Setembro Amarelo: veja como Lídia superou depressão com ajuda da corrida

Atualizado em 14 de setembro de 2023

A prática de exercício físico regularmente pode reduzir o risco de depressão: estudos da OMS indicam que pessoas moderadamente ativas têm menos probabilidade de serem afetadas por transtornos mentais do que pessoas que não praticam nenhuma atividade física.

Foi o que aconteceu com corretora de imóveis Lídia Romão de Moraes, de 62 anos. A partir do diagnóstico de um quadro de depressão em 2008, ela começou a fazer caminhadas por indicação médica. Com o passar do tempo, a atividade física foi ganhando mais velocidade até que se tornou uma atleta amadora de corrida de rua.

Lídia já acumula mais de 400 provas disputadas, com mais de 230 troféus e em torno de 400 medalhas. Com tantas recordações de suas conquistas, a atleta de rua precisou converter uma sala de sua residência em sala de troféus. O Time Ativo.com bateu um papo com a corretora de imóveis para saber como a corrida de rua a ajudou – e ainda a ajuda – a ter uma qualidade de vida melhor. Confira:

Ativo.com: quando você começou a vivenciar os primeiros sintomas da depressão? Quais foram eles?

Lídia: comecei a ter crises de ansiedade e depressão em 2005. Eu ficava muito ruim e até já me esqueci do local onde pegava o ônibus para ir ao trabalho, então procurei um neurologista e comecei a tomar um monte de remédios, mas não era isso o que eu queria.

Ativo.com: quando viu que precisava de ajuda?

Lídia: eu sempre pensava em fazer uma atividade esportiva, mas fui deixando de lado. Passei a tomar remédios por vários anos. Me mudei de São Paulo para Campinas, e foi quando acabei ganhando muito peso e desenvolvendo outros problemas de saúde. Fui a um posto de saúde e o médico que me atendeu disse que eu precisava fazer caminhadas. Comecei a caminhar, mas eu não gostava porque achava muito ruim e demorado, aí eu comecei a correr.

Ativo.com: quais as primeiras dificuldades que você enfrentou na corrida? Como as superou?

Lídia: comecei a praticar corrida na metade do ano de 2009. As dificuldades que eu encontrei quando comecei a correr foram pelo fato de eu estar meio obesa, em torno de 87 kg. E foi difícil porque foi sofrido. Mas eu persisti e, depois de 3 meses, já tinha conseguido emagrecer 6kg. Continuei praticando e fui perdendo peso. Atualmente eu peso em torno de 63kg. Eu superei as dificuldades da corrida praticando três, quatro vezes por semana. No início de 2010, quando me senti mais confiante, comecei a participar de provas de rua aos finais de semana, o que me ajudou bastante. Já cheguei a participar de até três competições em um final de semana.

Lídia teve de adaptar um dos cômodos de sua casa para abrigar os vários troféus e medalhas que ganhou

Ativo.com: qual o impacto dos resultados para sua autoestima e condição clínica? E para o organismo em geral?

Lídia: após começar a correr, eu percebi que meus problemas começaram a ser eliminados. Passei a me sentir melhor porque não tinha mais crises de ansiedade. Antes eu sentia medo de sair para a rua, de dirigir meu carro, e essa sensação desapareceu. E foi uma beleza! A corrida hoje para mim é tudo. Ela melhorou muito a minha autoestima e me deixa mais animada e disposta. Quando tenho algum problema de saúde que me impede de correr e preciso ficar em casa, sinto muita falta da corrida. Eu posso dizer que é um estilo de vida, que me ajudou a superar as minhas dificuldades e meus problemas. Acredito que vou seguir correndo até ficar bem velhinha.

Ativo.com: quais os seus locais de treino preferidos?

Lídia: não tenho um local específico de treino porque aqui onde eu moro não temos uma pista para treinos de corrida. Costumo treinar em um campinho de futebol que tem em uma praça aqui perto, mas quando ele está muito encharcado (porque boa parte é de terra) fica impossível usá-lo. Como não é um local adequado e não tem uma boa conservação, já levei muitos tombos ao tropeçar em buracos e raízes e me machuquei bastante. Muitas vezes corro nas ruas do bairro mesmo. Uma opção é ir para cidades vizinhas que tenham alguma estrutura para a prática de corrida. Mas correr para mim é o que conta mesmo, não importa o local.

Ativo.com: quais são os próximos objetivos?

Lídia: meu objetivo de vida para o futuro é chegar à conquista de 500 troféus correndo.

Ativo.com: para finalizarmos, deixe um recado aos leitores!

Lídia: para quem puder fazer um exercício físico, faça! Não precisa ser corrida. Escolha um esporte, qualquer coisa, pode ser caminhada, academia… tudo faz bem para a saúde, para a mente e para a autoestima.