Copo meio vazio: álcool x desempenho na corrida

Atualizado em 19 de dezembro de 2017
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Algumas latinhas de cerveja depois do trabalho, uns drinques durante o jantar na sexta-feira, mesmo com o longão marcado para sábado… Essas podem parecer atitudes comuns. Até porque muitas vezes associamos a ingestão de bebida alcoólica ao prazer e ao relaxamento. Mas o consumo de álcool pode atrapalhar seu rendimento em treinos e provas e até anular o esforço que você faz para evoluir na corrida.

Isso acontece pela forma como o álcool age no corpo, especialmente quando ingerido em grandes quantidades. Fígado e rins, sobretudo, acabam sobrecarregados e isso interfere nos sistemas de produção de energia e até no tempo de reação do organismo.

E a situação pode ficar pior levando em conta o contexto social. Aquela cerveja ao fim do dia geralmente é acompanhada por petiscos, ricos em sódio e gorduras, aumentando o problema para o corpo. E se tudo isso favorecer uma diminuição nas horas de sono então…

 

 

Mas, como quase tudo na vida, moderação é a palavra-chave. Se respeitada a recomendação de consumo máximo de 14 doses por semana, a ingestão de bebidas alcoólicas associada a uma vida ativa e a à prática de exercício físico pode ser benéfica. Alguns estudos apontam essa combinação como responsável pela redução em até 50% do risco de morte por doença cardíaca isquêmica.

Entenda de forma específica como o consumo de álcool afeta o corpo:

Rim: o consumo de bebidas alcoólicas, especialmente junto a alimentos gordurosos e com muito sódio, como a maioria dos petiscos, sobrecarrega os rins e favorece a retenção hídrica. O corpo também reduz a produção de vasopressina, o que aumenta a liberação de urina e a vontade de ir ao banheiro em treinos e provas, e incrementa a de cortisol, atrapalhando a recuperação muscular. 

Músculos: a maior quantidade de cortisol no sangue retarda a recuperação muscular. O nível de testosterona também sobe e acaba reduzindo a função muscular. Essa combinação pode anular as adaptações induzidas pelo treinamento. Com a atividade, o corpo recebe uma informação para se adaptar, mas o consumo do álcool emite uma informação oposta, que acaba prevalecendo. 

Fígado: o álcool é metabolizado pela álcool desidrogenase, enzima que facilita a conversão do etanol em lipídeo, contribuindo para o acúmulo de gordura. Também produz mais insulina, o que pode aumentar casos de diabetes e hipoglicemia durante o exercício.

Coração: a maior liberação de adrenalina do corpo pelo consumo exagerado de álcool faz aumentar a frequência cardíaca durante a corrida, a pressão arterial e os riscos de infarto durante o treino.

Fontes: Diego Leite de Barros, fisiologista do esporte e diretor da DLB Assessoria Esportiva; Humberto Nicastro, nutricionista do esporte, e Gerson Leite, fisiologista do esporte, do Instituto Body4life