Campeão olímpico de LPO dará cursos para crossfiteiros em SP

Atualizado em 13 de janeiro de 2017
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Rapidamente, a febre do crossfit tomou de assalto o Brasil. O número de boxes cresceu exponencialmente. Muitos trocaram a musculação pela modalidade e em pouco tempo se viram praticando, entre outras atividades, exercícios do levantamento de peso olímpico, o LPO.

O problema é que o LPO, modalidade tradicionalíssima introduzida nos Jogos Olímpicos da Era Moderna já em 1896, tem poucos praticantes no país. Falta conhecimento técnico no Brasil para que os exercícios sejam difundidos nos boxes de crossfit de maneira segura. O resultado é um número indesejado de lesões.

Na tentativa de suprimir essa lacuna, Celson Cunha, professor de Educação Física e praticante de LPO, traz para o Brasil um mestre dos mais gabaritados: o ucraniano Oleksiy Torokhtiy, ouro nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 na categoria pesado (até 105kg).

 

 

A procura foi grande. Em dois dias, esgotaram-se as 25 vagas oferecidas no primeiro curso, que será ministrado por Torokhtiy na Cia. Athletica do Brooklyn, na Rua Kansas, nos dias 21 e 22 de janeiro, das 9h às 18h. Não há vagas tampouco para o segundo e último curso desta viagem do ucraniano a São Paulo, no box CrossFit Itaim 2, nos dias 28 e 29, no mesmo horário.

“O curso terá pouca teoria, apenas o essencial, e muita prática”, afirma Cunha.

Cunha descobriu a modalidade apenas aos 21 anos de idade. Aos sábados, realizava seus treinos no Esporte Clube Pinheiros. “O pico de performance de um praticante de LPO ocorre aos 22 anos. O ideal é iniciar a prática por volta dos 12, 13 anos de idade”, diz o professor, hoje com 48 anos.

Após um período de afastamento do esporte, Cunha voltou a praticá-lo há cinco anos. Empolgado, fez cursos com Carlos Noriega, um engenheiro peruano radicado em São Paulo que foi oito vezes campeão em seu país.

Como a demanda pelo LPO cresceu, no contexto do crescimento do crossfit, Cunha transmite seus conhecimentos por meio de cursos no Core 360, empresa que capacita professores de educação física.

Aposentado após se consagrar com o ouro olímpico, Torokhtiy viaja o mundo oferecendo clínicas e divulga com frequência as atividades no Instagram. Seguidor do ucraniano, Cunha o contactou e viabilizou a empreitada de trazê-lo para o Brasil.

Cunha chegou a fazer um curso de duas semanas no Centro de Treinamento Olímpico de Kiev, em 2016. “Nada melhor do que ir à fonte, a grande escola de LPO difundida entre as antigas repúblicas soviéticas”.

Esse cabedal de conhecimento alterou profundamente o curso e o próprio treino de Cunha.

Entre os dois cursos, o ucraniano vai se entregar a um programa turístico e gastronômico elaborado por Cunha. Vai visitar o Centro de São Paulo, com direito a passeio pelo Mercadão, passará pela Liberdade, conhecerá uma escola de samba (a ser definida) e vai se refestelar numa churrascaria. “Minha mãe descende de árabes e italianos, e é excelente cozinheira. Vai preparar pra ele bacalhoada, feijoada e pratos árabes”, conta o cicerone do ucraniano.

Futuramente, Torokhtiy poderá voltar ao Brasil. Cunha acredita que haja forte demanda por cursos do consagrado atleta olímpico também no Rio. Os benefícios da modalidade são expressivos.

“O levantamento de peso oferece um nível de consciência corporal muito grande. É uma modalidade que é base para a prática de outras”.

No Esporte Clube Pinheiros, atletas do handebol e do vôlei costumam praticar LPO para incrementar a condição física. O próprio Cunha orientou treinamentos da seleção brasileira de rúgbi, durante o ciclo olímpico que se encerrou em 2016.

 

Aos poucos, Cunha aposta que o conhecimento do LPO no Brasil vai se difundir. Difusor dos conhecimentos que reúne, o professor de Educação Física baseia seus cursos em dois alicerces:

“Em primeiro lugar, quero deixar claro que todo o conteúdo é baseado em estudos científicos realizados em cima do LPO. Em segundo lugar, esclareço que, sem aprimoramento técnico, um iniciante vai progredir no LPO, no máximo, por 12 semanas e depois vai estagnar”.

O emprego dos movimentos nos ângulos corretos, com o uso de todas as alavancas necessárias, é uma arte que requer trabalho bem feito e embasado, segundo Cunha. A viagem de Torokhtiy é um passo nesse rumo.