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Ultimato para Semenya: IAAF limita nível de testosterona para atletas do sexo feminino

Atualizado em 26 de abril de 2018
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A extensa galeria de polêmicas envolvendo o nome da sul-africana Caster Semenya ganhou um novo capítulo. A IAAF publicou nesta quinta-feira (26) uma nova regra para atletas do sexo feminino com altos níveis naturais de testosterona, o que forçaria a tricampeã mundial nos 800 metros a parar de competir.

A partir de 1º de novembro, a IAAF adotará medidas mais rígidas para evitar que atletas na mesma situação de Semenya disputem competições internacionais de 400 metros a uma milha. Sebastian Coe, presidente da entidade, pretende “garantir que o sucesso seja determinado pelo talento, dedicação e trabalho duro, e não por outros fatores”.

Os dirigentes da federação, entretanto, apresentaram uma solução para que a sul-africana não deixe de competir nas distâncias em que faz história há quase uma década. Semenya poderá correr caso aceite tomar uma medicação diária que regula a testosterona em seu corpo.

De agora em diante, atletas que sofrem de hiperandrogenismo, distúrbio responsável pelo excesso de hormônios masculinos, terão que apresentar índices abaixo de 5 nanomoles por litro de sangue por pelo menos seis antes de entrarem em uma disputa.

Caso não aceite a regra, Semenya pode participar de provas de 5 mil metros. Ainda sem anunciar se será submetida ao tratamento, a sul-africana reagiu à posição da IAAF através de sua conta oficial no Twitter. “Tenho 97% de certeza que vocês não gostam de mim, mas estou 100% segura de que não me importo”, publicou.

 

 

Entenda o caso

Dominante nos 800 metros desde 2009 – além do tricampeonato mundial, foi medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres e do Rio de Janeiro –, Semenya, de 27 anos, é considerada uma atleta intersexual. Seu corpo não se enquadra na definição genética que define os corpos de homens e mulheres.

Sua alta produção de testosterona é alvo de protestos de rivais e outras figuras conhecidas do atletismo. Em 2009, questionada sobre o sucesso da sul-africana, a britânica Paula Radcliffe, recordista mundial na maratona feminina, tratou Semenya como uma ameaça ao atletismo feminino. “Já não vamos poder chamar isso de esporte”, detonou.

Naqule ano, Semenya ganhou a final do Mundial de Berlim com uma vantagem de 7s para a segunda colocada, margem que colocou seu nome no centro das atenções. Daí em diante, não faltaram menções a algumas de suas características, como a voz grave e os músculos tonificados.