Projeto Curicica desperta novos talentos esportivos

Atualizado em 18 de abril de 2016
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Fundada na Escola Municipal Silveira Sampaio em Curicica, Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, o Projeto Curicica  começou de forma simples e pequena, com o objetivo de dar condições às crianças pobres da comunidade para terem melhores oportunidades no esporte e também  na vida.

O ativo.com conversou com um dos idealizadores do projeto, o professor de educação física e técnico dos atletas, Paulo Servo da Costa, que contou um pouco de como tudo começou, como funciona, como se sustenta o projeto e principalmente quais as metas e objetivos para o ano que vem , Olimpíadas de Londres 2012 e Rio 2016.

“Em 82 nós competíamos pela escola Silveira Sampaio nos jogos colegiais, onde éramos todos da comunidade, depois foram entrando mais algumas crianças e adolescentes e a coisa foi aumentando. Hoje trabalhamos com mais de 600 crianças e adolescentes e até alguns casos de adultos, como o experiente Leonidas, que é o mais velho a integrar o grupo, com 38 anos”, falou o técnico Paulo Servo ao ativo.com

O treinador que até então trabalhava como professor de educação física na escola da comunidade anunciou a aposentadoria em 2003 e, alguns dias após anunciá-la, foi chamado para coordenar o projeto, a fim de colocar o maior número de atletas possíveis nas delegações brasileiras.

“Nosso principal objetivo desde o início é a cidadania. Veja bem, estamos formando cidadãos e atletas e não apenas atletas de alta performance. Aqui a criança tem que estudar e mais do que isto, tem que ir bem na escola e apresentar um desempenho exemplar, senão não fica”, disse o técnico.

Paulo disse também que o projeto já colocou 16 atletas nas universidades dentro e fora do estado, todos com bolsa integral, e pretende aumentar ainda mais este número no ano que vem. Para ele este é o caminho para recuperar uma criança que até pouco tempo atrás não tinha oportunidade nenhuma.

Um exemplo disto é a velocista Bárbara Leôncio, campeã mundial juvenil  dos 200m rasos. “O projeto é praticamente os pais da Bárbara Leôncio, que nós consideramos uma das nossas filhas”, disse Paulo Servo. No projeto desde 2000, no qual foi revelada, a velocista de 19 anos Barbara Leôncio relata a importância do projeto em  sua vida.

“O mais importante disso tudo é a mudança que eu tive comigo mesma na minha cabeça. Eu comecei há 10 anos e com isso me ocupava fazendo esportes, sempre pensando em um dia estar em uma olimpíada e, com isso, não sobrava tempo para pensar em coisas ruins que costumam bater nas portas de pessoas  despreparadas”, falou ao ativo.com a velocista de 19 anos, que mora no bairro de Curicica.

Bárbara corre provas de 100 e 200m rasos e sofreu uma lesão no joelho esquerdo há quatro semanas. A atleta terá que fazer uma cirurgia que exigirá um mês de recuperação até voltar aos treinos, a fim de continuar pontuando nas provas seletivas para a olimpíada de Londres em 2012.

A atleta natural do Rio de janeiro, e que conta com os patrocínios da Olympikus, Oi, Caixa e BRF, terminou recentemente o ensino médio e agora se prepara para cursar uma faculdade no ano que vem. O curso escolhido? Bárbara afirma ainda estar decidindo.

Em 2011, o projeto tem como principais disputas no calendário os Jogos Olímpicos Militares, o Mundial de Atletismo na Coreia, o Campeonato Panamericano Juvenil de Miami, o mundial da França para adolescentes de até 17 anos e outras provas que pontuam para o ranking olímpico. Para o treinador, o trabalho está no caminho certo e conseguir bons índices e resultados só depende do tempo.

“Estamos no caminho certo, fizemos do Rio o campeão das olimpíadas colegiais, fomos campeões juvenil e hoje somos considerados a melhor equipe do país nas divisões de base. Nosso objetivo é colocar o maior número de atletas possíveis na delegação brasileira para disputar os jogos olímpicos de Londres em 2012”, falou o técnico.

O treinamento e a preparação da equipe são realizados na pista de atletismo do Mato Alto, que fica bem próximo à comunidade, na zona oeste do Rio, e a parte de academia, como a musculação, é realizada dentro das dependências da escola. A praia também é utilizada pelo grupo para os treinamentos de força, como correr em areia fofa.

Quando questionado sobre os ciclos e periodizações destes treinamentos, Paulo contou que costuma dividir o trabalho em três blocos: “Começamos sempre com um trabalho de resistência muscular localizada, trabalho com peso, etc. Na segunda parte começamos um trabalho de força na praia e na fase seguinte entramos na parte específica de competição”, falou Paulo Servo ao ativo.com.
O projeto é mantido através da ajuda de empresas como a Olympikus,BRF, Klabin e Instituto Kinder e ainda busca mais parcerias para 2011.

“Ainda somos uma equipe pequena, temos dinheiro para sobreviver e trabalhar”, ressaltou Paulo Servo que aguarda negociação de possíveis novos patrocinadores.

Para Claudio Risco, gerente de relações esportivas da Olympikus, uma das investidoras do projeto desde 2005, a importância do trabalho feito é grande. “O projeto é muito importante e vem crescendo ao longo dos anos. Isso que já revelou a Bárbara, que pode estourar a qualquer momento e com certeza deverão surgir novos talentos para Londres 2012 e Rio em 2016”, falou Risco ao ativo.com.

É possível ver o grupo em treinamento nas ruas, parques e praças de Jacarepaguá e pelas praias do Rio de Janeiro, sempre no período da tarde.