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A edição n°152 da Revista O2 foi um especial dedicado ao corpo. No recheio, um ensaio fotográfico especial de 12 atletas (profissionais e amadores), com uma paixão em comum: a corrida – e as fotos você confere abaixo. O conceito seguiu o sucesso de grandes publicações pelo mundo que já abordaram o tema, como as revistas ESPN (EUA), Sport Magazine (Reino Unido) e Triathlete (EUA), e é o primeiro no estilo no Brasil.
Nus e em posições de corrida, os atletas foram fotografados numa mistura de arte e esporte. O ensaio foi acompanhado de um conteúdo editorial especial, com matérias que falam desde a história do corpo até sua composição física – como cuidar de seus pés, o poder de superalimentos, as adaptações fisiológicas dos novos corredores e como lidar com as dores psicológicas recorrentes de lesões físicas. Confira o texto principal, escrito pelo jornalista Zé Augusto Aguiar.
Boa leitura!
MÁQUINA PERFEITA
Belas, fortes e visando a perfeição são essas Máquinas humanas de correr. Cada Músculo é esculpido em muitas repetições — com técnica, garra, dor e suor. São homens e mulheres que só podem pilotar suas passadas vigorosas porque passam por incontáveis sessões nas oficinas-academias. E claro, devoram quilômetros e quilômetros nas pistas de asfalto, terra, grama, areia e em outros terrenos.
Belas e poderosas são as máquinas envenenadas que nossos personagens acreditam encarnar. Seus músculos nus muito bem construídos se assemelham às peças vitais de um carro de corrida, desmontado e dissecado por mecânicos e pilotos perfeccionistas.
“Comparo meu corpo a um carro de Stock Car. Ele é rápido, não tanto quanto um bólido de Fórmula 1, mas forte e resistente. Dificilmente quebra e, quando acontece, nem que seja se arrastando, vai até o fim”, compara Adriano Bastos, 37 anos, maratonista do São Paulo F.C. Seguindo na alusão automobilística, a empresária Ana Oliva se associa a um carro de Fórmula 1. “É a união de um motor potente com uma boa eficiência aerodinâmica. Além disso, ele precisa resistir por muito tempo a velocidades incríveis”, explica.
Outros corredores imaginam-se veículos mais robustos. “Sou uma locomotiva de trem diesel-hidráulica. Começo a corrida aquecendo o maquinário, vou pegando o ritmo no trilho e, num piscar de olhos, estou com as engrenagens bombando. Passo a funcionar na sincronia de uma corrida ritmada”, ilustra Hector Haussen, 25, comercializador de energia elétrica.
Já o designer e empreendedor Poldo Longo, 26, alude a um tanque de guerra. “Apesar de grande, ele pode passar por qualquer lugar. A corrida me deu a capacidade de conseguir passar por todos os tipos de terreno e pular obstáculos”, reforça. A mesma essência do “todo terreno” move Vera Lúcia Saporito, 40 anos, educadora física e atleta de endurance da New Balance. “Corro ultramaratonas de montanha e nessas provas há bastante lama, pedras, rios, subidas e descidas. Me sinto como um trator, que se desloca em terrenos acidentados e abre caminho com o obstáculo que vier pela frente”, explica.
PEÇAS VITAIS
As máquinas orgânicas dos corredores são complexas como os veículos que referenciam. “Meu coração e meus pulmões estão sempre fortes e com potência para dar conta do recado. Assim como os pistões do motor, que geram as explosões e o arranque, a musculatura de minhas pernas é sempre solicitada ao máximo, bombeando sangue para o coração. Como o filtro de ar do carro, meus pulmões estão sempre trazendo enormes quantidades de oxigênio para o sangue que irá circular”, compara Bastos.
Para o empresário Arthur Borelli, 29, suas pernas e pés são o acelerador — e o motor é seu coração. “É nele que me concentro e sinto o pulso a todo momento.” Poldo Longo se revela na mesma linha: “Minhas pernas são os pneus para sair do lugar. O coração é o motor que bombeia a energia me move. O cérebro é o volante para conduzir-me na direção correta”.
No trem pessoal de Haussen, seus músculos e articulações trabalham como uma locomotiva. “Avanço engrenado e sincronizado, como a rotação do motor que gira a bomba centrífuga. Isso me dá uma cadência alta para manter as passadas na corrida.”
RESGATE DOS IDEAIS GREGOS
O culto à beleza do corpo e ao seu desempenho máximo é uma herança da Grécia antiga desde o século 8 a.C., época dos Jogos Olímpicos antigos, que duraram 12 séculos (!). Seus atletas entravam em ação nus — exibindo a harmonia, o equilíbrio e a proporção de linhas perfeitas. Essa era a forma sem pudores e destemida com que os gregos treinavam e competiam. Enfrentando calor ou frio, a pele descoberta dos atletas era sinônimo de arte e da mãe das atividades físicas diversas, a ginástica (do grego gymnos, “nu”).
Outro verbete-chave é athlos, “luta” ou “competição”, origem da palavra “atleta”. Os treinadores-mestres das várias cidades-estados preparavam os jovens para se tornarem soldados e atletas. O objetivo, além de abastecer os exércitos, era formar cidadãos mais completos e atletas olímpicos. As práticas aconteciam nas escolas de luta e nos ginásios ao ar livre. Como acreditava o filósofo Sócrates, o esporte era um treino vital para fortalecer o “eu interior”.
A preparação física tão completa, e ainda reforçada por pioneiras dietas, deu aos superatletas gregos uma vanguardista carcaça de ponta. Esses primeiros campeões olímpicos transformaram o corpo humano. Além da mera força dos homens das outras civilizações antigas, os gregos eram também velozes, resistentes, ágeis e cerebrais. Tornaram seus corpos o modelo das futuras máquinas de corrida dos distantes séculos 20 e 21. Foram os primeiros velocistas, meio- -fundistas e fundistas da história do esporte.
Bem antes da alta performance helênica, o homem pré-histórico já evoluía como um corredor natural: para se defender das feras predadoras e caçar, não bastavam armas e facas rudimentares. Era vital queimar o chão rodando em longões para fugir ou encontrar alimento. Era vital correr usando uma poderosa máquina de sobrevivência chamada corpo humano.
O tempo correu, os egípcios chegaram a praticar esgrima, arremessos e remo (por volta de 4.000 a.C.); povos indígenas tinham jogos de bola; e depois do apogeu do esporte na Grécia, os romanos — que conquistaram o mundo helênico m 146 a.C. — transformaram o esporte em batalhas sangrentas para entreter e alienar o povo (nas arenas dos gladiadores). Depois da queda do Império Romano, o esporte não tinha espaço diante das guerras e da intolerância religiosa da Idade Média.
O exercício físico só voltou a ser valorizado no Renascimento, mas a prática esportiva organizada e competitiva só renasceu mesmo na Inglaterra do século 19. Os ingleses criaram e regulamentaram a maioria das modalidades que conhecemos hoje. O trabalho partiu de escolas e universidades e logo o esporte cruzou fronteiras e mares, conquistando a Escócia, os Estados Unidos e o resto do mundo — graças à expansão do império comercial inglês, capitaneado pela sua poderosa frota marinha. Um dos pais do esporte britânico foi o pedagogo Thomas Arnold, que mesclou, como os gregos ancestrais, a competição com o caráter formador e educativo.
Seria um francês, porém, que veria no esporte uma poderosa ferramenta para combater, no fim do século 19, o clima bélico na Europa. Inspirado pelos antigos ideais gregos, pela disputa pacífica entre as nações e pelo caráter educativo do esporte moderno dos ingleses, o Barão Pierre de Coubertin foi o responsável por restaurar os Jogos Olímpicos, a partir de 1896.
MANUAL DE PILOTAGEM
Nos séculos 20 e 21, o intercâmbio entre atletas nas Olimpíadas modernas (e também nos campeonatos continentais e mundiais), junto com a evolução da ciência, transformou homens e mulheres em atletas completos. Hoje, mesmo a maioria tendo treinadores, são verdadeiros pilotos de si mesmos.“Treino e estudo o percurso para ter bons resultados. Procuro ser estrategista e pensar numa logística durante a prova para correr e ainda cuidar do corpo para que ele aguente até o final”, afirma Vera.
Vital também é nosso sistema mais sensível: o cérebro. A educadora física Carolina Aoque, 32, confirma: “Uma mente saudável faz com que o corpo atinja objetivos milagrosos”, diz a atleta. “Um corredor tem que ser um bom matemático. Tudo é tempo, cálculo, distância, pace, batimentos. Tudo é calculado para se chegar ao objetivo final”, compara a triatleta do E.C. Pinheiros Ariane Monticeli, 33, O maratonista Adriano Bastos é outro que prioriza uma preparação bem calculada. “É preciso ser um arquiteto para planejar toda a planta que o corpo precisa se tornar; ser um engenheiro para colocar em prática tudo que foi planejado; e, ainda, ser um piloto para conduzir o corpo com maestria.”
RALANDO NA OFICINA E NAS PISTAS
Colocar os planos em ação no esporte competitivo é tarefa hercúlea. “O mais duro é a manutenção da rotina de horas de treinamento puxado, sempre trabalhando no limite do corpo. Trabalha-se numa intensidade muito alta. E dói muito!”, revela Adriano.
Vera Saporito, por sua vez, acredita que o mais penoso é manter uma periodização para a construção de músculos. “Como corremos em terrenos acidentados, é obrigatório fortalecer as articulações, ligamentos e tendões”, lembra. Poldo Longo confirma. “Ter músculos bem trabalhados é uma forma de evitar lesões e ter estabilidade. Muitos corredores se machucam pois não tiveram uma base na musculação. Eu comecei a correr depois de treinar mais de oito anos na academia, o que fez com que eu me lesionasse pouco e me deu autoconhecimento para poder aplicar a força dos músculos na corrida”, explica.
ANATOMIA DO DESEMPENHO MÁXIMO
Analisados todos os componentes e capacidades dessas máquinas vivas de correr, desconfiamos, porém, que o ser humano é um protótipo mais bem-acabado do que qualquer outro veículo. Que outro bólido tem a eficiência das mudanças rápidas de direção permitidas por pés, pernas e braços ágeis; é estável e móvel graças às articulações; forte, com amortecimento de impacto e equilíbrio graças aos músculos bem trabalhados e por uma suspensão ativa chamada joelhos; bem refrigerado pelo sistema natural imbatível chamado suor e potente pelos dois motores poderosos chamados coração e pulmão? “Nenhuma máquina chegou à perfeição do corpo humano. Esta, sim, é a máquina perfeita: um sistema complexo em que músculos, ossos e órgãos em equilíbrio, guiados pelo pensamento, superam qualquer adversidade quando colocados à prova. Acredito que os inventores das máquinas é que buscam inspiração nos corpos humanos”, afirma o triatleta profissional e educador físico Thiago Vinhal, 31 anos.
E que corpos, hein!?
Fotos: Ricardo Soares
Produção: Carol Medeiros
Make: Drikka Lopes
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