4 incômodos da corrida (e como resolvê-los)

Atualizado em 21 de dezembro de 2017

Por mais que você se prepare físico e psicologicamente para não sofrer com lesões, vez ou outra elas insistem em aparecer e incomodar aqueles que se dedicam às passadas. No entanto, se você ficar por dentro dos principais problemas que deixam o corredor afastado das corridas de rua, fica mais fácil evitar que você seja acometido por alguma lesão.

A imensa maioria dos problemas se deve a erros de treinamento e acontece nos primeiros quatro a seis meses de corrida, no período de retorno aos treinos após alguma lesão ou quando o corredor aumenta a distância percorrida ou a velocidade. Esses erros incluem falta de um adequado programa de fortalecimento e alongamento muscular, rápido aumento da distância, treinos em planos inclinados, treinos intervalados mal dimensionados e descanso insuficiente. Por isso, fique ligado. E na presença de algum desconforto ou dor, claro, pare, procure as possíveis causas e ajuste os treinos. Quando a dor for intensa e súbita, o médico deve ser consultado o mais rapidamente possível.

Fique atento aos incômodos abaixo e evite problemas na sua carreira de corredor.

1. Fascite plantar
A fáscia plantar é uma estrutura de proteção dos músculos, com poder de absorver os impactos e proteger os ossos (26 nos pés). Ela não só sustenta, mas é presa a músculos intrínsecos e a ligamentos do pé. Ao caminhar ou correr, a planta do pé distribui o peso do corpo e absorve os impactos em vários pontos da fáscia, um deles no osso do calcanhar (calcâneo). As forças de tração ao longo desse apoio podem desencadear um processo inflamatório, fibrose ou degeneração dessas fibras faciais a partir do osso, daí a fascite.
Iniciar tratamento logo nos primeiros sintomas economiza tempo de recuperação (de seis a dez meses). A fascite não deve ser confundida com outras fraturas por estresse (fissuras no osso) e o chamado esporão calcâneo (calcificação). Somente nesses casos a dor vem acompanhada de inchaços no local.

 

 

2. Canelite
Queixa comum entre os corredores, a canelite é mais presente em os que costumam correr médias e longas distâncias. Trata-se de uma inflamação que acomete o osso da tíbia (canela), caracterizada por dor na região anterior da perna que inicia durante o exercício, agravando após o excesso e volume da atividade física.
Isso pode evoluir para dor persistente mesmo após o fim da atividade física, podendo, em muitos casos, dificultar até o andar do atleta. Uma dica: aos primeiros sinais de dores na região anterior da perna, procure um profissional para uma completa avaliação e o correto diagnóstico e tratamento. Só assim, você terá condições de realizar suas atividades esportivas sem dificuldades ou maiores complicações.

3. Joelho de corredor
Uma das lesões mais reincidentes entre os corredores, o joelho de corredor pode ser resultado da dor fêmur-patelar, que é causada pela sobrecarga da região e se caracteriza pela dor na face anterior do joelho, que aparece no início dos treinos, melhora com o aquecimento, mas sempre piora para agachar ou subir e descer escadas; da síndrome da fascia lata, que aparece na face lateral ou externa do joelho, após alguns minutos do início do treino, e aumenta de intensidade progressivamente a ponto de impedir a continuidade da corrida; ou ainda, da lesão meniscal degenerativa, que acomete principalmente a face medial ou interna do joelho e é mais comum em pessoas acima dos 40 anos. No último caso, a dor aparece ao dar os primeiros passos depois de algum tempo em repouso e piora ainda mais com a corrida.

4. Lesão nos meniscos
Os meniscos (medial e lateral) são cartilagens em forma de meia lua presentes na articulação do joelho, entre os côndilos do fêmur e da tíbia. Por ser cartilagem, apresentam poucos vasos sanguíneos, o que dificulta sua capacidade de regeneração, caso sofram alguma lesão. Tem como função diminuir o impacto e melhorar o encaixe entre as faces articulares do fêmur e da tíbia. Os meniscos acompanham os côndilos femurais nos movimentos de rotação interna e externa do fêmur sobre a tíbia. O menisco medial está em maior risco por ser mais imóvel e o seu lado posterior é o local mais atingido, porque a torção mais lesiva ocorre com a flexão.

(Fonte: Roberto Ranzini, ortopedista e médico do esporte, formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), médico do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz)