Kinesio Taping: manual de uso

Atualizado em 29 de abril de 2016
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Machucou, doeu, inflamou… Esses e outros incômodos musculares costumam atrapalhar bastante a vida de quem pratica esporte.  Já vimos aqui, que sentir dor não é normal para quem corre e que, quando ela aparece, exige tratamento e acompanhamento de um profissional. Porém, para não parar com os treinamentos, muitos corredores não dão importância aos sinais que o organismo emite e acabam tomando medidas por conta própria, na tentativa de amenizar as dores. Entre essas medidas está o uso do Kinesio Taping, que para alguns é apenas uma bandagem colorida em forma de fita, que vai aliviar a dor e o incômodo nos músculos. 

Acontece que esse tipo de tratamento é muito mais complexo do que a maioria imagina, podendo trazer grandes benefícios se usado de maneira adequada, ou prejuízos graves, caso seja utilizado de forma errada. “Kinesio Taping é um método com raciocínio e tomada de decisão clínica, que faz parte do rol das bandagens terapêuticas e tem como objetivo funções bem diferentes das bandagens comuns”, explica Thiago Vilella Lemos, especialista em acupuntura, fisioterapia esportiva e mestre em fisioterapia traumato-ortopédica.

Inventado pelo medico japonês, Kenzo Kase, durante a década de 1970, o Kinesio ficou famoso quando começou a ser usado por grandes atletas, de várias modalidades, em competições internacionais. Para a fisioterapeuta Bruna Romanelli, especialista em reeducação funcional da postura e do movimento, se for usada de maneira adequada, a fita promove ação neuromuscular e pode ser utilizada até mesmo para prevenir lesões. “Durante e após a prática esportiva, [a fita] pode ser utilizada com intuito terapêutico em lesões agudas ou crônicas, promovendo o recrutamento ou inibição muscular, correções posicionais articulares e posturais”, conta Romanelli.

O tratamento com Kinesio também pode combater os gestos esportivos. Segundo Lemos, são hábitos motores ou movimentos biomecânicos realizados durante a atividade física, que podem desenvolver uma memória neuromuscular negativa, com riscos de se tornar uma disfunção de controle motor. “Alguns exemplos clássicos de lesões e disfunções que podem surgir por conta desses gestos esportivos nos corredores são fascítes plantares, periostites (canelites), entorses de tornozelo, dores anteriores no joelho, dores lombares, entre outros”, conta o fisioterapeuta.

“A correção destes problemas por meio da Kinesio Taping é fantástica. Por ser um mecanismo que mantém o seu estímulo durante 72h ou mais, a capacidade de corrigir essas alterações de movimento fica muito mais fácil.” Ele lembra: “não podemos deixar de realizar os exercícios específicos prescritos pelo fisioterapeuta ou pelo professor de educação física”.

Para obter todos esses benefícios, é importante que o corredor procure um profissional capaz de indicar o melhor tratamento. Usar o Kinesio por conta própria pode trazer alguns problemas para a sua saúde e até mesmo agravar a lesão. “A aplicação incorreta e a utilização de materiais de baixa qualidade podem trazer ferimentos na pele, irritações, aumento da dor e até mesmo lesões cutâneas diversas. Portanto, procure um profissional com formação e conhecimento e exija uma bandagem de qualidade“, recomenda Lemos.

PRINCIPAIS DÚVIDAS                                                   

As funções mudam de acordo com a cor?

“Não existe nenhuma correlação da cor com a funcionalidade e nem com a capacidade técnica da fita. Tem quem diga que, inicialmente, as cores seguiam os conceitos da cromoterapia, mas após a popularização da técnica os fabricantes começaram a lançar novas cores e, atualmente, são apenas um fator estético”, conta Romanelli

Quando devemos usar?
“As melhores ocasiões para se recorrer a Kinesio Taping são em lesões musculares, tendinites, edemas, hematomas, disfunções de movimento, inflamações, algumas disfunções articulares e algumas aderências de fáscias e cicatrizes”, explica Lemos.

Quem não pode usar?
“Existem contraindicações para quem tem trombose venosa profunda, malignidade ativa (câncer), processos infecciosos, disfunções cardíacas ou renais graves”, diz o fisioterapeuta.

Quem pode usar?
“A Kinesio Taping pode ser aplicada em qualquer pessoa, atletas e indivíduos sedentários, crianças, adultos e idosos que não se encaixem no quadro de contraindicações absolutas”, diz Romanelli.