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“Você nunca fará nada neste mundo sem coragem. É a maior qualidade da mente ao lado da honra.” – Aristóteles.
Desde que comecei a “correr aventura” há uma questão controversa. Treinadores, atletas, organizadores, jornalistas e pessoas que acompanham o esporte não conseguiram ainda construir um consenso sobre que tipo de característica individual é mais importante para um atleta poder contribuir para fazer sua equipe vencedora.
Esta discussão é provavelmente alimentada pela complexidade do esporte. As pessoas que competem precisam possuir diversas qualidades básicas:
* Capacidade aeróbica para enfrentar horas ou dias de esforço;
* Capacidade anaeróbica para esforços intensos;
* Estrutura muscular e óssea preparada para suportar abusos;
* Capacidade de recuperação para aproveitar a mudança de disciplina para recuperar músculos cansados;
* Capacidade de se alimentar adequadamente sob esforço,
* Habilidades em diversos esportes;
* Tolerância à falta de sono;
* Resistência psicológica para suportar horas de dor, desconforto extremo, situações de risco e de incerteza;
* Saber administrar seus “sinais vitais”: balanço hidro-eletrolítico, balanço energético, digestão, temperatura corporal, estado de consciência, avaliar a gravidade de lesões, etc…
* Saber se organizar para a prova: horários, equipamentos, alimentos.
* Ter capacidade de improvisação; saber “se virar”.
* Saber administrar seu relacionamento com os companheiros de equipe.
Pode haver outras qualidades que não citei, mas esta relação já dá uma idéia de como é ampla a lista que temos que consultar para escolher o que é mais importante para ser um atleta de uma equipe vencedora. O fato que uma resposta definitiva é difícil – se não impossível – não impede que discutir o assunto possa contribuir para um melhor desempenho das equipes e para uma experiência pessoal mais rica e completa nas provas.
Para simplificar um pouco a discussão, estou deixando a questão da navegação para outra oportunidade. É óbvio que um bom navegador é o ativo mais valioso de uma equipe. Esta, porém, é uma qualidade que tende a ficar restrita a uma ou duas pessoas da equipe e está ligada a uma função específica dentro do grupo.
Há também outras funções na equipe – como cuidar da logística da prova, procurar patrocínio, administrar o caixa, estruturar o treinamento – que devem ser desempenhadas por algum dos componentes ou por terceiros. São todas funções importantes, mas que não serão nosso foco. A proposta deste artigo é analisar as qualidades genéricas individuais de um atleta de corridas de aventura, independente de sua função específica dentro da equipe.
Voltando à nossa relação, é possível perceber que há fatores atléticos e fatores intelectuais em jogo. Resistência física, força e capacidade de recuperação são tipicamente qualidades fisiológicas. Todas as outras, porém, têm alguma relação com a capacidade intelectual. Sem nenhuma pretensão de ser um estudo científico, procurei montar a lista em ordem decrescente de importância de fatores fisiológicos, e crescente de fatores intelectuais, com base em minha experiência e nas opiniões de pessoas ligadas ao esporte.
Antes de procurar a qualidade mais importante nesta relação, é interessante fazer uma observação. Todas as qualidades listadas têm uma importância significativa para o bom desempenho de um atleta de corrida de aventura. A falta de uma delas compromete seriamente o desempenho do atleta, por melhor que ele seja nas outras.
Exemplos não faltam: há vários casos conhecidos de super-atletas, isto é, pessoas com elevada capacidade fisiológica, que não conseguem obter bons resultados em corridas de aventura. Da mesma forma, há vários casos conhecidos de pessoas experientes, organizadas e inteligentes que também não conseguem ter bom desempenho em competições.
Se aceitarmos esta colocação, podemos argumentar que é mais importante possuir um pouco de todas as qualidades listadas do que muito de apenas parte delas. Corridas de aventura são um caso extremo de esporte multidisciplinar. Esta extrema multidisciplinaridade é o que, provavelmente, tem criado toda a controvérsia em torno das qualidades mais importantes para os atletas.
Portanto, até aqui, podemos concluir que o atleta de aventura precisa ter, adequadamente desenvolvidas, todas as qualidades da relação, e talvez algumas que foram esquecidas. Mas isto não ajuda muito: quem consegue treinar e se desenvolver em tantos aspectos, tão diferentes? Talvez, através desta pergunta, podemos achar a resposta que procuramos.
Já que não é crucial ser o melhor em qualquer uma das qualidades listadas, o fator genético perde boa parte de sua importância. Eu considero, inclusive, que esta é uma da melhores características de nosso esporte: estamos livres da tirania dos genes e nosso desempenho depende de nossa vontade. Todas as qualidades podem, em maior ou menor grau, ser desenvolvidas através de treinamento. O maior fator limitador que enfrentamos, portanto, é o tempo.
Para administrar a limitação do tempo, pode-se atuar em duas frentes: dedicar mais tempo ao treinamento e tirar o máximo deste treinamento. A questão da dedicação está muito ligada ao próprio estilo de vida do atleta. Uma pessoa que define suas prioridades em função do esporte, da saúde e do contato com a natureza acaba dedicando naturalmente mais tempo para atividades que melhoram seu desempenho em corridas de aventura.
Mais importante, porém, é conseguir extrair o máximo deste tempo. Mesmo o mais dedicado atleta não vai longe, em corridas de aventura, se não tiver a capacidade, ou melhor, a coragem, de aprender. É isto: para dominar a multidisciplinaridade do nosso esporte, temos de estar dispostos e ansiosos para aprender, para conhecer melhor a nós mesmos e para conhecer melhor o ambiente que nos cerca. O atleta ideal de aventura tem uma necessidade ilimitada de viver novas experiências – saudáveis é bom esclarecer – com o objetivo de saber mais sobre si mesmo, sobre o mundo, enfim, sobre a vida.
O atleta ideal de aventura também não fica passivo diante destas descobertas: tem a capacidade de entender o que estas experiências lhe proporcionaram e, com isto, mudar, se adaptar, escolher os melhores caminhos entre os que ele mesmo cria e os que lhe são oferecidos neste processo de exploração. O que é incrível, é que uma corrida de aventura condensa todo este processo em algumas poucas horas ou dias.
Pois é. Se fosse fácil, não teria graça.
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