Maratona: 4 perguntas para Paulo Roberto

Atualizado em 29 de abril de 2016

Paulo Roberto de Almeida começou na corrida aos 16 anos em uma prova de 15 km. Antes de sair para a competição, ele nunca havia pensado na possibilidade de calçar os tênis para se dedicar às passadas. Tanto é que disputou sua primeira prova com os pés descalços, sem saber o real esforço que teria de fazer para cruzar a linha de chegada. “Fui levado pelo incentivo dos meus amigos e resolvi participar da prova sem nem me preparar. Corri de uma cidade à outra e depois fiquei uma semana sem conseguir colocar o pé no chão”, lembra o maratonista de 35 anos.

Hoje, Paulo tem um currículo invejável. Foi oitavo colocado nos Jogos Olímpicos Londres 2012, completando a distância em 2h12min17s. No mesmo ano, ele ainda teve outras boas marcas, como o terceiro lugar na Maratona de Pádova, e outra terceira posição, desta vez na Meia-Maratona de São Paulo. Ele ainda soma na carreira o sétimo lugar na Maratona de Barcelona (2011) e outra sétima colocação na maratona do Campeonato Mundial de Moscou (2013).

Sua preparação para as provas sempre são feitas fora do país. No começo do ano, por exemplo, ele foi um dos convocados pela Superintendência de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para treinar no Camping Internacional na cidade de Kunming, na China. Tudo ao lado de seu treinador Marco Antonio de Oliveira. “Meus treinos são muito puxados e por isso preciso estar totalmente focado, principalmente agora, que tenho como objetivo conseguir índice para disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.”

A seguir, o atleta fala como é a sua preparação para encarar, sem erros, uma maratona. Veja a entrevista:

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1. Como são os seus treinos para correr os 42 km?
Eu sempre fui “vagabundo” para treinar, até que resolvi fazer a minha primeira maratona, em 2012, quando, então, consegui índice para os Jogos Olímpicos de Londres. A sensação de fazer parte de um evento esportivo tão importante como esse causou uma mudança radical na minha vida e, a partir daí, passei a encarar a corrida como algo que poderia mudar o meu futuro. Hoje sou totalmente disciplinado. Faço treinos dos mais variados e sigo todas as orientações do meu técnico. Mas como faço maratonas em diversos cantos do mundo, sempre treino fora do Brasil para poder me ambientar e ter melhores resultados nas provas.

2. Como você programa a sua suplementação durante os 42 km?
Eu tenho uma programação específica para tomar o gel de carboidrato no melhor momento da corrida, para ter energia suficiente para completar bem a prova. Mas creio que o mais importante, principalmente para um atleta amador, é se hidratar muito bem. A água de coco, aliás, é uma ótima aliada do maratonista. Além de hidratar, ela repõe o sódio perdido com o suor e faz com que a recuperação seja facilitada. Essa é uma das minhas estratégias para estar sempre bem na prova.

3. Como você programa a sua recuperação pós-maratona?
Esse é um tipo de prova que exige muito do atleta, tanto durante a competição quanto nos treino. Por isso, depois da maratona, eu faço tudo o que tive que me privar durante o preparo para os 42 km. Eu descanso tudo o que preciso e faço apenas treinos leves para recuperar a musculatura. Como muito churrasco para confraternizar com os meus amigos e família, apesar de saber que não é nada indicado para quem corre. Mas preciso ser sincero: nesse tempo de recuperação eu não gosto nem de falar sobre corrida. Prefiro arejar a cabeça para depois voltar totalmente focado a minha rotina de treinos.

4. Quanto tempo antes da prova você amacia o tênis para correr?
Nunca corro com o tênis novinho. Por isso, prefiro sempre amaciar o calçado para a maratona com pelo menos um mês de antecedência da competição. Correr com um tênis que você não está acostumado é loucura. Por conta da fricção do pé com o calçado as chances de formarem bolhas ou da unha cair são grandes. Mesmo que você já tenha um tênis eleito como o seu favorito, não compre o modelo e vá direto para a corrida. Apesar de conhecer as características do calçado, ele precisa se adaptar ao formato dos seus pés para que você faça a maratona sem ter dor de cabeça.