Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Não é fácil quebrar recordes mundiais, seja o esporte que for. Mais difícil ainda é arrasar, triturar, transformar em pó a marca que, naquele momento, é a melhor atingida na história do esporte. Aqui, falo do recorde mundial da maratona.
Em geral, o topo do mundo é conquistado depois de muito esforço, e a régua sobe muito pouco de cada vez – afinal, até aquele momento, a marca anterior tinha sido o paradigma da capacidade da humanidade.
Para que a quebra de recordo ocorra, é imprescindível que tudo esteja perfeito. Não basta o atleta estar bem treinado, supermegablasterpreparado, atento e antenado. O vento tem de ser perfeito, o clima precisa estar ótimo, os marcadores de ritmo não podem errar, a água deve ser fornecida nos momentos adequados, assim como a reposição energética e de eletrolíticos deve ser perfeita.
E o “Sobrenatural de Almeida”, como dizia Nélson Rodrigues, não pode dar as caras.
O sensacional etíope Kenenisa Bekele, dono de três ouros olímpicos e recordes mundiais em distâncias várias, aprendeu isso da pior maneira possível.
Vinha sendo anunciado e se anunciando como quebrador de recorde mundial da maratona em Dubai, prova realizada na última sexta-feira. O mundo estava de olho nele, que vem sendo apontado pelos especialistas como um dos sujeitos com potencial de não apenas quebrar o recorde mundial da maratona como também de buscar a sonhada marca de menos de duas horas nos 42 km.
Bueno, para encurtar a história, houve uma confusão no início, e o cara levou um tombo logo na largada. Acabou-se o que era doce. Adeus, recorde mundial da maratona.
O episódio é um bom gancho para refletirmos sobre o supracitado sonho de chegar o quanto antes, ainda nesta década, na chamada sub-2h, a maratona em menos de duas horas.
Impossível talvez não seja, mas, considerando a história da progressão da quebra de recordes na gloriosa distância de 42.195, é muito pouco provável que esse rompimento ocorra assim, de supetão.
O recorde mundial hoje, como você sabe, é de 2h02min57s, obra do queniano Dennis Kimetto na maratona de Berlim de 2014.
Para chegar à marca desejada – prometida por programas miliardários bancados por fabricantes de material esportivo -, será preciso, portanto, limar nada menos de dois minutos, cinquenta e sete segundos e mais alguns instantes fugazes da marca presente.
Isso NUNCA aconteceu na história, digamos, moderna da maratona, desde a segunda metade do século passado.
Registro da Associação de Maratonas Internacionais (AIMS) mostrando a progressão dos recordes desde que, pela primeira vez, o homem rompeu a marca das duas horas e vinte minutos, é evidência da dificuldade de cortar tempo da maratona aos borbotões.
A maior progressão já verificada nos últimos sessenta anos e trololó foi de DOIS MINUTOS E TRINTA E CINCO SEGUNDOS.
Essa sensacional redução ocorreu na maratona de Fukuoka, no Japão, em 1967, quando o australiano DEREK CLAYTON venceu a prova com a estupenda marca de 2h09min37, a primeira vez em que um ser humano fazia a maratona em menos de duas horas e dez minutos.
O cara era uma mosca branca, como se diz para identificar sujeitos absolutamente fora do padrão, mesmo do padrão dos melhores entre os melhores. O tempo que fez em Fukuoka foi mais de nove minutos melhor que o recorde pessoal de Clayton até então.
E o cara não ficou satisfeito: dois anos mais tarde, em Auérpia, na Bélgica, baixou o recorde mundial cravando então 2h08min34 – tempo que levou 12 anos para ser superado.
Mas o que nos interessa mais é a redução anterior, os tais DOIS MINUTOS E TRINTA E CINCO SEGUNDOS.
Isso foi o tanto que o australiano limou da marca que havia sido estabelecida nos Jogos Olímpico de Tóquio, em 1964, pelo etíope Abebe Bikila, um dos maiores ícones da história da maratona.
Desde então, a progressão das marcas tem sido bem mais modesta, como se pode ver no quadro produzido pela AIMS para mostrar o rompimento de barreiras de tempo (primeiro sub 2h20, primeiro maratonista sub-2h19 e assim por diante).
Quadro mostra as quebras de “barreiras temporais” da maratona
Baixar UM MINUTO leva tempo, exige que os maratonistas aprendam com as experiências de seus antecessores, exige que a técnica seja aprimorada, que os sistemas de recuperação de energia sejam aperfeiçoados…
Foram preciso ONZE ANOS, por exemplo, para que o recorde da maratona passasse de sub-2h07 para sub-2h06.
Depois, a progressão, minuto a minuto, foi mais rápida, mas, ainda assim, contada em vários anos: passar de sub-2h05 para sub-2h04 levou meia década, e se passaram seis anos entre a primeira marca sub-2h04 e a primeira sub-2h03 – a atual.
Então, devagar com o andor, que os corredores de maratona são de carne e osso.
Publicidade
Publicidade
Compartilhar Certificado
Salvar Pdf
Salvar Imagem
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie | Duration | Description |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.
Other uncategorized cookies are those that are being analyzed and have not been classified into a category as yet.