi os 42 km em dupla, em companhia de Nelson Evêncio da Silva (ATC), e fiz os primeiros 21 km da prova. O sábado (6/8) amanheceu super agradável, com céu claro, um ótimo clima para disputa. A prova começa na praia, com um pouco de trecho na cidade, e lá pelo km 7 comecei entender o que é uma corrida de montanha, com uma subidona de uns 600 metros. A partir daí a coisa passou a ficar feia, porém, o mais incrível é que quanto mais você subia mais maravilhoso ficava o visual, era possível ver as praias e até o Balneário, um cenário lindo da costa catarinense.

Contudo, se a subida foi dura, o pior ainda estava por vir: as descidas. As trilhas são muito usadas por motociclistas, o que acaba por causar erosão. E essa dificuldade para pisar exige bastante de toda a musculatura, você tinha que segurar todo o seu corpo, enquanto negociava com o terreno inóspito. Claro que tombos foram inevitáveis, mas por sorte consegui cair em locais “macios”, como arbustos. Após esse trecho duro em trilhas, chega-se a uma praia deserta, porém, a essa altura, o sofrimento estava tão grande que nem curti como deveria. Eu corri com a câmera para registrar a prova em vídeo (no ar em breve) e a usei como pretexto para diminuir o ritmo ou descansar nesses trechos, filmando as belas paisagens do local.  

O trecho final dos primeiros 21 km é um trajeto longo de praia e você passa por uma vila de pescadores, com casas praticamente na areia, sem rua nem nada. Uma bela imagem. Cansado, entreguei o bastão para o Nelson, que fez super bem os 21 km restantes, que parece que contava com mais subidas ainda. Mas não fizemos feio na prova, fechamos os 42 km de puro desafio em 4h39min (completei meu percurso em 2h21min57s e o Nelson fechou os últimos 21 km em 2h17min03s), o que nos garantiu a 29ª colocação entre as equipes.

Os campeões nesta categoria equipe, Andrea Toscano e Eduardo Machado da Silva completaram o percurso em 3h46min21s. É admirável. Realmente subestimei a preparação necessária para este tipo de prova. Os 10 primeiros na categoria individual e também equipe fizeram os 42 km abaixo das 4h00 ou praticamente isso.

Ao final da linha de chegada, muitos desses atletas incríveis já estavam falando em planejamento para o próximo ano. Adoraria voltar e se fizer isso da próxima vez será com mais preparo. Mas, o resumo da aventura é que realmente quero cada vez mais aliar esporte com contato com a natureza e lugares diferenciados. É isso que tem me empolgado. E quem sabe não passo a fazer parte dessa turma de atletas que quanto pior, melhor!

Nota: A K42 Bombinhas faz parte da Série Mundial K42, que conta com outras seis provas em lugares desafiadores e de beleza indiscutível, como o Saara, Ilhas Canárias, França, Astúrias, Portugal, Chile e na Argentina, onde é realizada afinal do circuito mundial. O site da prova brasileira tem mais informações sobre a competição – www.bombinhasrunners.com.br.  

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