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Especialistas ensinam a prevenir dores nas articulações no crossfit

Atualizado em 22 de maio de 2017

É provável que todo praticante de crossfit já tenha ouvido o mito de que crossfit causa mais lesões que outras modalidades. Por outro lado, também é provável que o adepto desse esporte já tenha sentido algum desconforto físico, sendo as dores nas articulações de joelhos, punhos e ombros as mais recorrentes nas reclamações.

Pensando nisso, o WOD News ouviu especialistas da saúde que argumentam que a prática em não é lesiva, mas, sim, a falta de preparo, seja ele físico (que envolve força e mobilidade) ou técnico (domínio do padrão de movimento). É aí que está o “segredo” da prevenção de lesões e dores nas articulações.

Ana Carolina Côrte, médica esportiva da seleção brasileira de ginástica, foi clara quanto à importância do preparo físico e técnico. “Um corpo preparado fisicamente – e aí falo de equilíbrio postural, de força e de amplitudes de movimento – associado a uma técnica do gesto adequada, pode ser submetido a cargas elevadas sem a presença de dor”.

O problema, segundo Ana Carolina, é que muitos movimentos do crossfit são totalmente novos para os atletas. É o que acontece com o levantamento olímpico, por exemplo.

“Para muitas pessoas, o gesto esportivo do levantamento olímpico é muito novo e completamente diferente de todos os outros exercícios. A posição do punho nas fases do LPO, o levantamento dos braços acima da cabeça e, ainda, a quantidade de saltos no crossfit proporcionam lesões no punho, ombro e joelhos, quando o praticante não executa corretamente o gesto esportivo”, comenta.

“Antes de colocar carga, é importante ensinar o movimento e apurá-lo. Assim, é possível reduzir a principal causa das lesões: o gesto esportivo errado”, complementa a médica.

Especialista em traumatologia e sócio da Aldeia CrossFit, Arivan Gomes lembra que não se deve dar atenção apenas para a força ou para as cargas elevadas na rotina de treinamentos. “Aperfeiçoar a mobilidade no crossfit assegura a plenitude de movimento, diminuindo possíveis sobrecargas por compensação nas articulações”.

 

 

Ana Carolina reforça a opinião de Arivan. “Só existe lesão por sobrecarga se houver desequilíbrio: seja ele de força, de amplitude de movimento articular ou postural. Assim, é fundamental que haja uma boa relação de força entre músculos agonistas e antagonistas, entre lados (direito e esquerdo),a simetria da amplitude articular entre ombros, joelhos e punhos e um equilíbrio postural”.

Por isso, é importante também estar atendo aos sintomas do corpo. “Dores nas articulações, limitação na amplitude do movimento e inchaço são os mais comuns. Caso o atleta apresente um dos sintomas, a primeira medida é interromper a atividade até que se investigue o motivo. O médico do esporte não é muito adepto a tirar o praticante da atividade sem a extrema necessidade, mas é importante que seja feito o diagnóstico para que um novo plano de treinamento seja traçado mesmo na presença de uma lesão”, adverte Ana Carolina.

O trabalho para o ganho de mobilidade pode ser feito tanto antes, quanto depois do treino. A médica da seleção brasileira de ginástica dá dicas de como trabalhar a valência.

“Trabalhos como mobilização articular antes de iniciar os treinos, trabalhos como alongamento e liberação miofascial no pós-treino, associados a massagem e crioterapia (aplicação de gelo), potencializam a recuperação e preparam o corpo para um novo estímulo de treino”.

A médica fala também da importância de ter um especialista da área da saúde e de tratamento no trabalho com o crossfit. “É importante principalmente para que os professores e praticantes entendam os fatores de risco para lesões e dores nas articulações e saibam como preveni-los. Com esse conhecimento, acredito que a prevenção deve fazer parte integrante do treino e, assim, não existe a necessidade de ser executada por um profissional de saúde, mas pelo professor”.