Anticoncepcional & corrida de rua

Atualizado em 20 de setembro de 2016

Por Carolina Botelho

Dar atenção à variação hormonal que pode ocorrer no seu corpo durante o mês é uma forma de manter o desempenho. Afinal, as mudanças podem influenciar da rotina à corrida. O que dizer então do binômio anticoncepcional & corrida?

Anticoncepcionais de uso contínuo e/ou de 21 dias interrompem essa variação hormonal brusca e ajudam o corpo da mulher a ter mais regularidades nos treinos? Anticoncepcional na corrida atrapalha os treinos? Quais são os recomendados para quem corre?

Essas são as perguntas que as mulheres se fazem e nunca estão certas da resposta. Mas é normal, porque a ação dos anticoncepcionais é muito variada e depende de cada organismo.

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icon texto_menorANTICONCEPCIONAIS: ALIADOS DAS CORREDORAS

“Uma boa opção para corredoras de alta performance seriam métodos que interrompem o sangramento, como o DIU de progesterona, para evitar a anemia do atleta”, recomenda Adriana Pessôa. Para conseguir usar a variação hormonal para treinar melhor ou até quebrar recordes pessoais, é preciso ter um ciclo muito regular ou contar com acompanhamento médico (ginecologista) para controlar a menstruação com remédios anticoncepcionais.

Vale ainda dividir as corredoras em dois tipos: as que treinam para uma competição específica (elite ou amadora) e as que treinam para melhor qualidade de vida e saúde. As primeiras precisam ter cuidado ao usar os remédios, em função de doping ou mesmo do desempenho dos treinos. Já as segundas têm mais tranquilidade de equilibrar o ciclo, mas precisam ter cuidado, pois o uso do anticoncepcional pode levar à retenção de líquido e ao consequente ganho de peso. “Se conseguir ter isso acertado e encaixado nos treinos, é só definir o ciclo e períodos certos de treinos para poder buscar os recordes pessoais”, comenta David Obata.

Altos e baixos

Dentro do ciclo, vão existir dias em que treinar parece um sacrifício. “Normalmente, uma das principais queixas femininas é a falta de energia ou de estarem mais fracas no treino durante o período menstrual. Além, é claro, de desconfortos que acabam impossibilitando qualquer atividade fisíca”, diz David Obata, treinador Personal Life Assessoria Esportiva. “Se for o caso, é melhor simplesmente pular o dia de treino”, completa o professor. E quem é mulher sabe: não é fácil lidar com esses altos e baixos hormonais em vários aspectos da vida. Mas entender o que ocorre no seu corpo te ajuda a se preparar para enfrentar cada uma das fases do mês e tirar o melhor proveito delas, pelo menos quando a ordem é correr. “Adequar a planilha ao ciclo pode ser uma solução para não sofrer tanto com a corrida”, diz David.

Dia a dia do hormônio da mulher

O ciclo hormonal é dividido em três fases. A primeira, chamada de folicular, é a em que os níveis estrogênicos estão mais altos; a segunda, chamada de ovulatória, com duração de dois a três dias, é marcada pela rápida subido do hormônio luteinizante e queda do estrogênio; e a terceira é a fase lútea, caracterizada pelo aumento da progesterona, que segue até a menstruação. “Próximo à fase ovulatória, as corredoras podem sentir maior desconforto, principalmente fisgadas no baixo do ventre, decorrentes a presença de folículo no ovário. E, na se lútea, a progesterona é responsável por causar o relaxamento de musculatura lisa, podendo provocar relaxamento dos vasos sanguíneos e aumento de edema tecidual”, comenta.

Taca-lhe pau

A hora de apostar em treinos de tiro é a primeira fase do ciclo menstrual. “O estrogênio não causa nenhuma perda de performance, nem indisposição. Esta é, inclusive, a melhor fase para correr”, diz Maria Cecília.

Logo após esse aumento de estrogênio, acontece a liberação da noradrenalina, uma das monoaminas (como seratonina, dopamina e adrenalina) que mais influenciam o humor, ansiedade, o sono e a alimentação, além de melhorar a motivação e desempenho. “A noradrenalina aumento o desempenho do atleta, principalmente para os tiros e corridas de curta distância”, sentencia a especialista.

(Trecho retirado da matéria publicada na Revista O2, edição 140, de Dezembro, de 2014)